—Está doendo muito, amorzinho? -ele insiste aproximando as mãos das minhas.
Eu apenas nego com a cabeça.
Sinceramente, não estou com o espírito adequado para conversar o que quer que seja com ele. Que tipo de namorada medíocre eu sou? Ao invés de estar passando um tempo com ele, aproveitando que estávamos longe dos holofotes e até que temos um quarto só para nós, eu apenas me meto em uma imensa confusão.
—Ainda está assustada com o que aconteceu, não é mesmo? -ele pergunta ainda com aquele mesmo tom paternal que faz eu me sentir ainda mais envergonhada. —Eu não a julgo. Eu também teria me desmontado na mesma hora feito um daqueles bonecos de lego. Ainda mais depois de eu ter falado sobre loucos canibais e tudo. Isso deve ter fervilhado a imaginação de vocês.
Era pra ser uma das suas famosas piadas? Eu o encaro e ao invés de ver ali um piadista, eu vejo o seu olhar solidário e ansioso para descobrir o que fazer para me ajudar.
—Eu sou uma péssima pessoa. -eu murmuro e por mais que desejasse a sua concordância, não tenho forças para expor para ele os meus argumentos, explicar-lhe como cheguei a essa conclusão.
—Quem te disse isso? -suas mãos vão das minhas mãos até meus ombros. —Ninguém a está culpando por nada do que aconteceu. Foi só um deplorável incidente. Por favor, não se martirize por algo que você não causou.
—Como não causei? -eu rebato após um suspiro de frustração. —Eu estou me sentindo tão... tão...
—Tão... -ele me incentiva a terminar a frase, mas não consigo.
Não dá para falar que se aquela fosse uma situação real, a esta altura o Jungkook poderia estar morto. E tudo porque ele voltou para me salvar porque a idiota aqui não conseguiu correr mais que meio metro de distância.
—Oppa, você não se incomoda por namorar comigo? -eu pergunto ao invés e vejo seus olhos se arregalarem.
—E porque me incomodaria? Alguém te disse alguma coisa? -seu tom deixa de ser carinhoso e fica aflito. —Se alguém falou, saiba que...
—Ninguém disse nada. -eu o interrompo um pouco receosa por me abrir e ele achar que tudo o que estou dizendo é besteira. —É que... eu estive pensando... primeiro eu me mutilei toda lá em Seul... tentei suicídio, tive que passar um tempão fazendo terapia... quase não vinha com vocês para a turnê... depois eu tive aquela recaída porque forcei meus pulsos além da conta... E agora quando eu penso que as coisas iam melhorar... acontece isso. Olha só para mim... eu tive uma crise de pânico no meio de uma floresta escura quando um monte de caras estavam nos perseguindo. O Jungkook tentou distraí-los para que eu corresse para onde vocês e os alertasse, mas quem disse que eu consegui? Eu falhei miseravelmente em tudo o que me dispus a fazer, quase nunca posso ajudar vocês em nada e agora... como é que eu vou encarar a todo mundo depois dessa?
—Vai encará-los de cabeça erguida como sempre faz. -ele aproximou o polegar do meu queixo e levantou o meu rosto para que eu o encarasse. —Nenhum de nós tem metade da sua coragem e nem uma fatia da sua força. Meu amor, todos nós nos orgulhamos de você e de como cuidou do nosso maknae.
—Mas eu sou uma inútil! Não cuidei dele como deveria! -eu exclamo um pouco alto demais e a minha voz ressoa através das paredes do quarto criando algum eco.
—Não diga isso! -o Jin me puxa para mais perto e me abraça apertado. —Se você é inútil, o que eu sou? Como eu vou me sentir se você é o meu pujok? É você o meu talismã da sorte, que faz eu me sentir mais confiante cada vez que subo no palco, que falo para as câmeras, que canto para multidões. Você não entende que por mais que diga que se sente inútil, mais eu vou discordar de você? Se quiser chorar, pode chorar. Se quiser ficar zangada e brigar, pode brigar. Eu sei o quanto está se sentindo frustrada e decepcionada com tudo o que aconteceu, mas eu ainda estou aqui por você. Eu sempre estarei, não importa o quê.
Wait for me
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