Capítulo 13 - Revelações

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Bertha Jones

Desde que me entendo por gente, eu sempre gostei de ler.

Quando criança lia os clássicos das princesas, O Pequeno Príncipe e os demais contos infantis. Conforme fui crescendo, meu gosto por leitura foi mudando junto comigo, até chegar aos romances juvenis que me fascinam.

As partes que mais mexiam comigo, era o fato de que no livro, os personagens agem como pessoas de verdade. Por exemplo, a maioria de nós não tem coragem de confessar seu amor para a pessoa amada por medo de rejeição. A maioria de nós evita assuntos tabus com as pessoas. A maioria de nós evita assuntos delicados para evitar o próprio passado ou de alguém. E são esses detalhes que dão enredo ao livro.

Com base nos livros, aprendi desde pequena que evitar a falar sobre algo que me incomodava (fosse positivo ou negativo), era sempre o pior caminho. Por isso, sempre busquei ser o mais transparente comigo e para com os outros.

O problema é que desde que recebi o vídeo de Justin e Emília dormindo juntos na mesma cama - claramente - depois de uma foda intensa, eu não estava conseguindo olhar direito para a cara de nenhum dos dois.

Que eu estava magoada isso era um fato. E exatamente por esse motivo, tenho evitado os dois pelos últimos três dias.

Eu sabia que o vídeo era antigo e que por isso não havia sido realmente uma traição. Mas, o meu coração não enxergava dessa forma, pois era algo que nunca havia sido conversado em nosso grupo. Justin e Emília nunca em momento algum disseram alguma vez que passaram a noite juntos.

Visto que ela é minha melhor amiga e ele além de meu melhor amigo também é o meu namorado, eu não conseguia não ficar chateada pelo o que me foi ocultado. Pois, se em algum momento tivessem me dito, todo o choque e sentimento de traição causado pelo o vídeo, teria sido evitado.

Clicando na tecla "back space" do notebook, apago pela milésima vez o parágrafo escrito para o jornal da escola. Meu celular sobre a cabeceira silenciado, devido as mensagens e ligações de Justin e Emília.

Volto a escrever o texto e dessa vez consigo um avanço de dois parágrafos que logo perdem o contexto. Percebendo que não vou conseguir arrancar nada de mim mesma, guardo o notebook na gaveta, apago a luz e me deito na cama.

Ouço um barulho vindo da sacada e viro de lado, fingindo estar dormindo. Não é necessário estar com os olhos abertos para saber de quem se trata.

Tomando lugar ao meu lado da cama, Justin me envolve em uma conchinha, depositando beijos em meu ombro e pescoço.

Quando disse a Justin que precisava de um espaço, compreensivo como era, ele "atendeu" ao meu pedido. Por isso nos últimos três dias, quando achava que eu estava dormindo, ele pulava a minha sacada e passava a noite comigo.

Na primeira noite, acordei em meio as suas carícias e ao olhar em seus olhos, entendi que apesar de respeitar o meu tempo e espaço, Justin se recusava a passar tanto tempo longe de mim. Meu coração aqueceu de tal modo que por alguns instantes, desfaleci. Completamente sem reação, eu não disse nada; ele tampouco.

Cheirando o meu pescoço, Justin deposita um último beijo na região, me envolvendo em seus braços.

- Eu te amo, Sweet. - Diz como um ritual precioso de todas as noites.

Eu permaneço fingindo estar dormindo, pois mesmo que suspeite que ele saiba que não estou, não significa que queira respondê-lo.

Na manhã seguinte quando acordo, Justin não está mais ao meu lado.

Tomo um banho e me visto para o colégio com um vestido amarelo pastel curto justo na região da cintura, mangas longas e uma pequena fenda na perna. Nos pés, uma bota de plástico transparente.

We Didn't KnowOnde histórias criam vida. Descubra agora