Seven

Capítulo 14

Depois do fiasco que foi o jantar aquele dia, enfiei a cara no trabalho e deletei minha vida social, não queria mais ver a Karina até que realmente fosse necessário.

*Ligação on*

Sr. Kim – Vamos jantar juntos hoje, na casa dos Oliveira.

- Não tenho tempo hoje, tenho uma reunião.

Sr. Kim – É mentira, eu já falei com sua secretária.

- Papai, eu não quero ir.

Sr. Kim – Mas você vai, às oito, não se atrase.

*Ligação off*

  Às 20h cheguei até a casa dos Oliveira, mas como não vi o carro do meu pai decidi esperar, até que o visse chegando, quando ele estacionou o carro e desceu com mamãe e a tia Heedo, desci do meu carro também.

Mãe – Faz tempo que chegou? Por que não entrou?

- Não quero ficar mais tempo que o necessário lá dentro, por favor não demorem nesse jantar.

Sr. Kim – Até quando vai fugir?

- Vamos logo.

  Tocamos a campainha e fomos recebidos pela própria Karina.

- Sejam bem-vindos.

Mãe – Obrigada querida, você está linda.

Karina – Obrigada senhora, entrem por favor.

  Ela me deu aquele sorriso fechado e eu acenei com a cabeça, entramos e sentamos no grande sofá da sala, Karina veio e sentou ao meu lado, mas a proximidade dela me incomodou então me afastei um pouco e fiz isso nas vezes que ela quis se aproximar, percebi que ela me olhou de lado, mas não disse nada. Assim que os pais dela desceram e começaram a conversar animados com meus pais ela se levantou.

Karina – Com licença, vou mostrar o jardim ao Seokjin se me permitem.

Sr. Oliveira – É claro querida.

  A declaração dela me pegou de surpresa, então olhei pra ela espantado.

Karina – Vamos?

  Seus olhos não saiam dos meus, sua mão estava estendida para mim, levantei e comecei a caminhar em direção a porta, sai e esperei próximo ao primeiro degrau da escada, ela parou ao meu lado.

- Mostre o caminho.

   Fiz sinal com a mão pra que ela fosse na frente, ela caminhou a passos largos e pisando forte no chão e eu seguia caminhando normalmente, já bem longe da casa ela parou e se virou para mim.

Karina – O que pensa que está fazendo?

- Não estou entendendo.

Karina – Agindo dessa maneira na frente dos nossos pais, temos que fingir que somos ao menos amigos na frente deles, me odeie em segredo, sua cara entrega tudo, só falta você pedir para o seu pai cancelar o casamento.

- E eu já pedi.

Karina – O QUE? VOCÊ FEZ O QUE?

- Pedi ao meu pai para cancelar o casamento, mas ele se recusou.

Karina – Eu vou enlouquecer, não faça isso, não faça isso de novo.

- Posso voltar agora?

Karina – Se esforce um pouco mais.

- Me esforçar? Você tem noção que essa é a nossa sentença de morte?

Karina – Você acha que eu estou feliz? Eu não estou feliz, não quero me casar com você, mas estou fazendo isso pela família, pela minha irmã.

- Eu não tenho nada haver com isso. Eu tentei me aproximar de você, foi você quem me afastou.

  Falei dando as costas para ela e voltando para a casa, quando estava quase entrando na casa senti sua mão segurar a minha e então ela me puxou e entramos na sala de mãos dadas.

Karina – Voltamos. O que acham de jantarmos?

Sra. Oliveira – Acho ótimo querida.

  Quando nos viu de mãos dadas papai sorriu e então nos sentamos a mesa e jantamos, enquanto nossos pais conversavam animados eu e Karina nos odiávamos, naquele momento eu só queria ir embora.

Sr. Oliveira – Seokjin, você ainda mora com seus pais, onde pensa em morar depois do casamento?

- Amanhã irei ver alguns apartamentos.

Mãe – Que maravilha, por que não vai com ele Karina?

Karina – Eu vou sogra, vou com ele amanhã. Estávamos combinando justamente isso, não é Jin?

- Sim, claro que é.

Sr. Kim – Ah que ótimo, vejo que estão se aproximando e isso é muito bom.

Sr. Oliveira – Fico feliz, esse casamento me deixa muito feliz.

Revirei os olhos, por que todo mundo estava feliz com esse casamento, exceto os noivos, e isso começou a me apavorar, a ideia de viver eternamente casado com uma mulher que eu não amo e que não me ama e então tive uma crise de pânico, o ar começou a me faltar e todo meu corpo tremia, me levantei de supetão e todos me olharam.

- Desculpem, preciso de um pouco de ar, com licença.

  Sai por uma das portas da varanda e  cheguei ao jardim, me abaixei com as mãos apoiadas nos joelhos enquanto tentava respirar e desacelerar meu coração, senti uma mão pousar no meu ombro.

Karina – Você está bem?

  Me levantei fugindo de seu toque e andei um pouco mais, mas senti que estava sendo seguindo por ela.

- Pare. Não me siga...

  Falei me virando pra ela.

Karina – Não posso deixar você aqui sozinho, nossos pais...

- Não me importo com nossos pais, só vai embora.

Karina – Finja que não estou aqui.

  Depois de conseguir controlar tudo que estava sentindo, sendo observado por ela, me virei e comecei a andar em direção a casa.

- Desculpem, mas eu preciso ir embora, aconteceu um imprevisto com um dos meus irmãos.

Mãe – Qual deles?

Sra. Kim – Está tudo bem?

- Está tudo bem sim, mas preciso ir. Obrigado pelo jantar sogros, marcamos outro em breve, com licença.

  Quando sai da casa, Karina gritou por mim.

Karina – Jin, espera.

  Parei de andar e respirei fundo, me virei para ela e olhei em seus olhos, seus olhos parecem dois imãs sempre me atraem pra eles.

Karina – Posso ir ver o apartamento amanhã com você?

- Pra que?

Karina – Eu também vou morar lá.

- Tá tudo bem, te mando o endereço por mensagem.

Karina – Obrigada.

  Entrei no carro e dirigi sem rumo pela cidade, parei em um bar e comecei a beber, bebi até esquecer de quem eu era, acordei em casa pela manhã, mas não lembro como cheguei até aqui, peguei o celular já estava atrasado para o trabalho, e vi que tinha uma mensagem da Karina.

Karina - “Você fica fofo quando bebe Jinnie, te levei para casa, toma um tônico pra ressaca quando acordar e não esquece de me mandar o endereço do apartamento. Ah é, eu tô com seu carro. Até mais tarde.”

- AAAAAAAISH. COMO ELA ME ACHOU? QUE INFERNOOOOO. EU NUNCA MAIS VOU TER PAZ. QUE ÓDIOOO. POR QUE ELA TÁ COM MEU CARRO? AAAAAAAAAA

Mãe – Em outras circunstâncias você deveria ter sido um idol, daqueles que falam bem rápido.

- Rapper, mamãe.

Mãe – Isso mesmo. O que houve?

- Como eu cheguei em casa ontem?

Mãe – A Karina veio te trazer, disse que você ligou pra ela e aí ela foi te encontrar.

- E por que ela tá com meu carro?

Mãe – Já era bem tarde, ela não quis dormir aqui e então achamos melhor ela não ir de táxi. E não é nada demais, ela é sua noiva e você tem outro carro.

- Tudo bem, vou me arrumar, eu tô atrasado.

  Tomei um banho, me vesti e saí as pressas pra empresa, quando cheguei enviei uma mensagem pra Karina.

- “Obrigado por me levar em casa, desculpa incomodar. *endereco* - Este é o endereço do apartamento, te encontro lá às 11h. Você tá com meu carro na empresa?"

Karina - “Ok, estou sim.”

- “Leva ele pra mim, te encontro lá.”

Karina - “Eu vou te buscar e vamos juntos até o apartamento, seria estranho chegar separados.”

- “Ok.”

Conversar com ela era como conversar com um dos meus clientes e eu odiava essa situação toda.