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Manuela

Acordo com alguém fazendo carinho nos meus cabelos. Logo sinto seus dedos contornando meu rosto com cuidado.

Foram horas sentada aqui esperando por alguma notícia e rezando.

Abro meus olhos devagar e vejo o idiota que mexe com meus sentimentos mesmo eu me recusando a aceitar.

Não posso me apaixonar pelo pai do meu bebê. Mas fica difícil quando ele me trata com carinho e atenção.

Eu sou uma burra, eu sei.

Mas quem é que escolhe essas coisas?

Manu: Tu voltou.

Solto um sorriso ao constatar que ele realmente está aqui e não é apenas um sonho.

Grego: É claro que eu tô, te prometi que voltava pra vocês.

Me levanto do sofá e minhas costas doem.

Faço uma careta quando sinto uma dorzinha chata no meu pescoço.

Grego: Tu tá legal?

Manu: Sim, só dormi de mal jeito aqui no sofá. Aí meu Deus! Tu se machucou?

Olho sua camisa ensanguentada.

Grego: O sangue não é meu. Pode ficar tranquila tá.

Manu: Como foi que tu entrou aqui? Não disse que a porta só fecha por dentro?

Grego: Digamos que eu tenho um acesso a fechadura do lado de fora mas só eu sei onde fica. Por segurança.

Manu: Entendi. E como foi lá? Já acabou?

Me refiro a invasão.

Grego: Já sim, eles recuaram logo que o só nasceu. Deu tudo certo. Tu não parece tão abalada com a primeira invasão que presenciou aqui.

Manu: É porque não foi a primeira.

Grego: Como não?

Manu: Na segunda vez que vim na casa da Lari alguns policiais invadiram e começaram a atirar em qualquer coisa que se mexia nas ruas daqui. Eu tinha acabado de entrar na favela quando eles chegaram. Fiquei paralisada de medo.

Grego: E como conseguiu escapar?

Manu: Um dos traficantes me viu no meio do tiroteio e veio correndo me tirar de lá. Ele me levou em segurança até a casa da tia Rute. Naquele dia percebi que aqui dentro da favela não tem diferença pros policiais quem é bandido ou não. Mataram uma menina de uns 10 anos bem na minha frente.

Grego: Pra eles nós somos os vilões, mas não é a gente que chega metendo bala em crianças e inocentes aqui não.

Manu: Foi o que o cara que me ajudou disse.

Grego: Quando foi isso?

Manu: Tem uns três anos já.

Meu Destino Where stories live. Discover now