Capítulo 18

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Capítulo 18 - Digão

Passo a mão no rosto, tentando acordar, largado na minha cama.

Olho o celular debaixo do travesseiro, vendo uma porrada de mensagens no grupo com o Coreano e o Jogador.

Mensagem de Jogador: Madrugada toda acordado com essa gatinha.

Sorrio com a foto

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Sorrio com a foto. Impossível não ficar feliz vendo meu amigo construindo uma família... Isso é o que ele sonhou: trocar as madrugadas de baile por mamadeira e fralda.

Eu não julgo essa postura dele. Deve ser do caralho essa sensação de preeenchimento... Ter por quem matar e morrer. Jogador passou por muita merda na vida, mas sempre teve por quem lutar.

Depois que a princesa apareceu na vida dele, esse sentimento triplicou. Admiro muito a correria dos dois juntos, um sustentando o outro, porque essa porra não é pra qualquer um. Não sei nem se é pra mim.

Não tive pai e nem mãe decentes, os irmãos só os que eu arrumei na vida, e só eu sei o buraco que essa porra causou na minha alma.

Mensagem de Digão: Ela é linda demais, irmão. Muito feliz por vocês.
Mensagem de Digão: Só imaginando ela crescer mais um pouco pra nós mimar muito ela. Coitado do marmanjo que se meter.

Levanto da cama, ainda sorrindo, tomo um banho rápido e encontro a Dona Renata arrumando as coisas na sala.

Digão: Bom dia.

Renata: Bom dia, meu filho — sorri pra mim — Vai querer comer alguma coisa?

Digão: Quero não, Dona Renata, brigadão — pego a minha arma em cima da mesa e coloco atrás da cintura — Tenho que correr pra boca, cheio de coisa pra resolver... Deixei teu pagamento em baixo da Santa — Aponto pra imagem de Nossa Senhora de Fátima que era da minha vó.

Minha Vó foi uma das poucas pessoas amáveis que eu conheci na infância, pena que não durou pra eu conseguir retribuir um pouquinho de cuidado.

Do lado de fora de casa, a contenção tá me esperando e eu cumprimento eles.

Digão: Tatu tá liberado pra levar a filha na escola — aponto e ele concorda — Th e Picolé vem comigo. O resto reveza de meia em meia hora a segurança da casa.

Não dou bobeira com a minha casa sabendo o tanto de arma e dinheiro que tem aí dentro.

TH: Carga chegou e já tá na endola, patrão — segura o fuzil perto do corpo e eu aceno a cabeça pra vizinha que sobe a rua.

Digão: Quem tá fiscalizando?

TH: Ney — viro o rosto pra ele, apesar de já imaginar — E Tijolo.

Digão: Quero o Tijolo lá em casa no final do dia pra nós trocar uma ideia — aviso.

TH: Tranquilo, vou falar pra ele brotar quando o Ney for pro fut.

Picolé: Ele já tá ciente dos bagulhos... — diz, do meu lado esquerdo — Eu tava presente quando o Claudinho mandou o papo pra ele.

Digão: Confio — balanço a cabeça, subindo da moto — Mas aviso nunca é demais.

Picolé: Tá mais que certo, patrão.

Digão: Bora pra boca, lá nós termina de resolver o que tiver que resolver.

Dou partida com a moto, subindo o morro em direção à casa amarela. Estaciono a moto e falo com geral que tá ali na frente resolvendo.

Claudinho: Porra, demorou — diz, quando eu entro na sala.

Digão: São 7 da manhã — me jogo na cadeira e passo a mão no rosto, pensando na caralhada de coisa que tenho pra resolver.

Claudinho: Falei com a minha sogra, ela mandou a mina aparecer amanhã de manhã lá na padaria pra já começar — coloco minha atenção nele — Ela ainda vai querer? 

Digão: Vai, po. Ela tá doida atrás de um emprego.

Claudinho: Só mandar ela ir lá amanhã então — ele levanta da cadeira — Bagulho de salário aí já não é comigo.

Digão: O que tua sogra puder tá pagando, ela vai aceitar — digo, considerando que a Luara tá doida pra ter uma desculpa pra se ver livre de mim.

Claudinho: Tô terminando de organizar as paradas do baile de sábado. Vou encostar lá na endola e te passo a visão das paradas — faz o toque comigo.

Digão: Suave. Tenho umas picas pra resolver aqui, semana que vem vai ter reunião da facção. — puxo os papéis que eu tava guardando pra mexer hoje — Quando tu ficar livre lá, cola aqui de novo pra nós fazer o planejamento do mês que vem.

Claudinho: Vou lá em dois pulos, já tô de volta aí, qualquer coisa tu me dá um toque.

Concordo e sigo meu sub com o olhar até a porta.

Tô divido pra caralho sobre esse emprego da Luara... É uma parada que ela precisa, não é uma mina que vai ficar aceitando agrado meu igual Gabrielly. Isso ela já deixou claro desde a primeira vez que me pediu ajuda.

A pretinha é correria, quer o dinheiro dela e ser independente. Coisa de quem é sozinho igual eu e ela. Depois que a gente acostuma correr pelas próprias pernas, fica difícil voltar a depender de alguém.

Mas por outro lado, expor ela pra essa favela, não é o que eu queria...

É impossível pensar nela e não pensar em nós dois juntos. No jeito que ela me enfrenta porque não consegue ter um pingo de falsidade dentro daquela cabecinha maluca... No jeito que ela me olha... Porra, ela me olha com curiosidade, com desejo. Sabe que eu sou o homem que mexe com ela.

Eu sou egoísta demais pra deixar que outro fudido qualquer tenha essa mesma atenção. Mas agora ela já tá na mira desses caras porque é uma filha da puta linda pra caralho.

Não posso trancar ela dentro de casa, é potencial demais jogado fora.

Puta que pariu.

Pego o rádio em cima da mesa e chamo o Picolé, que aparece no batente da porta trinta segundos depois.

Digão: Chega aí — aponto pra cadeira e ele senta — Preciso que faça um favor pra mim.

Picolé: Ih, só dizer, chefe — mexe no boné, me fazendo rir.

Digão: Preciso que a Luara conheça a mulher do Ney —  ele concorda, mas franze a testa — A partir de amanhã a Luara vai trabalhar lá na padaria da mãe da Kelly.

Picolé: Vou prestar atenção se a Isa vai passar na padaria hoje.

Digão: Isso, vê quais são os horários dela, se costuma ir lá na padaria... Quando tiver oportunidade, tu apresenta as duas, não precisa falar nada, só quero a Luara ciente de que a Isa é mulher do Ney.


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ME DIGAM SE ESTÃO VENDO A FOTO DO JOGADOR COM A MALU NO COLO.

caso não esteja vendo, vou postar o trecho no insta: @glanelzinha.autora

Ligações de Alma [M]Where stories live. Discover now