Capítulo Dezoito

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Ashley

Aquilo estragou totalmente o clima que estava leve. Não digo que Amanda estragou, mas a aparição dela fez o clima ficar muito, mas muito pesado mesmo.

- Eu não sabia que você vinha aqui. - Falo sem jeito.

- Eu te mandei mensagem falando que ia vir... - Responde Amanda meio desconfiada mas já "sabendo" o que estava rolando, mesmo que não esteja rolando nada.

Percebo que ela olha os copos de vinho e logo depois olha para Dylan que por sua vez, estava um pouco vermelho, não sei se de vergonha.
Amanda sai pela porta indo em direção ao portão para sair da minha casa. Claro que vou atrás dela, não estou afim de perder minha melhor amiga por coisa que ela deve estar pensando errado.

- Ei, espera. - Digo virando ela pelo braço, já na calçada em frente à minha casa.

- Esperar para quê? Quer que eu veja como você gosta dele? Você sabia que eu estava afim dele.

- E o quê você quer que eu faça? Aquele dia na frente da sua casa, me viu beijando ele, piscou para mim em um jeito malicioso, não demonstrou desconforto em momento algum.

- Mas é claro que não. Acha que na minha própria casa eu ia querer gritar contigo por causa de macho?

- E precisa fazer isso na minha? Amanda, você é minha melhor amiga e a gente não vai brigar por conta de homem nenhum.

- É. Eu sei. Até qualquer dia.

Amanda se vira para atravessar a rua mas não vê um carro indo em sua direção, já que não conseguiu desviar no momento. Em questão de segundos Amanda é arremessada para três casas depois da minha, eu e o dono do carro vamos até Amanda, até que ele começa a ligar para a ambulância. Eu desesperada sem saber o que fazer, quero tocar nela para ver se tinha alguma pulsação, mas Dylan aparece correndo por trás de mim e diz para eu não tocar, pediu para eu deixar os médicos fazerem isso.

Não demorou um minuto do ocorrido e Amanda já tinha mais gente a olhando do que seguidores no Instagram.
Vinte minutos depois a ambulância chega, pergunto se posso ir junto para o hospital, pois sou amiga dela e vi o ocorrido e eles deixaram.

- Dylan, minhas chaves de casa estão na porta, tranca a casa e me encontra no hospital, por favor. - Digo a ele apressada, entrando na ambulância.

Vinte minutos depois estávamos no hospital já, eu estava sentada na cadeira em frente a porta onde Amanda estava. Começo a ter ansiedade e vou ao bebedouro tomar um pouco de água. Assim que volto para a cadeira, vejo um médico saindo pela porta onde minha amiga está.

- Você é a acompanhante da moça que está alí dentro? - Me pergunta o médico olhando sua prancheta. - "Amanda" o nome dela, certo? - Logo depois olha para mim.

Meu Deus, abro a boca e sinto toda aquela minha ansiedade se esvaindo. Peter. Meu ex namorado na época da escola. O filho da ex diretora do orfanato onde Dylan ficou por um tempo... O mesmo Peter que Dylan odiava. É óbvio que ele me reconhece, mas mantém sua postura profissional não falando nada, mas esperando minha resposta.

- Ah, não... Quer dizer, é. É sim. - Fico totalmente sem jeito. Seus cabelos lisos estão lambidos para trás, mas ainda assim, um pouco bagunçado, pois acabou de passar a mão por eles. Está bem mais forte, bem mais alto. Que cena de filme clichê.

- Tudo bem. An, o estado dela não é grave, mas fraturou a clavícula esquerda, foi a pior coisa que aconteceu. Mas ainda tem uns ralados na perna direita, cintura e deixou as costas dela bem roxa.

- Então ela não vai ficar muito tempo desacordada, né? - Pergunto preocupada.

- Vai, sim. Demos um sedativo e soro para ela. Só para conseguir dormir e amenizar a dor. Ela vai ficar bem, vamos tratar a clavícula.

- Ok, an... Obrigada, mesmo. Acho que ela está em boas mãos. - Digo me sentando e tentando ficar um pouco mais aliviada.

Assim que me sento, Dylan chega e me entrega as chaves de casa, mas ainda não olhou para sua esquerda (onde está Peter.)

Peter pigarreia, talvez para chamar minha atenção e falar algo. Ou talvez para chamar atenção de Dylan. Porque Dylan se vira para ele.

Certamente o reconheceu, mas pelo menos não expressou nenhuma reação ruim a ponto de rolar alguma briga. Apenas estão se encarando como se estivessem se batendo com os olhos.

- Bom. Se quiser pode ir para a sua casa, sua amiga está em boas mãos. Poderá visitar ela amanhã, caso queira. - Peter diz e logo em seguida, vai embora, entrando no quarto onde está Amanda.

- Uau. Não achei que veria ele de novo. - Diz Dylan, se virando para mim.

- É... Foi bem... Constrangedor.

- Quer me contar o motivo da briga das duas? - Dylan se senta ao meu lado.

- Na verdade mesmo eu quero é esquecer esse dia. - Digo me encostando no encosto da cadeira, tentando me acalmar ao máximo.

- Quer que eu compre algo? Um salgado? Uma coca? Lembro que coca era sua bebida preferida.

- Ainda é, Dylan. E sim, aceito uma coca, por favor. - Olho para ele com cara de cansada, acabada e preocupada.

E então vejo Dylan se levantando, indo pelo corredor e virando à direita, onde já não o vejo mais. Mas olho para frente e a janela do quarto está aberta, bom, as cortinas estão abertas. Peter estava olhando em minha direção, mas do nada a cortina se fecha, provavelmente um outro médico que o fez.

Cinco minutos depois eu estava arrumando minha carteira para ir embora (separando dinheiro do ônibus.)
Dylan chega ofegante, mas chega com a minha coca.

- Por que está tão ofegante? - Pergunto curiosa.

- A máquina de refrigerante estava bem longe, então resolvi comprar fora do hospital, mas lá estava com uma fila enorme. Fui correndo até a máquina e voltei correndo até você. E aparentemente cheguei na hora certa, já vai embora, né?

- Já, sim. Te deixo me acompanhar. Não quero que fique sozinho. Mas chegando em casa, vou pedir para que vá embora, vou querer descansar. O dia começou bom e terminou péssimo.

- Não, tudo bem. Com tanto que eu te deixe em casa, em segurança, está de boa.

Dou um meio sorrisinho forçado para ele e então nós vamos para minha casa. Dylan pediu um Uber para que possamos ir mais rápido, para que eu descanse o mais rápido possível. Chego em casa, me despeço dele com um beijo em sua bochecha e agradeço ao motorista. Dylan não saiu do carro, pois ele pediu uma outra rota, no caso, para sua casa.

Abro a porta, fecho a mesma e deito no meu colchão. Sei que não ia cair no sono agora, mas mesmo assim, fecho meus olhos para tentar a sorte. Pouco tempo depois sou surpreendida com palmas em frente a minha casa, eu, sem coragem e força alguma, abro a porta da minha casa e coloco minha cabeça para fora e vejo quem é.

É Dylan.

Mas por qual motivo? Achei que ele tivesse ido embora. Assim como eu pedi que fizesse. Não falo nada mas vou até o portão de entrada e o abro. Ainda não falo nada, porém Dylan percebe minha cara de dúvidas e começa a falar:

- Lembra daquela minha história da maior burrada da minha vida? - Respondo que sim, num manuseio de cabeça. - Então. Perdi ali quem eu amava. Fui fraco e não consegui ficar do lado dela. - Continuei ouvindo de boca fechada. - Não quero cometer esse mesmo erro com você. Sei que está péssima por conta da sua amiga e de um jeito ou de outro, precisa de um ombro amigo. A gente voltou para a vida do outro e não quero te perder de novo e...

- Você nunca me perdeu. - Corto ele. - Entra. - Dou espaço para ele entrar. 

Por mais que eu tenha parecido meio fria agora, eu estava mal demais para ouvir sobre melancolia, então só resolvi deixar ele entrar mesmo.
Deitamos no meu colchão e lá ficamos, em silêncio. Dylan se vira para mim, começa a me fazer cafuné.

E adormeço.

Um Dia Muda Uma Vida (Em Revisão)Where stories live. Discover now