Not Only Memories

~~Capítulo 6~~

Esfregou as têmporas com o polegar e o indicador antes de se virar para mim uma vez mais, com os joelhos puxados para o peito.

- O Eli continua apaixonado pelo Ryan, Diana... mas por muito na merda que ele esteja, como dizes e acho que toda a gente viu, aliás! Ele virou-lhe as costas pela segunda vez caralho e por isso é impossível que o perdoe assim com tanta facilidade.

- E o Tristan no meio desta merda...? Como é que ele pode usá-lo assim e agir como se fosse sempre tão bondoso e altruísta?! É isto que te digo, os outros não têm que sofrer só porque ele também está! - exclamei ao sentir a raiva voltar a percorrer-me o corpo todo.

A sua mão veio ao encontro da minha e por momentos faltou-me o ar e virei-me para a olhar de imediato. A minha cabeça girou tão rápido que consigo sentir o latejar crescente na parte de trás do pescoço.

Contudo, tinha o coração demasiado acelerado para me preocupar com isso agora.

Sorria, com toda a tranquilidade do mundo e fazia-me festinhas nas costas da mão. Talvez seja a outrora escritora, adormecida no meu interior, mas consigo com facilidade descrever este momento com um:

"os círculos que desenhava nas costas da minha mão esquerda eram como festinhas no meu coração acelerado e furioso que relaxava pouco a pouco"

E se não voltasse a falar, com aquele tom decidido inalterado, é provável que continuasse perdida naquelas palavras de romance para adolescentes.

- As coisas não são tanto ao mar nem tanto à terra, D...

D?! What in the actual fuck?!

- Ele está sim a ser um idiota e já estivemos todos para lho berrar na cara, porque já devia ter acabado com esta merda. Porém, o Tristan não se meteu naquilo de ânimo leve, ele ficou com o Eliot sabendo que ele continuava apaixonado pelo Ryan... e continuou lá mesmo assim! Por isso sim, percebo que queiras proteger o Tristan, porque quem me dera poder fazê-lo! Só que isto foi uma escolha dele, por conta sua, risco seu.

Suspirei, fechei os olhos com força e levei as duas mãos aos meus caracóis que agarrei com força mesmo que não os puxasse.

Ela não estava errada.

Era tudo demasiado complexo.

- Importar-me com os outros é demasiado para mim! - dramatizei.

Fazer com que um risinho lhe escapasse dos lábios roubou-me o exagerado ar exausto por breves instantes. Também sorri, pelo menos até reparar que sorria.

Aquela mão perdida sobre a minha, deslocou-se agora até ao meu ombro, que acariciou, divertida.

- Vale a pena, confia em mim.

Talvez para ela que estava habituada a isto.

Tristan POV

Não consegui dormir por mais de curtos minutos, entre um abrir e fechar de olhos constante por toda a noite. De manhã disse ao avô que não me sentia muito bem e para si foi suficiente, não me pressionou a ir à escola, talvez até seja bom ator, ou talvez se tenha limitado a não me pressionar. Duvido que alguma vez o fizesse, no entanto, agora em específico, isso fazia com que não tivesse que falar daquele assunto já, ou até escolher fazê-lo, então agradava-me ainda mais que em qualquer outra situação.

Quando cheguei a casa, por muitas horas julguei ter chorado tudo. Estava furioso com o Eliot por me ter desiludido tanto, por não ter tido coragem de me dizer as merdas como elas são antes de em público soltar a minha mão porque ele apareceu!