➵ 36: Death

Depuis le début
                                    

— Eu não sei o que você está planejando, mas não importa se você vai se casar com essa roupa ou completamente nua... — A força que ele colocava em seus dedos contra a minha pele ia aumentando cada vez mais e entre dentes sussurrou no meu ouvido. — Esse casamento vai acontecer.

— Primeiro, me solta que você está me machucando. — Tentei sair do seu aperto, mas era em vão, lá estavam aqueles olhos penetrantes me encarando como se pudesse sugar a minha alma e enterrar meu corpo a qualquer momento. — Me solta, Eros! Vai realmente fazer isso no meio de todos? Por que não coloca suas mãos na minha garganta e me sufoca? Você já conhece bem esse sentimento, não é?

Falei em um tom mais alto, para que as pessoas que estivessem no altar fossem capazes de nos escutar. Sua mandíbula cerrou com tanta força que seus dentes poderiam partir em fúria. De relance seu olhar foi até seu pai, que se mantinha imparcial, observando a estátua de Jesus Cristo com olhos de moribundo.

— Porra... — Soltei uma leve risada no mesmo instante.

— Xingando perante Deus? Uuuuh Eros, acho que você vai para o inferno. — Balancei meu braço mais uma vez e quando eu estava perto de me desvencilhar, ele se aproximou ainda mais.

— Não estou com tempo para lidar com as suas birras de garotinha mimada. Então, acabe logo com esse seu showzinho antes que eu... — Sua boca se fechou no mesmo instante quando arrastou o olhar até seu peitoral.

Quase imperceptível e quem estivesse a uma mínima distância jamais enxergaria o ponto vermelho que mostrava que ele estava na mira da sniper de Trevor. Eu avisei para Bugsy que esse plano seria apenas em um caso de emergência, mas acho que ele se tornou impaciente ao ver esse pequeno showzinho.

— Que merda... — Coloquei meus dedos sobre seus lábios chiando para que ele ficasse em silêncio.

— Shiii... Você não quer acabar com uma bala no meio do peito, não é? — Levantando o olhar, ele me encarou engolindo em seco.

— Isso também é plano seu?

— Oh não, querido... Isso é um plano do cara com que eu vou realmente me casar. — Pisquei lentamente forçando um sorriso simpático.

E mais uma vez me virei em direção às pessoas que nos encaravam quase com pontos de interrogação em suas testas. Nesse momento eu adoraria ter telepatia, apenas para conseguir ler cada um de seus pensamentos. E eu definitivamente sei que nenhum deles são bons o suficiente, mas eu daria boas risadas apenas por vê-los tão chocados.

Mais uma vez me preparei para falar, agora sem ninguém que pudesse me impedir. Varri meus olhos pela igreja, começando a sentir a tensão. No momento em que eu anunciasse que o casamento não aconteceria, o mundo começaria a desabar. Os planos de Heitor seriam desestabilizados e com isso suas peças no jogo de xadrez necessitariam se mover, dando-me a abertura de manipulá-los facilmente.

— Peço sua atenção... — Elevei minha voz o máximo que eu conseguia, atraindo os olhares de todos, mas um burburinho que se formou no fundo da igreja atraiu todos nós. — O que está acontecendo?

Alguns dos fotógrafos começaram a gritar e se empurrar, pelo menos era o que parecia na minha visão, mas aos poucos minhas sobrancelhas começaram a se estreitar. Não eram os próprios repórteres se empurrando, mas uns 7 homens vestidos com ternos pretos e usando cartões de identificação em seus pescoços.

O que a porra da polícia está fazendo aqui?

Sinto o chão desaparecer completamente sob meus pés, o calafrio correr por cada canto da minha espinha e tremores cruzarem toda a minha pele me trazendo arrepios. Isso não podia estar acontecendo, não nesse momento.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZOù les histoires vivent. Découvrez maintenant