Oculto

Capítulo 12

O pen drive estava em cima da mesa, jamais foi tirado deste lugar nas últimas quatro horas. A dúvida e insegurança reinavam na mente de Leslie. Temia o que poderia encontrar, mesmo acreditando que não havia nada de interessante ali. Distraiu-se mais uma vez, onde seus pensamentos buscavam por caminhos diversos até aquele momento, contudo, foi interrompida pelo som do celular, assim que o pegou atendeu, sem ao menos ver quem era.

— Alô – diz.

— Ele está vivo – exclama a voz do outro lado da linha.

— Quem está falando e quem é ele? - questiona rispidamente.

— É o Afonso, Leslie, e eu estou me referindo ao Renan – explica preocupado.

— Vivo? Isso é impossível – assegura.

— Ela o viu, a garota, alega que viu o homem caminhando e o Rubens também – informa.

— Impossível – afirma.

— Se apenas Isis o tivesse visto eu concordaria com você, mas Rubens não tem motivos para mentir – garante parecendo preocupado.

— Nós o vimos morto, quando o encontramos não havia dúvidas de que estava morto, não existe essa possibilidade – exclama pensativa.

— Penso da mesma maneira, no entanto, como explicar o que eles puderam ver? O que posso fazer é investigar pela cidade e verificar se mais alguém o viu - propõe.

— Faça isso por enquanto, eu vou tentar investigar algumas coisas aqui, sinto que tem algo muito estranho acontecendo referente a esse caso e a cada dia que passa essa situação piora – fala pensativa.

Eles conversam sobre mais algumas coisas, e Leslie não lhe conta sobre o pen drive, por não saber o que fazer com ele, prefere guardar essa realidade apenas para si mesma.

Isis agora deitada em sua própria cama começa a tentar realmente relaxar, sua mente está parecendo um turbilhão. O momento em que viu Renan volta a se repetir dentro de sua cabeça a garota se esforça para entender o que pode ter acontecido para que esteja vivo, entretanto, nada justifica o retorno dos mortos.

Ágata entra em seu quarto e sente-se penalizada, não quer conversar sobre isso de novo e não pretende deixar a menina perdida em seus próprios pensamentos.

— Vamos levantar garota, é o momento de fazer algo para se distrair – fala a amiga.

— Não quero fazer nada, preciso apenas entender, como ele sobreviveu – comenta.

— Esse não é seu trabalho Isis, deixe que o Afonso e o Rubens cuidem disso, afinal estão aqui para isso – fala e se acomoda na cama.

— Você está certa, mas sei que ele vira atrás de mim, e não quero ser pega de surpresa – explica.

Ágata entende o que a amiga diz, entretanto, não consegue se importar tanto. A verdade é que para a garota Isis estava apenas estressada e tendo alucinações, não existe uma maneira de ele estar vivo, ela mesma viu o corpo, chegou a tocá-lo e ele  estava completamente morto, portanto, a pobre menina deveria estar apenas ansiosa demais com tudo o que estava acontecendo.

Elas permaneceram mais um tempo no quarto, no entanto, foram interrompidas com fortes batidas na porta. Isis assustou-se, seus olhos mostravam o medo que sentia, sua amiga tentava ser a racional, mas temia por quem estava ali.

— Por favor, não atenda – suplica.

— E o que faremos, vamos nos esconder? - indaga Ágata preocupada.

— Não sei, e se for o Renan? - questiona tenebrosa.

— Eu vou atender – afirma e sai do quarto.

Sem aguentar a ansiedade, Isis vai atrás da garota, seu coração dispara cada vez mais a cada passo que dá, o medo invade seu coração, enquanto tenta entender o que de fato esta acontecendo.

Sem hesitar Ágata abre a porta e se surpreende com o que vê do outro lado. Os detetives estão parados segurando suas malas, assim que a porta é aberta entram com agilidade deixando as duas garotas sem entender o que estão fazendo ali.

—Vieram se despedir? - investiga Isis.

—Você é sempre tão engraçada? - questiona Afonso.

— Foi uma pergunta séria – assegura.

—Talvez não goste da resposta – argumenta Rubens.

— O que estão fazendo? - questiona Ágata.

— Vamos morar aqui com vocês – afirma Afonso.

O silêncio reina, essa novidade foi capaz de deixá-las muda. Nossa heroína começou a entrar em desespero, um leve alívio percorreu o seu corpo, mas ela não conseguiu senti-lo devido ao medo. Claro que se sente mais segura com ele, por mais estranho que isso possa parecer, todavia, não sabia como controlar o que sentia, independente do que acontecesse no fim estaria magoada.

— De quem foi essa ideia brilhante? - indaga a garota tentando controlar como se sente.

Afonso encara Isis, percebeu como estava tensa, mas isso para ele era divertido, sabia como a garota se sentia perto dele e achava isso intrigante, além de se divertir, seriam dias memoráveis.

— Com certeza, da pessoa mais inteligente da equipe – fala olhando nos olhos dela.

A menina tentava se manter intacta, contudo duvidava se deveria sentir todo o formigamento no meio das pernas enquanto estava sendo desafiada.

— Duvido que Rubens pensasse que isso seria uma boa ideia – diz encarando-o.

— Finalmente alguém que reconhece que sou o mais esperto – fala o detetive.

— Calado Rubens – ordena o outro.

— Vocês não vão ficar aqui – afirma.

Afonso sorri com a coragem da garota, sabe que ela está com medo de Renan e mesmo assim não o que por perto, isso apenas o motiva a ficar.

— E por que eu não ficaria? - questiona.

— Não tem quarto para vocês aqui – fala, sente-se constrangida com seu próprio argumento.

— Posso dormir na sala – propõe sem se importar.

— Ou, eu posso dividir o quarto com Isis e vocês ficam o meu – sugere Ágata.

—  Adorei a sua ideia – assegura Afonso.

— Amo ter um quarto só para mim – mente.

— Não importa, no fim sempre dorme comigo – recorda Ágata.

— Não dorme sozinha? - indaga Afonso intrigado.

A garota não responde, envergonhasse de sua fraqueza, não gostaria que ele soubesse de nada referente a ela, então encara a amiga mostrando que não gostou de ela ter contado, a outra não percebe seu descontentamento, está ocupada demais olhando para Afonso como se tivesse ganhado sua refeição favorita.

O detetive por outro lado, sorri sabendo que conseguiu o que queria. Agora morando com as garotas seria ainda mais fácil de descobrir tudo o que precisava.

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