~~Capítulo 6~~

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"9 de maio de 2022

Ryan Diaz

"Ele fica melhor sem mim, de qualquer forma, não é importante" - quantas vezes disse frases como esta a Diana. É provável que quase tantas quantas disse a mim próprio também. Seria sempre mais fácil se me convencesse de que não era importante. Talvez um dia fosse suficiente para desistir sem que doesse demasiado.

Não vai acontecer.

Vi como me olhaste, vi a porra do ar que te saiu dos pulmões, vi que tinhas tanta vontade de fazer algo quanto tinha de me ajoelhar a implorar por perdão aos teus pés, mesmo que não te merecesse.

Precisava de ter dito o que disse e, ainda que tenha tido que parar num armário, sem forças no corpo trémulo, fico feliz de tê-lo feito. Porque vi, vi que largaste a mão dele, vi que ainda não me esqueceste porra!

Embora devesses e muito, Eliot!

Mas não esqueceste, então esta é a última carta que te dirijo. Tudo o que tiver que te dizer, dir-to-ei olhando nesses teus olhos quando arranjar um momento em condições para te pedir desculpas por te ter falhado como falhei, independentemente de ser ou não demasiado tarde, porque sei que é, que devia ser, mas quero tentar, preciso de tentar. Porque sei que nos destruí, que é culpa minha e isso tudo... mas sou egoísta! Sou egoísta e ali vi que não sou tão substituível quanto julguei tantas vezes.

Que aquilo que me aterrorizava não era assim tão verdade.

Sabes que sou egoísta, que estou a sê-lo outra vez e talvez isso ainda me torne menos merecedor de ti, mas acho que preciso que mo digas, que me digas diretamente que não tenho chance nenhuma e que nunca mais me queres olhar para a cara, por muito que isso nos destrua ainda mais.

Só que para isso precisas de saber a história toda, porque não sou ninguém para tomar as decisões por ti, Eli. Então, garanto-te, não vamos acabar a escola sem que tente, sem que te peça todas as desculpas do mundo.

Tenho medo. Tenho medo de dizer à mãe que ela estava errada agora que aquele dia nos tinha aproximado, mas antes de mais nada preciso de o fazer.

Tenho medo que quando por fim conseguir falar contigo, ser sincero, contar-te porque é que não era capaz de a contrariar, me digas que não, que tenhas seguido em frente de verdade e esteja agora uma vez mais enganado, iludido, ou que embora ainda não o tenhas feito estejas determinado a colocar-me para trás das costas.

Continuo a mascarar-me de autoconfiança e determinação, do que quero em vez do que sinto ou consigo. Porque temo não ser capaz, nem de falar, quanto mais sobreviver num mundo onde as tuas palavras de desprezo serão a última coisa que ouvirei da tua boca.

Suponho que em parte seja assim que te sentes. Ou sentiste na altura. "

Diana POV

Quando fui atrás do Tristan, carregada de raiva da estupidez escrita na cara do maldito perfect boy, ele mandou-me embora, estava tão distruido que não me pareceu de todo boa ideia que ficasse sozinho, contudo insistiu tanto que não me restou outra opção a não ser afastar-me.

Foi quando a adrenalina começou a desaparecer e estava quase atravessar o portão, que reparei que quebrara a merda da promessa feita à loirinha e que, para piorar, a quebrara mesmo diante de si.

Merda!

Revirei os olhos e voltei para trás, reclamando comigo própria acerca da minha própria parvoíce por dar tanta importância a uma conversinha de há séculos com a miss simpatia.

Se calhar nem ela se lembrava, se calhar foram só coisas ditas da boca para fora, que mal resolvi o problema da fotografia, esqueceu muito mais do que esqueci.

Not Only MemoriesWhere stories live. Discover now