Ergui meus bracos quase como se eu estivesse dizendo que era a dona de Londres e por um instante eu poderia cogitar essa ideia.

— Espere... — Ao tocar o porta-malas a voz de Trevor alcançou meus ouvidos.

Mas sequer me atentei ao seu chamado, quando a abri e estava prestes a colocar a bolsa lá dentro, meus olhos se arregalaram e minhas mãos cobriram meus ouvidos com o susto.

Um grito ensurdecedor me deixou desnorteada ao ponto de me fazer cambalear. E em um reflexo fechei a porta com tudo levando a minha mão até meu coração. Curvei minha coluna tentando controlar minha respiração enquanto via Trevor vir ate mim com os lábios comprimidos contendo uma risada.

— Que merda é essa? — O berro de Loiry alcançou meus ouvidos me fazendo olhá-la tão assustada como eu.

Me afastei dando alguns passos para trás e Bugsy voltou a abrir o porta-malas, mas diferente de segundos antes, o sorriso não estava mais em seus lábios.

— Saia! — De uma forma ríspida e sem paciência alguma ele disse. — Eu mandei você sair!

E como se pegasse um saco de batatas, ele tirou Grecov de dentro do carro jogando-o com tudo. O velho não parava de gritar, um segundo sequer, adentrando quase o mais profundo do meu cérebro.

Não só as mãos, mas o corpo todo do ancião tremia incontrolavelmente. Se não o tivesse visto caçar, aterrorizar e torturar aquela mulher no vídeo, poderia sentir pena da sua condição débil. Os olhos cor de avelã, opacos e vidrados, a baba escorrendo pelo queixo se misturando as lágrimas que desciam pelo seu rosto pálido e aterrorizado eram o perfeito retrato da derrota.

— P-p-por... f-f-favor... —  jogado no chão como um pedaço de trapo o homem implorava com os olhos correndo entre os rostos.

O riso de Bugsy parecia algo a beira da loucura enquanto observava a cena, enquanto Loiry olhava do pai para o filho com desespero, Draven e Noah encaravam aquele pedaço de lixo com desprezo e curiosidade respectivamente.

E eu? Ainda tentava entender qual a intenção do meu marido com aquele ato. Vingança? Torçi os lábios em uma careta sabendo que por mais satisfatório que fosse descer ao nível do velho e fazer com ele o mesmo que ele se divertia fazendo naquelas caçadas, ele não teria consciência suficiente para entender qualquer castigo imposto.

— O-o q...que está acontecendo? — soltou a pergunta engasgada enquanto seus músculos quase mumificados cediam sob seu peso morto ao tentar erguer o rosto do chão.

Bugsy se agachou a sua frente e com a mão fechada em punho sobre a boca, gargalhou alto.

— Iiih o Boss surtou. — Aiken parecia indeciso entre rir da situação e ficar preocupado.

— Cara vamos deixar o velho aqui, nem vale a pena, olha o estado dele. — Hunter deu um passo a frente agindo como a voz da razão como sempre — Irmão ele tá quase se mijando mas calças.

Com os cotovelos sobre os joelhos ele observava o pai com um olhar vidrado e insano.

— Cala a boca Hunter. — O hacker olhou para mim com espanto e por mais que eu também estivesse em cima do muro diante da situação, ainda respaldaria aquele com quem havia trocado votos a pouco tempo.

Erguendo as mãos, com os olhos azuis sobre mim, ele deu um passo para trás.

— Alguém me ajude, por favor, o que está acontecendo? Onde eu estou?

— Ah que gracinha, ele quer saber o que está acontecendo. — erguendo o corpo ele chutou a mão sobre a qual o pai se apoiava derrubando-o novamente no chão e suas gargalhadas cessaram. — Levanta velhote e para de drama, essa encenação de múmia recém exumada pode colar com o bunda mole do meu irmão, mas eu sei que você tem saúde pra correr uma maratona.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZWhere stories live. Discover now