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Manuela


Acordo sentindo Thiago beijando minha barriga.

Abro meus olhos e encontro os dele já em mim.

Vejo um sorriso nascer nos lábios rosados que ele tem.

Me sinto mal por não ter correspondido ele ontem quando ele disse que me ama.

Me diz de louca legal e fugi do assunto.

Eu quero dizer  " eu te amo " pra alguém que eu realmente sinta isso. O que ainda não é o meu caso com o Thiago, quando eu amar ele dessa forma eu direi mas ainda não é esse amor.

Eu amo a presença dele, o carinho que ele me dá, amo o jeito que ele me trata como se eu fosse a coisa mais preciosa que ele já tocou.

Amo o cuidado que ele tem com o Leonardo mesmo esse ainda estando na minha barriga. Ontem mesmo depois que dormi acordei de madrugada ouvindo Thiago conversando com o Léo, dizendo que vai nos proteger com a vida dele se for preciso.

Ele não viu que eu estava acordada e continuou falando com o bebê.

Mas mesmo assim não acho que o que eu sinto por ele seja o amor que eu quero pra minha vida ainda. Quem sabe mais pra frente isso vire esse amor.

TH: Bom dia.

Manu: Bom dia.

Me espreguiço um pouco antes de me levantar e ir tomar um banho.

Fico debaixo do chuveiro pensando na minha vida e uma sensação ruim toma conta de mim.

É como um pressentimento de que algo ruim vai acontecer.

Senti algo assim só quando meus pais sofreram o acidente.

Fico alguns minutos mais esperando a sensação passar.

Saio do banheiro e pego uma blusa de alcinha rosa e um short mole que fica no meio das minhas coxas.

Penteio meu cabelo e amarro num rabo de cavalo alto.

Passo meu desodorante e o perfume que estão aqui na casa do Thiago.

Vou até a cozinha e vejo que a mesa de café da manhã já está pronta.

TH: Fiz café pra gente.

Me sento sorrindo pra ele e tomamos café juntos.

Logo levanto e vou em direção a porta e TH me acompanha.

TH: Vai fazer o que hoje?

Manu: Acho que vou dar uma volta na praia.

TH: Sozinha?

Manu: Chamei a Lari mas ela vai estar ocupada na loja. Algo sobre uma funcionária precisar ser operada eu acho. Então o jeito é ir sozinha.

TH: Não acho seguro tu sair sozinha assim.

Manu: Os meninos estão sempre atrás de mim sozinha mesmo eu não saio já tem meses.

TH: Parece que tu não tá feliz hoje. Aconteceu alguma coisa?

Manu: Não, eu tô bem juro. Só preciso ver o mar um pouco.

Na verdade não tô bem, mas quero deixar isso só pra mim.

TH: Vou deixar meu celular na ativa se tu precisar de alguma coisa então é só me ligar.

Manu: Tudo bem.

Dou um sorriso pro moreno que para na minha frente antes que eu saia do portão.

Vem em minha direção e me abraça tomando minha boca num beijo.

TH: Eu amo você Manuela.

Por minha sorte Tz chega correndo e nos interrompe antes que eu diga algo.

Ou melhor que eu não diga nada.

Manu: O que aconteceu?

Tz: Tu precisa ver uma coisa Manuzinha é a melhor coisa que eu já vi na minha vida sem caô.

TH: É o que?

Tz: Vem comigo que eu mostro pra vocês dois.

Acompanhamos o Tz até a pracinha que fica perto da casa do Thiago e nos deparamos com uma cena um tanto quanto estranha.

C3 tá apanhando de uma senhora com um cabo de vassoura.

E detalhe ele está nú apenas com as mãos cobrindo seu membro.

Tem várias pessoas na praça rindo sem parar com a cena.

Manu: O que tá acontecendo aqui? Porque o C3 tá apanhando?

TH: E o mais importante: porque ele tá pelado?

Tz: A velha fofoqueira pegou ele comendo a filha mais velha dela no quartinho no beco atrás da casa dela agorinha a pouco. Daí puxou o C3 pela orelha até a pracinha pra dar uma surra nele. Não deixou ele nem vestir a roupa.

Tz e Thiago estão quase chorando de rir com a cena.

Manu: Como tu sabe de tudo isso?

Tz: Enquanto ele estava comendo a filha eu estava no beco ao lado comendo a sobrinha da velha.

Manu: E como é que tu não tá apanhando também?

Tz: Eu me escondi em baixo de um carro quando ela apareceu por lá, já o C3 entrou em baixo da cama foi o primeiro lugar que a velha olhou.

Perco todo o controle e começo a rir com os outros quando o C3 corre em direção ao pastor e se esconde atrás dele para não apanhar mais da velha.

Fico um pouco mais com os meninos olhando a palhaçada até o Coringa chegar e botar todo mundo pra correr.

Depois disso vou pra minha casa e arrumo umas coisas do meu bebê.

Vejo uma foto no porta retrato minha com meus pais.

Sabe aquele dia que tudo te lembra a pessoa que tu nunca mais vai ver?

Hoje eu estou desse jeito.

Deito na cama e fico olhando pra fotografia.

Pequenas lembranças de coisas " simples " invadem minha mente, como o dia em que eu tinha 7 anos que meu pai pulou por cima de um risco de água no chão mostrando pra mim que era fácil fazer aquilo.

Ou como no dia que minha mãe só queria comer carne de frango com ovo cozido e eu acompanhei ela mesmo odiando ovo cozido, quando eu tinha 11 anos.

É horrível saber que aos poucos essas coisas viraram lembranças.

As pessoas que amamos viram só lembranças.

Isso é tudo o que resta quando eles se vão.

Mas sabe o que mas me tira a paz mesmo? É que eu tenha esquecido o som da voz e da risada deles.

Eu esqueci.

Como que pode isso?

Eu tenho tentado lembrar do som mas eu não me lembro.

Tenho tanto medo de me esquecer deles aos pouquinhos.

De que um dia minha mente apague eles e não reste mais nada além do vazio do lugar que eles costumavam ocupar dentro de mim.


























































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Capítulo dedicado as minhas quatro maiores saudades que brilham todos as noites no céu.

⭐ 10/01/2007
⭐30/01/2012
⭐26/03/2018
⭐28/09/2018

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