- Capítulo 6 - Família. -

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Eu estava a caminho da cidade, o castelo era afastado o suficiente para já ser 13:00 e eu ainda estava na metade do caminho, que lugar ótimo para se assassinar alguém. O trânsito não coopera e várias vezes eu tinha que parar por engarrafamento ou simplesmente alguém ter que passar com seu rebanho pela estrada. Eu estava tão impaciente que se fosse possível eu faria aquele carro voar e iria direto para meu destino. As 13:50 eu estava à uns 30 minutos da cidade, a playlist que tocava no rádio já havia mudado drasticamente, agora tocava Evil Eye do Franz Ferdinand, não diminui o ritmo e rumei para chegar logo lá. 14:20 em ponto eu estava na cidade, carros e pessoas para todo lado, lojas chamativas, todo o tipo de situação ocorrendo na rua, como era bom estar ali de novo, aquele castelo isolado me trazia um sentimento muito mas muito ruim MESMO. A casa deles era onde mesmo?.... noroeste da prefeitura, ISSO , obrigado voz da minha cabeça que me lembrou. Dobrei algumas ruas e passei por um quarteirão antes de chegar na prefeitura, que fui para o noroeste desta, que me levou a uma estrada de terra que dava visão para uma montanha enorme, a casa ficava no alto do cume, e havia uma plaquinha para a subida do lugar, nela estava escrito "Rooseboom's Resort". Como diabos uma casa numa montanha era um resort? Isso era o que se passava pela minha mente enquanto eu era obrigado a engatar a segunda pro meu Spyker C8 verde musgo aguentar subir aquela estrada, ele definitivamente não era carro pra aquilo. Assim que cheguei no topo eram 14:25 e assim assim vi a casa e entendi o "Resort", a casa era grande e tinha um jardim de estátuas de mármore, tive uma visão prévia da piscina que se encontrava atrás da casa quando estacionei o carro, desliguei o rádio no meio de Scary Monsters (And Super Creeps) - David Bowie, e isso doeu no meu coração, mas eu poderia ouvir ela depois. Notei uma Van num tom prata estacionada na frente do lugar, era uma família grande até mas uma Van? Meio exagerado em minha percepção, mas quem sou eu pra cuidar da vida dos outros? Isso mesmo, ninguém.
Caminhei até a entrada e bati na porta, assim ouvi passos de um salto vindo até mim, então se prosseguiu tal diálogo:

Início da conversa: 14:35

— Lennon detetive responsável pela investigação que ocorreu no castelo.

Uma mulher alta com seus 1,80 (contando com o salto) abriu a porta, ela tinha longos cabelos negros e usava roupas chiques,  mal consigo explicar o que ela usava por estar cheia de adereços mas ela usava um vestido azul bastante chamativo, de toda maneira sua característica mais chamativa era seu claro vitiligo, e eu posso dizer que aquele salto me incomodava, ainda mais por ter certeza que sem eles eu seria mais alto que ela. — Lennon? Ah mas é claro, você é o tal detetive que mandou a gente vir pra cá pra poder investigar o castelo, me chamo Heidi Rooseboom, a herdeira legítima de tudo.

Assenti com a cabeça observando ela estender a mão como se fosse realmente uma realeza, eu não queria, mas deixei um selar na parte de trás da mão dela. Pude ver ela sorrir tentando parecer superior e me dando passagem pra entrar.

— Obrigado... pela hospitalidade. — Entrei reparando no interior do resort, era propriedade de gente com dinheiro, então tinha uma decoração exótica, algo que eu jamais imaginaria ter ou ver numa casa de alguém com minha condição monetária.

Quando menos percebi ela fechou a porta e se pôs  na sala do lugar gritando. — VANDER, AIDEN e ANTONIE DESÇAM JÁ AQUI.

O grito dela me deixou agoniado mas ela estava fazendo o que eu precisava, estava chamando todos que eu precisaria interrogar pra sala. O marido dela Vander foi o primeiro a chegar, era um homem negro alto e bem forte, de todas as maneiras ele era grande, poderia facilmente quebrar alguém, sem querer ofender, que usava um terno bastante elegante, mas numa cor que feria todas as temporadas de Esquadrão da moda, (era um verde musgo) ele detinha um corte de cabelo dread que era preto, só não tão preto quanto os sapatos engraxados dele. Ele chegou perto e estendeu a mão pra mim, onde só a apertei e disse meu nome mais uma vez, e nossa, que aperto forte, mas sua expressão neutra mudou completamente quando me viu, algo como se estivesse desconfortável.

Após uns 5 minutos vieram Aiden e seu irmão Antonie os dois vieram discutindo como se tivessem prestes a brigar, mas a Rooseboom mais velha não deixou eles abrirem mais a boca, deixando os dois intimidados só pelo olhar. Quietos agora eu podia ver melhor os dois, não tinha descrito antes, mas os Rooseboom são todos uma família que sofre de Vitiligo, a Heidi escondia a maioria com as vestes e maquiagem, e a genética levou isso pros irmãos ali, onde um deles tinham várias das manchas aparentes enquanto o outro tinha elas escondidas também.

Os irmãos lado a lado pareciam uma mistura que não poderia acontecer de jeito nenhum, um deles parecia um filme dos anos 70, roupas sem vida e não parecia querer dizer mais nenhuma palavra, o outro era todo colorido quase como um arco-íris e tinha cara de quem diria todas as longas metragens famosas que ele gosta em poucos minutos.

— Prazer, Aiden.

— Prazer, Antonie.

— O prazer é meu, agora que estão todos aqui gostaria de perguntar sobre a garota que foi assassinada.

— Ah sim, sinto muito por ela realmente.... — Heidi respondeu com uma feição triste virando o rosto pro lado.

— Igualmente. — Os irmãos responderam em uníssono.

— Uma pena que tal atrocidade tenha acometido à ela. — Vander que estava quieto até agora disse.

Todos realmente pareciam tristes com aquilo, não sei dizer o quão abalados, mas era como se ela tivesse sido alguém pra eles.

— Tenho os dados da garota que foram me mandados pela central, o nome Beatrix Beckker é familiar? Parece que tinha mais um sobrenome mas não não acharam na ficha dela.  — Falei enquanto olhava meu celular.

—Nunca ouvi falar... — Vander respondeu.

— Hm... o nome quase não me é estranho... — Heidi se questionava sobre ao ter ouvido o nome proferido.

— Aposto que devia ser alguém metida, só por esse nome... — Antonie fez uma cara de nojo.

— Respeite os mortos, seu trouxa — Aiden deu um soco no irmão logo em seguida.

O sobrenome me trouxe umas lembranças, mas ignorei. O meu foco era apenas a investigação, e junto disso resolver o caso.

— Deixa eu entender, nenhum de vocês conhece realmente a garota, como explicam ela no castelo de vocês?

— Não estávamos por aqui, como saberíamos? — A matriarca da família disse revirando os olhos.

— Isso claramente tem envolvimento com os próprios funcionários. — O marido dela comentou com bastante certeza.

— Eu interroguei todos e nenhum deles conhecia a garota, não enquanto ela não tinha nome, então provavelmente vou precisar voltar lá.

— Que você faça sim, queremos voltar pro nosso lar logo. — Exclamou Heidi com a mão na cabeça.

— Todas as nossas coisas estão no castelo, precisamos de lá. — Os irmãos responderam juntos.

— Claro, vou resolver o mais rápido possível, antes de ir embora, Sr.Vander, poderia me mostrar a casa? Achei encantadora.

— Hm... claro, vamos, por que não?

O homem alto e forte saiu andando e Lennon o acompanhou prontamente, indo pro jardim da casa, que dava vista pra cidade lá embaixo, seria uma paisagem bonita, que logo foi quebrada pro ruivo apontando uma pistola por debaixo do sobretudo pro maior. — Você é péssimo escondendo seus crimes.

Sangue Escaldante Where stories live. Discover now