Capítulo 18

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  E essa passou a ser a rotina da minha vida, trabalho, casa, beber com meus irmãos, ignorar minha esposa, beber até cair, ver ela chegar bêbada, dormir no quarto de hóspedes ou na mesma cama com ela e ignorar que ela estava ali, ir pra casa dos meus irmãos e dormir lá, passar os finais de semana jogando vídeo game, passamos meses nos ignorando. Até conversei com meu pai sobre divórcio, mas ele nunca iria permitir, muito menos o pai dela.

- Conversei com meu pai hoje.

Karina – Sobre?

- Divórcio.

Karina – O que? Por que?

  Soltei o talher no prato e encarei ela.

- Como assim, por que?

Karina – Não vou me separar de você.

- Por que? Por que insiste em manter esse casamento? A gente mal olha na cara um do outro, você me odeia.

Karina – E você não me odeia?

- Pra ser sincero não sei o que sinto por você. Durante a lua de mel, achei que poderíamos nos dar bem, mas claramente não tá dando certo.

Karina – Eu tô tentando.

- Muito pouco.

Karina – E você tá?

- Não, nem um pouco.

Karina – Então seremos dois fracassados, em um casamento falido para o resto das nossas vidas.

- Eu não quero permanecer nesse casamento.

Karina – MAS VOCÊ VAI... EU PROMETI AO MEU PAI QUE ME ESFORÇARIA.

- Eu não quero mais, vou entrar com a documentação para solicitar o divórcio, mesmo contra a vontade do meu pai.

Karina – Você não pode fazer isso, eu não vou assinar.

- Então brigaremos na justiça.

  Me levantei da mesa de jantar e subi para o quarto, no dia seguinte dei entrada no pedido de divórcio, eu sabia que estaria assinando a minha sentença, papai me odiaria pelo resto da vida e talvez eu não fosse capaz de suportar o desprezo dele, então guardei a papelada em uma gaveta.

  Continuei no casamento com Karina e como sempre brigávamos muito. Ela não me suportava e eu não suportava ela.

- Já vai beber de novo?

Karina – Vou, o Won tá completando ano hoje.

- Huum, parabéns para ele.

Karina – Obrigada, quer vir?

- Dispenso.

Karina – É, como sempre. Você nunca quer fazer nada comigo mesmo.

- E por que eu iria? Nem você gosta de mim, por que eu sairia com seus amigos?

Karina – Tudo bem. Boa noite.

- Boa noite.

  Mas quando ela não voltava para casa eu ia buscar ela, sabia exatamente onde ela estaria e era sempre a mesma coisa, ela tirava a roupa e no dia seguinte não lembrava de nada, poderia ter transando com ela todas as vezes e ela não lembraria, mas não sou esse tipo de pessoa.

Karina – A Ketlyn disse que o Yoongi pediu ela em namoro.

- Eu já sei.

Karina – Ele é o carinha de quem ela sempre gostou.

- Eu também já sei.

Karina – Pelo menos alguém vai ser feliz.

- Pois é.

Karina – Achei que você tinha dito que daria entrada no divórcio.

- É o que você quer?

Karina – Não.

- Então não toca no assunto.

  E não falamos mais sobre isso, continuamos, empurrando o casamento com a barriga, vivíamos em pé de guerra, qualquer mínima coisa era motivo para brigar.

Karina – Não custa nada, você tentar ser simpático com meus amigos.

- Na próxima vez avisa antes pra eu sair de casa.

Karina – Você é meu marido, é a porra do meu marido, as pessoas tem que ver você.

- Eu não quero que as pessoas me vejam.

Karina – Você é um idiota e eu te odeio.

- O sentimento é recíproco.

Karina – Aaaaaaaaaaaah

   E já íamos completar um ano de casados e as coisas só pioraram, tivemos inúmeras brigas nesse ano, eu tinha chegado ao meu limite, quando acordei de manhã vi Karina sentada na varanda do quarto chorando.

- Você tá bem?

Karina – Tô.

- Por que tá chorando?

Karina – Um ano, um ano Seokjin e o nosso relacionamento só piorou, eu estou exausta.

  Sentei na cadeira ao lado dela.

- Eu também.

Karina – Será que tem alguma coisa que a gente possa fazer?

- Se divor....

Karina – Para, não quero ouvir essa palavra.

- Não sei o que fazer, então.

   Ela começou a chorar de novo, estava tão fragilizada e triste que meu coração doeu, segurei a mão dela e puxei ela para o meu colo, ela se aconchegou em meu peito e chorou muito, eu passava a mão por suas costas.

- Vamos tentar ficar bem. Tentar manter um relação saudável.

Karina – Como faremos isso? A gente já se odeia.

- Eu não te odeio, só não te suporto.

Karina – Eu te odeio.

- Posso viver com isso, isso não afeta minha beleza.

Karina – De onde veio essa piadinha?

  Ela falou me olhando e sorrindo.

- Eu tenho várias, nunca te disse nenhuma?

Karina – Não, nunca disse.

  Passei a mão por seu rosto secando suas lágrimas.

- Feliz aniversário.

Karina – Você está estranhamente simpático hoje.

- É por que eu estou me sentindo lindo, já viu essa pele? Nem a sua é tão bonita.

Karina – Feliz aniversário.

  Ela se inclinou e depositou um beijo em meu rosto.

- Sabia que a gente já se beijou?

Karina – Sim, quando voltamos da lua de mel, mas nem da pra dizer que aquilo foi um beijo de verdade.

- Não nesse dia, no dia que conheci seus amigos, por que estranhamente quando você bebe quer transar comigo.

Karina – Espera. Então não foi um sonho?

- O beijo? Não, não foi.

Karina – Todo esse tempo eu achei que tinha sido um sonho, lembro até de você falando algo sobre transar comigo.

- Se você lembrar desse beijo de manhã, eu passo o dia transando com você. Foi isso que eu disse.

Karina – Eu lembrei, mas achei que fosse um sonho então não falei nada.

- Viu aí, perdeu uma oportunidade de ouro.

Karina – Será que a gente consegue superar essa raiva toda que sente um pelo outro?

- Acho que não sentimos raiva um pelo outro e sim por nossos pais, mas estamos descontando no lugar errado.

Karina -  E se a gente tentasse mudar, fazer tudo diferente, como se estivéssemos nos conhecendo agora?

- Você senta no colo de quem você acabou de conhecer?

Karina – Eu tô falando sério Jin, a gente focou tanto no problema, que não tentou achar uma solução.

- Focou no casamento forçado e esqueceu de se conhecer.

Karina – Isso, não sabemos nada um do outro.

- Quer voltar para o início?

Karina – Não sei se é possível, mas sim.

- Então vamos fazer isso, quer jantar comigo hoje?

Karina – Quero, te espero às 20h.

- Estarei aqui.

  Ela sorriu feliz e então me deu um selinho, retribui o sorriso e ficamos ali por um tempo apenas observando a vista, sinto que talvez as coisas agora possam ser diferentes, estou tendo uma chance de ser feliz com ela.

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