Capítulo 17

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Capítulo 17 — Luara

Eu tô desnorteada.

Eu falei pros meus amigos que tava com dor de barriga e corri pra casa. EU DISSE QUE EU TAVA COM CAGANEIRA.

Puta que me pariu.

Não sei se é a sala da minha casa que tá girando ou a minha mente. Tô sozinha, mas as sensações ainda tão todas aqui.

Quando ele abriu a porta do banheiro, meu coração foi bater na boca. A expressão séria e o olhar transparecendo as coisas que eu não consigo decifrar...

Não gosto do jeito que ele me domina. Não gosto do jeito que ele tenta se impor. Não gosto que não seja claro comigo. Não gosto dessa marrinha dele de se achar o centro do mundo só por causa do poder que ele tem.

Não faz sentido eu ter que sair do lugar onde eu cheguei primeiro só porque ele não me quer ali. Sem me dar uma justificativa, só mandar por mandar... Não aceito isso.

E ele sabe, tanto sabe que eu arrumou uma forma de me desconsertar. Porque eu posso tá no auge da irritação, odiar tudo o que ele faz e é, mas eu estaria mentindo se dissesse que não existe nenhuma atração física entre nós.

Se na personalidade parece que a gente se choca, no corpo... Puta que pariu, fisicamente a gente se encaixa, um simples toque já é diferente de tudo o que eu já tive na minha vida.

Minha mente não manda nisso. Não controla os arrepios, nem a respiração acelerada, muito menos o tesão fora do comum que ele me causa. 

Estou de pé do lado da mesa da sala quando a porta da sala é aberta, disparando meu coração mais uma vez.

Nossos olhares se cruzam como sempre, ele anda até a outra ponta da mesa, largando a chave da moto. Retira a arma de trás da cintura e coloca em cima da mesa, sem desviar a atenção de mim, e joga a carteira ao lado.

Eu tenho um milhão de coisas pra dizer, mas me sinto paralisada pela presença dele. Pelo jeito como ele me atinge... Por não saber o que esperar do próximo passo.

Ele anda até mim e eu sou obrigada a erguer o queixo e jogar um pouco a minha cabeça pra trás pra conseguir manter meus olhos nos dele. Ele usa a aproximação pra me estudar, eu sinto isso.

Digão: Tava achando que ia me receber aqui na porrada... — sugere, claramente se divertindo com a minha confusão.

Luara: Por que você me beijou? — pergunto na lata.

Vai ficar me enrolando na puta que pariu.

Digão: Porque eu quis — diz seco, mexendo levemente o ombro.

Luara: E quem te disse que EU queria? — aponto pro meu peito.

Digão: Nunca na vida beijei uma mulher que não quisesse me beijar, Luara  — se mantém a centímetros de mim — eu sei quando uma mulher me quer, preta.

Luara: Não tem como você saber — me sinto nervosa pela aproximação e pelo jeito sério que ele debate comigo.

Digão: Não nasci ontem não, tenho 33 anos na cara, pode ter certeza que eu sei quando uma mulher me quer... — ele coloca a mão por dentro do meu cabelo e eu luto pra não fechar os olhos —  Ou eu tô errado em dizer que você me quer?

Aperta mais a mão nos meus cachos e eu nego com a cabeça, respirando fundo.

Luara: Você não pode chegar assim, sem ter certeza... — fecho os olhos

Digão: Eu tenho certeza. — disse baixo e passou a boca abaixo da minha orelha — Não tenho dúvida que eu te quero desde do primeiro momento que te vi e não tenho dúvida que tu me quer da mesma forma e intensidade. Ninguém se arrepia dessa forma quando não quer — ele passa a ponta do dedo pelo outro lado do meu pescoço, sentindo meus pelinhos arrepiados.

Luara: Digão...

Digão: Ninguém se olha do jeito que nós se olha sem maldade, Preta — respira fundo sentido meu cheio e eu troco a minha perna de apoio — Eu já te mandei o papo de que tu deixa transparecer tudo no olhar...

Luara: Tu só me beijou pra me fazer obedecer — digo, ainda de olho fechado — Sabia que isso ia me desconsertar e usou isso a seu favor

Digão: Quer o papo reto?  — abro o olho e vejo ele sorrindo de lado — Eu só uni o útil ao agradável, porque tu tava me castigando já... Tem muito tempo que eu não sinto vontade de conhecer o gosto do beijo de uma mulher assim...

Luara: Para de falar essas coisas...

Digão: Tô dizendo nada demais, pretinha. Só a verdade, tu sabe disso...

A mão dele passeia pela minha cintura e me puxa, encostando nossos corpos. Ele é alto e forte, totalmente diferente dos meninos que eu tô acostumada a ficar. Ele é homem de verdade.

Os lábios dele passam de leve na minha boca, já me tirando de mim. Fácil, fácil, assim... Eu sou uma vagabunda.

Aquela que tava no meu cabelo, vai pra minha bunda e eu preciso ficar na ponta dos pés quando nosso beijo se intensifica. O arrepio corre pela minha espinha, o friozinho embrulha meu estômago e meu corpo entra em êxtase com os toques e sensações.

A língua dele passeia pela minha, meu coração erra a batida. Prende o meu lábio inferior com os dentes e eu solto um gemido baixinho.

Caralho. Que filho da puta gostoso.

Digão: Não tenta fingir que tu não me quer, Luara. — diz baixo e rouco perto da minha orelha — Essa porra aqui é beijo de duas pessoas que se quer.

Abro os olhos e dou dois passos pra trás me afastando dele. Presto atenção na sua postura de cafajeste, na boca ainda mais vermelhinha por conta do nosso beijo, no olhar descendo pelo meu corpo...

É um cachorro.

Luara: Por que me mandou embora do bar? — cruzo os braços.

Digão: Porque o ambiente não tava bom pra tu — apoia uma mão na mesa, sem paciência.

Foda-se. Eu tô sem paciência também.

Luara: Por que não?

Digão: Caralho, parace uma criança de cinco anos — passa mão no rosto — não cansa de fazer pergunta não?

Luara: Enquanto suas respostas forem uma merda, eu vou continuar fazendo pergunta — dou de ombros — Por que o ambiente tava ruim pra mim?

Eu quero entender. Eu tenho que saber no que tô me envolvendo.

Digão: Tinha muito funcionário meu lá. Meu objetivo era que tu continuasse sendo pouco conhecida.

Luara: Eu quero entender o porque disso — continuo firme.

Digão: Luara, pra trabalhar pra mim tu não precisa entender nada, só obedecer.

Luara: tu é um pau no cu assim com teus outros funcionários também? — enrugo a testa com a fala babaca dele.

Digão: Meus funcionários não me enchem o saco igual você — se irrita.

Eu acho é graça... Vai achando que essa cara feia vai me amedrontar.

Luara: Claro, eles têm medo de você — falo mais alto.

Digão: Quero que ninguém me ame não, Luara — acompanha meu tom.

Luara: Não é amar, mas esse medo que tu causa, não traz fidelidade de ninguém!

Digão: O que traz fidelidade não é mão na cabeça não. É respeito e reconhecimento, coisa que eu dou pra eles de volta o tempo todo — reviro os olhos.

Luara: Vai me dizer por que eu tive que vir embora? — coloco as duas mãos na cintura.

Digão: Não.

Luara: Então vai embora da minha casa — aponto pra porta.

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Por hoje é só, acabou o milho, acabou a pipoca!

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