Eu: Não me odeias pois não?
Sim, enviei mesmo isto a cada um deles, em separado.
Mas ainda precisava de falar com alguém.
Como num loop eterno, a voz que conhecia tão doce, de Eleanor, repetia aos meus ouvidos, o facto de ser uma desilusão e sentia-me numa daquelas diversões típicas das feiras, que por norma evitava, sentia que tinha acabado de sair de um carrossel onde os meus amigos me tinham convencido a entrar, estava enjoado.
Levado pela emoção e horas de sono em falta, procurei o contacto do meu melhor amigo e a minha mão trémula levou o telemóvel ao ouvido, implorando para que ele atendesse.
Ao mesmo tempo levantei-me aos tombos em direção à janela, preciso de ar.
- El? Que é que aconteceu?? Passa das quatro da manhã! - reclamou naquela voz baixa, embrulhada e resmungona de quem já estava no quinto sono - Estás bem?
O meu choro mal controlado até ao momento, ultrapassou a barreira uma vez mais.
- Que é que tens? Que aconteceu??
Quando finalmente recuperei a famosa habilidade para falar, lá consegui balbuciar um distorcido "sonhei que vocês me odiavam todos".
Soaram gargalhadas abafadas do lado dele.
- Jeremy! - exclamei enquanto tentava enxugar os olhos e me escapavam uns risitos também - Estavam desiludidos, diziam que era uma desilusão... disseste que não podias ficar do meu lado em tudo, que estavas feliz por ires embora...
E por muito que me controlasse, que tentasse parar de chorar, porque estava tudo bem...
Tão bem quanto possível.
Não passou da porra de um pesadelo, porém, repetir as palavras do Jeremy fazia com que ouvisse a sua voz repeti-las na minha cabeça. Sentia os olhos inundados em menos de nada.
- A tua mãe está em casa?
- A dormir, sim, sim está...
Respira.
Não o vais preocupar, Eliot.
- Não te esqueças que não passou de um pesadelo, sim? Precisas que vá aí?
- Não, claro que não! - retorqui de imediato.
Respirei fundo, sentindo o ar da madrugada refrescar-me as ideias.
- Obrigado, mas é demasiado cedo para te deixar fazer uma dessas. - declarei com mais calma.
Funguei e sorri, olhos postos nas estrelas, no mar lá ao fundo, bem ao fundo atrás das casas.
Inundei-me de gratidão, pois mesmo que seja na verdade uma desilusão, os meus amigos nunca me largaram a mão.
- Então pronto, só não te esqueças que eu não te odeio nem tão pouco odiaria por algo não correr como previsto, nem eu nem nenhum deles. Magoaste o Tristan, erraste, mas tinha que acontecer, és humano. E não é por um erro que deixas de ser o nosso Super Eliot.
Ri baixinho e baixei a cabeça.
- Obrigado mesmo... Precisava de ouvir isso.
- E para que conste está a custar-me como tudo ir para tão longe de ti.
Não, não vou chorar.
Não!
- A mim também... - murmurei forçando as lágrimas a não saírem cá para fora.
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Not Only Memories
Romance"É desta que aprendes de uma vez que ninguém tem o direito de decidir quem tu és?" "Ele fica melhor sem mim de qualquer forma, não é importante." "Ele está a esquecê-lo, sei que está a tentar..." "Já segui em frente, limitei-me a fazer o mesmo de an...
~~Capítulo 7~~
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