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Grego

O sol está nascendo agora e da varanda do meu quarto vejo os primeiros sinais de que um novo dia começou na minha favela.

Sou dono do morro do Vidigal, herdei esse morro do meu pai que herdou do pai dele.

Não sou uma boa pessoa, pra tá onde eu tô hoje tive que sujar muito minhas mãos com sangue.

No começo eu não gostava da idéia de tirar a vida de alguém, lembro muito bem do rosto do primeiro homem que eu matei.

Eu tinha 12 anos e estava voltando do jogo de futebol com os moleques, entrei em uma viela na qual eu raramente entrava e escutei um grito de uma menina.

Quando fui ver o que era me deparei com um homem de uns 35 anos conhecido do meu coroa, ele estava estrupando uma criança de uns 6 anos.

Quando dei por mim eu já estava batendo na cabeça dele com um tijolo.  Depois de muitos golpes eu voltei pra realidade e percebi o que eu tinha feito.

Vo fala pra tu um pivete de 12 anos matar um cara de 35 anos não é a coisa mais comum do mundo não.

Então quando a notícia se espalhou várias pessoas começaram a ter medo de mim.

Meu coroa me colocou logo no tráfico, ele até que não queria essa vida pra mim mas eu sempre quis seguir os passos dele.

Comecei em baixo como fogueteiro, meu pai disse que eu tinha que conquistar meu lugar no tráfico, e ele não me deu moleza nessa porra não.

Ralei muito para conseguir a confiança do pessoal.

Com 15 anos eu já tinha matado mais pessoas que muito bandido por aí.

Não demorou muito e eu fui subindo de cargo, aos 16 anos eu já era o melhor atirador entre todos os vapores desse e dos outros morros.

Nunca errei um alvo se quer em toda minha vida.

Meu coroa era todo orgulhoso de mim.

Mas foi aos 18 anos que as coisas mudaram pra mim.

Em um dos muitos bailes aqui do morro conheci uma mina firmeza por quem eu me apaixonei na hora.

Heloísa era uma menina de 16 anos, cabelos cacheados e pretos. Os olhos eram azuis feito o céu.

Fiquei com ela no mesmo dia e depois dali eu só queria ela.

Ficamos dois anos namorando e no dia que fui pedir ela em casamento um inimigo do meu pai chamado Dentinho me seguiu até a casa dela.

Armaram uma emboscada pra mim e eu não percebi nada.

Naquele dia Dentinho e seus homens me amarraram e estruparam e torturaram minha namorada na minha frente, eles me fizeram assistir tudo.

E quando ela morreu eu sabia que era a minha vez, mas o desgraçado não me matou.

Ele disse que a pior tortura para mim seria ficar vivo lembrando do que eles fizeram com a mulher que eu amava.

Voltei pro morro naquele dia e planejei minha vingança contra todos os que tocaram na Heloísa.

Meu pai me proibiu de fazer qualquer coisa, Dentinho era um cara importante dentro da nossa facção matar ele era o mesmo que assinar meu atestado de óbito.

Eu ignorei meu pai e fui atrás do filho da puta. Não me importei se a facção iria me matar ou não, eu já estava morto por dentro mesmo então liguei o foda-se e fui atrás da minha vingança.

Os gritos de dor que eu ouvi saindo da boca daqueles desgraçados eram como música aos meus ouvidos.

Depois de horas e horas de tortura abri o peito do Dentinho com um bisturi com ele ainda consciente.

Meu Destino Onde as histórias ganham vida. Descobre agora