Save me neighbor with a little sugar?

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Todos os perdedores no mundo
Haverá um dia em que perderemos
Mas não é hoje
Hoje, nós lutamos
Not Today-BTS




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pdv Rayane


Quem nunca tentou dormir às vésperas do lançamento de um MV temendo perder a hora e, quando enfim acordar, perceber-se totalmente atrasada, que atire a primeira pedra. Não havia um MV a ser lançado, mas eu não consegui dormir direito do mesmo jeito. Na verdade, antes que o alarme tocasse eu já estava de pé. Ainda faltava muito para as oito, então eu suspeitava que até lá eu já teria surtado geral, então o melhor que podia fazer era levantar e deixar o apê todo em ordem para quando o Luizy chegasse, afinal, eu não queria que o meu mano pensasse que eu não estava no controle da situação.

Banho tomado, roupa vestida e o café da manhã do meu príncipe já arrumado para quando acordasse além de uma série de outras pequenas tarefas para que o Luizy não se sentisse perdido... eu não queria me sentir perdida.

Enquanto escolhia a roupa que usaria na minha entrevista me peguei lembrando de quando eu fazia isso no Brasil, quero dizer, quando eu tinha permissão para ter um emprego, lembrei da minha playlist do Cristiano Araújo e comecei a cantar:

—Se você quiser, a gente casa ou namora, a gente fica ou enrola. O que eu mais que é que você me queira...

Era tão bom poder cantar em voz alta novamente alguma coisa que eu gostava sem ter ninguém para me mandar calar a boca porque boas esposas não cantam músicas assim, muito menos moças de família.

Mas aí a campainha tocou me fazendo lembrar que eu não estou sozinha neste mundo, neste país e, por incrível que pareça, neste prédio. Eu até cheguei a pensar que era a única moradora por aqui. Tirando o Luizy, até o momento, eu nunca tinha visto ou percebido a presença de nenhum outro morador por aqui. Até agora.

Era um rapaz de pele bronzeada usando uma máscara, cabelos macios tingidos de um... rosa arroxeado ou roxo rosado, não sei bem que tonalidade era aquela.

—Annyeong-haseyo! –eu disse. —Posso ajudá-lo?

Por um momento, ele ficou me encarando como se tentasse se lembrar porque estava batendo na minha porta às sete da manhã.

—V-você não... é... teria um pouco de... açúcar para me emprestar?

Por que as pessoas pedem certas coisas emprestadas se sabemos que seria indelicado devolvê-las? Isso era bem a cara de uma amiga minha da escola com sua mania de "Ray, me empresta uma folha do seu caderno!", como se eu pudesse cobrá-la depois. Eu também não tinha a intenção de emprestar açúcar. É o tipo de coisa que você simplesmente dá e deixa para lá.

—Entre, eu te arranjo uma xícara. –eu lhe falo sem me incomodar pelo fato de ele não ter se dado ao trabalho de tirar a máscara, devia estar resfriado, o coitadinho. —Sei bem como é ficar sem açúcar ou coisas do tipo.

Quando voltei acabei flagrando-o com um dos meus porta-retratos nas mãos. Aquele com a foto do Marquinhos.

—Me desculpe, eu não quis ser bisbilhoteiro... Uma criança tão bonita, é seu filho? — perguntou e eu abri um sorriso, entregando-lhe a xícara.

...Where stories live. Discover now