Capítulo 1

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— Vamos Ágata, acorde – chama Ísis.

Ela esta novamente agachada ao lado da cama da amiga que dorme tranquilamente, no entanto este sono calmo parece ser ameaçado por uma criatura que aparentemente não sabe lidar com o cansaço alheio.

Insatisfeita por não conseguir acordar a amiga, Ísis começa a puxar o cobertor, mostrando claramente o seu desespero. Seus olhos olham fixamente para a janela como se algo fosse surgir dali.

O coração bate com tanta velocidade que é possível acreditar que logo sairá de seu corpo, ela sente frio devido a roupa curta e sem mangas que usa, contudo não ousa mexer-se, algo a amedrontou a ponto de não deixá-la sair do lugar.

— Acorde, por favor – suplica um pouco alto demais, Ágata acorda assustada e rola caindo do outro lado da cama.

— O que houve Ísis? – indaga gritando.

A amiga levanta e vai até ela ajudando-a a voltar para a cama, tentando inutilmente esconder um sorriso.

— Eu não consigo dormir – choraminga sentando-se ao lado de sua protetora.

— De novo? Queria entender porque se acha no direito de me acordar toda vez que isso acontece – resmunga deitando-se.

— Não é isso Ágata, eu só não quero ficar sozinha – explica cabisbaixa.

— Mas eu sinto sono e não quero ficar acordada – exclama irritada.

— Tudo bem, vou deixá-la dormir – diz sentindo-se culpada.

Ela levanta-se para sair, mas é impedida pela mão da amiga que segura a sua. Ísis encara Ágata e fica por um tempo em silêncio esperando que a outra tome uma iniciativa.

— Vem, dorme aqui comigo – convida Ágata, após alguns minutos.

Ísis quer desesperadamente aceitar, pois a ideia de ficar sozinha a amedronta, entretanto a culpa toma conta de si, impedindo-a de concordar imediatamente este convite.

— Não precisa, vou para o meu quarto – fala tentando soltar a própria mão.

— Eu sei que não irá para o seu quarto, vai acabar dormindo no chão ao lado de minha cama de novo – recorda-a e sorri. — Para de ser teimosa, pois não irei convidar de novo – afirma, fazendo a amiga sorrir.

— Tudo bem, mas prometo que a partir de amanhã isso não acontecerá mais – diz parecendo feliz e começa a subir na cama, acomodando-se ao lado de Ágata.

— Como ousa prometer algo que não vai cumprir? – indaga.

— Vou me esforçar, mas sabe que desejo ir embora daqui, eu não gosto desta casa – reclama novamente, Ísis não se importa com o horário, ela apenas deseja que sua vontade seja feita.

— Quando vai perceber que não tem escolha? Lembra-se que para acreditarem que está traumatizada deve passar pelo menos um ano neste lugar? – questiona, fazendo com que a outra suspire por conta do desgosto.

— Por que não vamos para outro lugar? Eu realmente não gosto daqui – confessa.

—Consegue se lembrar de que não tivemos escolha? Bom, eu me recordo muito bem, dos policiais questionando sua postura quando ficou paralisada encarando o investigador – conta e sorri um pouco ao lembrar-se.

—Aquilo foi um terrível acidente, já lhe disse que ele me fez ficar daquela forma.  Eu não posso ficar perto dele – afirma lembrando-se de toda a sua vergonha.

— Não pode por que ele te deixou insegura, por conta daqueles lindos olhos verdes que parecem duas pedras preciosas e não paravam de olhar para você? – pergunta rindo.

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