Torre Titã

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—Então, você só quer saber se está tudo bem?

—O que há de tão errado nisso?

—Fora o fato de você está sendo tão paranoico como de costume? Nada de errado —Ironizou ao mesmo tempo em que o beija-flor zumbiu, emitindo um barulho irritantemente alto —Por que você não diz logo que não confia em mim e acaba com isso, hein?!

A outra pessoa nem piscou para o tom irritado, muito acostumado com o drama do garoto, mas rolou os olhos e apoiou o braço na mesa do computador. Um par de pupilas brilhantes espiou por trás do adolescente de cabelos negros antes de sumirem sem nenhum som, quase como se fosse uma sombra. O beija-flor saltou com o aparecimento súbito e, depois de um estalo de desaprovação, se acomodou na curvatura do pescoço do ruivo.

—Na última vez que você, Cassie e Mutano ficaram sozinhos na Torre, ou em qualquer outro lugar, acabaram incendiando e destruindo trinta dos setentas quartos e incapacitando dois andares —A figura cruzou os braços e levantou uma sobrancelha —pelo menos era isso que o jovem ruivo pensava que estava fazendo, já que a máscara de dominó escondia sua expressão —E é exatamente por esse motivo que eu estou ligando.

—Ei! Não é culpa minha que os vilões tivessem escolhido logo aquele momento para tentar nos matar —Tecnicamente, ele estava certo. Não era culpa sua que Cassie estivesse tentando dar uma de heroína e trouxesse para sua sede, sua casa, uma senhora que acabou sendo uma agente infiltrada (de quem? Bart não sabia, já que a velha se jogou da janela e sumiu no mar quando foi encurralada). O outro menino inclinou a cabeça como se estivesse pensando a mesma coisa que ele e o "corredor" logo tratou de apagar qualquer ideia que estivesse flutuando na cabeça do seu amigo —Olha, aquilo foi um acidente. Tudo bem que ela vacilou, mas eu aposto que ela aprendeu com seus erros. Cara, nós estamos falando da Cassie aqui.

O moreno soltou um suspiro e, com um movimento fluído, colocou uma de suas mãos na cabeça de seu daemon. Um barulho alto ecoou atrás dele, talvez fosse alguém o chamando, ou talvez fosse barulho de tiros. O speedster não sabia ao certo, o som estava muito fraco e a imagem piscava, instável, desde os últimos cinco minutos.

—Cara, onde você está? O que você...

—Não posso falar agora. Preciso ir —Respondeu e Allen teve que se aproximar um pouco mais do telão para poder acompanhar a imagem que, agora, parecia estar em movimento, sendo levantada e abaixada repetidamente. Linhas borraram a forma de seu amigo por um segundo antes de tudo voltar a entrar em foco de novo.

—Okayyy... Então, hum, Precisa de algo, Rob?

—Ravena chegará essa noite. Fiquem longe de confusão até lá e isso será o suficiente —Um pequeno rosnado apressou as últimas palavras de Robin e precedeu o final da chamada.

Bart ficou parado ali, olhando para a tv escurecida ao passo que seu daemon esvoaçava ao seu redor, agitada, com as penas de sua cabeça arrepiadas.

—Será que ele está bem? —A voz era suave e baixa, lembrando o tom de uma mãe ansiosa.

—Claro que sim! Quer dizer, ele é Robin e aquilo é Gotham. Não há como dar errado —O menino disse confiante, embora a ave continuasse a grunhir e bater as asas tão forte que o som proveniente do movimento preencheu o silêncio sombrio do quarto.

—Espero que ele esteja bem. Tim tem andado muito estranho esses dias. Acho que ele quer ir embora.

—Bobagem, Gaiture! Por que ele deixaria de ser Robin? Tipo, era seu sonho desde criança, né? —O ruivo deu de ombros e começou a se mover, caminhando em direção à porta.

—Talvez, pelo mesmo motivo que nós corremos.

Essa foi a última coisa falada entre os dois antes de ambos passarem pelas portas automáticas e sumir pelo corredor, deixando para trás uma sala de comando fria e vazia.

Coração de PoeiraWhere stories live. Discover now