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Manuela

Desço o morro com presa enquanto Larissa vem atrás de mim praticamente correndo.

Um dos vapores me disse que levaram a mulher pra uma das bocas aqui em baixo.

Lari: Manu espera, tu não pode sair correndo assim. Vai que é uma cilada ou algo do tipo?

Lari me alcança e começa a me acompanhar.

Manu: Será que é mesmo minha tia? E se for porque disseram que ela está ensanguentada? Será que ela está ferida?

Chego na boca e os vapores me mostram o caminho até a sala onde está a tal mulher. Abro a porta e entro com a Lari atrás de mim sussurrando.

Lari: Não esquece que é da mulher que te expulsou de casa te deixando na rua e sozinha com um bebê na barriga Manuela.

Manu: Eu sei, mas se for ela...

Paro de falar assim que vejo um sentada no sofá a figura de uma mulher com as roupas rasgadas e com sangue seco pelo corpo todo. Seus cabelos bagunçados como se não lavasse a semanas.

Eu reconheceria aquela silhueta em qualquer lugar nesse mundo.

Minha tia Inês se vira ao ouvir os vapores me comprimento e vem ao meu encontro com um sorriso estranho no rosto.

Manu: Tia?

Inês: Ah minha filha eu sabia que te encontraria aqui. Que saudades que eu tenho de você minha menina.

Antes dela encostar em mim Larissa entra na frente impedindo a aproximação dela.

Lari: Acho que tu deve ter levado uma surra de madeira direto na cabeça, não é sua vagabunda? Só pode pra tá se esquecendo que tu mandou a menina grávida sem ter pra onde ir direto pro olho da rua com uma mão na frente e outra atrás.

Manu: Calma Lari, não precisa me defender, posso lidar com a Inês amiga. Pode nos deixar sozinhas para conversarmos por favor?

Lari: Mas Manu ela...

Manu: Eu sei amiga, te agradeço por cuidar de mim sempre. Fico feliz por ter você comigo minha irmã.

Lari me olha com o semblante preocupado mas eu tento passar confiança em meu olhar para ela.

Mesmo contrariada minha amiga sai me deixando a sós com a mulher que deveria ter sido minha família e ficado ao meu lado quando mais precisei de alguém.

X: Aí patroa quer eu um de nós fiquemos aqui?

Um vapor pergunta e eu nego com a cabeça.

Manu: Não precisa, pode ir.

X: Já é, vou estar aqui do lado precisando é só me chamar.

O rapaz sai e fecha a porta atrás de nós.

Minha tia me olha com os olhos brilhantes e surpresa.

Inês: Então é verdade que tu é a primeira dama dessa favela mesmo?

Manu: Desde quando tu sabe os nomes que dão pra alguém aqui dentro da favela? Achei que não gostasse de nada relacionado a esse lugar.

Meu Destino Kde žijí příběhy. Začni objevovat