Eliot POV
As horas passaram-se, as fotos, as danças, os risos. Parecia que me limpara a cabeça, passar tanto tempo com as pessoas que adoro, com a minha família de coração, mesmo que toda aquela beleza fosse na realidade a despedida de uma parte da vida, parte de mim. Sentia tudo mais claro, se me dessem um caderno e uma caneta, ou tempo suficiente no telemóvel, escreveria o discurso finalmente. Mas isso não era importante agora.
Eram importantes as mãos dadas, os abraços, as carantonhas nas mil e uma fotografias espalhadas por câmaras, telemóveis de meio mundo! Importavam os olhares que percebia, os toques suaves de mãos e sorrisos trocados entre Valerie e Diana, a foto adorável que lhes tirei, abraçadas nas cadeiras, os seus vestidos a contrastarem tanto, quanto um dia contrastam as suas personalidades.
Tinha uma certa piada pensar que um dia fui das únicas pessoas a não ver pura e simples maldade e falta de tato em Diana e que hoje me provou correto. Que estava apenas perdida, em busca de descongelar um coração fechado em copas. Era bonito, ver uma Diana que se importe com o mundo que a rodeia, em vez de se focar só em retratá-lo em palavras frias e imparciais.
Vi que Marcus via o mesmo que eu, via o carinho com que fitava aquela pessoa que abraçava como quem abraça uma irmã.
Via, via um Tristan capaz de sobreviver naquele ambiente, de se divertir! Amava vê-lo rir, dançar. Amava vê-lo feliz.
Tomara que seja assim por muito muito tempo.
O rei e a rainha do baile foram anunciados, Eleanor subiu ao palco, como era de esperar, aplaudimo-la e vi os olhos marejarem-se à grande maioria de nós, eu inclusive. O rei, costumavam dizer que seria eu, apostavam-no quando ainda andávamos, pela popularidade conjunta, teria gostado de estar ali a seu lado, mas sabia perfeitamente que não aconteceria. Marcus foi chamado, ao som dos gritos entusiasmados que ecoavam agora que os dois se abraçavam.
Estavam impecáveis. Fora um ano e tanto para ambos. Às vezes quase me perdia no meu egoísmo e me esquecia de como também os meus amigos tinham tido um ano de peripécias, loucuras autênticas!
O Marc quase foi expulso, meu...!
- Vá, anda, vamos ter com eles! - chamou Jer que me puxou pela mão, quando os nossos reis do baile desceram do palco.
Antes de lhes permitirmos terem a tradicional dança, lançámo-nos para os abraçar. Elle quase caiu dos saltos! Jeremy beijou-lhe a testa, abraçou-a, beijou-lhe os lábios, Marc foi apertado pela Val, pelo Dave e eu como os restantes também andei para ali a abraçá-los.
Foi bonito, assim como o início da valsa dos reis, que fora a única parte a que prestei qualquer atenção, pois, no meio da multidão perdi-me uma vez mais nos olhos azuis esverdeados, atraentes, incertos. Nenhum de nós fez nada, fora assim por toda a noite, ficámos como que presos um ao outro, mas Ryan não avançou, eu não me movi.
Tinha o coração na garganta.
Amava aquele idiota muito mais do que o meu coração deveria permitir-me!
Eram duas e pouco da manhã quando o baile chegou ao fim e ainda éramos imensos no ginásio disfarçado de salão. Começávamos a arrumar as nossas coisas quando alguém gritou:
- Bora para a praia!
Soaram logo depois, dezenas de gritos de acordo com o portador da ideia, o meu incluído e os de todos os meus amigos também!
Muitos dos presentes enfiaram-se nos carros, depois de combinarmos todos para qual iríamos, avançavam rápido, os vidros abertos, a música da rádio alta a ecoar pelas ruas vagas assim como os gritos de excitação e os cabelos mais longos ao vento.
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Not Only Memories
Romance"É desta que aprendes de uma vez que ninguém tem o direito de decidir quem tu és?" "Ele fica melhor sem mim de qualquer forma, não é importante." "Ele está a esquecê-lo, sei que está a tentar..." "Já segui em frente, limitei-me a fazer o mesmo de an...
