Capítulo Doze

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Dylan (Quinze anos de idade)

A diretora do orfanato me acorda para me dar uma notícia de que alguém queria me adotar, e que viriam me ver na hora do almoço. Levanto bem rápido por estar ansioso e um tanto que feliz pela primeira vez em bastante tempo.
Pelo que ela disse, entraram no site do nosso orfanato e olharam as fotos e descrições das crianças aqui ( e de verdade, olhando assim é bem estranho, parece que vão comprar crianças no mercado negro. Não façam isso em casa.)

São meio dia e já estou arrumado para conhecer o pessoal e fico imaginando como eles são, se vou ter uma mãe, um pai, ou os dois, ou nem sei mais o que. Meio dia e meia toca a campainha, a cuidadora vai até a porta e a abre.

- Olá, me chamo Paolo e esse é meu filho Ruan. A senhora é a diretora? - Diz o homem assim que passa pela porta.

- Não, não. Na verdade eu sou a cuidadora, mas podem vir aqui que levo vocês até ela. - Diz a dona Beth, com um sorriso simpático.

Paolo e seu filho passam por mim e as outras crianças dando um aceno de mão. Bom, Paolo faz isso, seu filho só olhou de cara feia para todas as outras crianças. Percebi que não vou ter uma boa relação com ele, se realmente Paolo for ficar comigo.
Trinta minutos se passam e a diretora vem com o pai e filho até a sala e pede para que eu me levante, para que Paolo me veja.

- Então você é o Dylan? - Fala Paolo, com um sorriso e se aproximando de mim. - A diretora me falou da sua história, e me pediu para que se eu ficasse com você, tomar muito cuidado com tudo que envolve você ou sua história. - Ele olha para seu filho e o chama para ficar ao seu lado. - Esse aqui é Ruan, meu filho. Nós três vamos dar uma volta, gosta de sorvete? Assim a gente se conhece melhor. O que acha?

- Ah, eu... Acho uma boa ideia. - Tento ser o mais simpático possível.

"Sorveteria Tio João", é o nome de onde nós estamos. Ele me deixou escolher o sorvete que eu quis, e fez o mesmo com o filho dele. Assim que nos sentamos na mesa da sorveteria, a gente entra no assunto da adoção.

- Então, você gostaria mesmo de ser adotado, ou prefere sair de lá na maior idade? - Pergunta, Paolo.

- Olha, eu poderia dizer que não vai fazer muita diferença na minha vida, pelo simplesmente fato de estando lá dentro ou não, vou ter que ir para a escola. Mas pelo menos aqui fora me sinto bem mais livre.

- Com certeza. - Paolo dá um risinho. - Já trouxe até Ruan aqui para vocês se conhecerem já.

- Não sei se vai adiantar muito. Desde que passaram pela porta, seu filho olhou todo mundo de cima para baixo como se fossemos um pedaço de bosta. Incluindo a mim.

- Bom, eu ficaria do mesmo jeito que você, Dylan. Também não gostaria de ser fitado o tempo todo. Ruan gosta de ser filho único e não gostou nem um pouco da idéia de que a mãe dele iria querer adotar outra criança.

- E onde está a mãe dele? Digo, sua mulher?

- Ela está muito doente e não pôde vir. Mas foi ela quem te escolheu pelo site do seu orfanato.

- Não sei se gosto dela por ter me escolhido ou se sinto dó.

Paolo ri, por final. Passamos algum tempo sem falar nada, apenas comemos o sorvete e aproveitamos o ar-condicionado da sorveteria, por causa do calor extremo. Sério, eu odeio o calor com todas as minhas forças, prefiro o frio. Prefiro mil vezes o frio. Tanto que como sorvete gelado, não quente.

Tempo vai, tempo vem, conversas vão, conversas vem, até que voltamos para o orfanato e ele me diz que vai ficar comigo, que vou ser o novo irmão do filho dele. Ele é legal, o Paolo, não o Ruan. Mas não sei, eu iria preferir ficar aqui. Mas decido ir, aqui não vou ter muito tempo livre mesmo. Subo para meu quarto, faço minhas malas, me despeço das melhores pessoas do orfanato, a tia da cozinha e por fim, vou embora com Paolo e o demônio do filho dele.

Demoramos meia hora para chegar na casa dele, eles moram quase saindo da cidade. A casa não tem garagem, então ele deixa o carro em frente ao portão mesmo. Assim que eu entro, sinto um cheiro de strogonoff de frango e me da uma fome imensa. Paolo me mostra onde fica meu quarto e aparentemente é ao lado do Ruan.

Tempos se passaram e eu conheci a mãe de Ruan, se chama Alissa. É loira e bem humorada, quase esqueci que ela estava bem doente. Sei que se eu lembrasse disso na hora da conversa, iria perguntar o que ela tinha, e sei também que iria acabar totalmente com a alegria dela.
Comi muito, hein. Não havia almoçado antes de sair com Paolo e seu filho, só comi agora.

E não, não esqueci de Ashley, só não sei se ela se esqueceu de mim. Eu quero me desculpar com ela por tudo o que aconteceu, por eu ter deixado ela em perigo, mas não sei com que cara vou chegar para ela, com o rabo entre as pernas.
Tudo bem que a gente não brigou, não aconteceu nada com ela, mas mesmo assim, fui culpado por ter deixado ela em perigo. Preciso falar com ela. Mas por um bom tempo não vou procurá-la.

Um Dia Muda Uma Vida (Em Revisão)Where stories live. Discover now