Capítulo 6

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— Não, o é muito parecido com o do homem encontrado com a Isis, parece que ele simplesmente dormiu – informa e encara o corpo por um tempo antes de voltar a olhar para ela.

— Isso está cada vez mais estranho – murmura Leslie enquanto anda pela pequena sala.

— E sinto que pode piorar, julgamos que estava morto a no mínimo três dias, mas nada indica em seu corpo, é como se tivesse morrido a algumas horas. Esta história não para de ficar estranha Leslie – fala olhando dentro de seus olhos.

O arrepio que percorre o seu corpo faz com que tenha vontade de fugir dali, mas seu coração tenta em todo momento lhe mostrar que esta no lugar certo, mas a única coisa que deseja fazer desde quando acordou é voltar para a cama.

Quando o coração voltou a disparar pensou que um atestado não seria tão ruim e ficar deitada em sua cama assistindo televisão enquanto se entope de comidas indevidas não era uma ideia tão péssima.

Ao olhar para o lado esquerdo, depara-se com a Raquel encolhida no canto da porta, parecia tão assustada que dava pena, seu desejo não era outro a não ser demiti-la, mas seu coração que em muitos momentos era mais delicado do que deseja a impedia de colocá-la no olho da rua, tudo o que lhe restava era aceitar que sua vida não seria fácil de nenhuma maneira.

— Já estão investigando isso? – questiona.

— Claro, não desejo perder tempo – afirma.

— O objeto que encontraram onde está? – indaga olhando para os lados.

Ramon pega um saco preto e ao entregar, seu desanimo cresce quando percebe como é pequeno, não sente que conseguirá descobrir algo com aquilo.

— É apenas isso – insiste com a esperança de que estejam escondendo o tesouro.

— Sim, não nos empolgamos muito, pois pode ser algo que esta lá há anos, o lugar não parecia muito limpo – assegura.

— De qualquer forma irei averiguar – garante segurando com firmeza o que conseguiu.

— Não espero menos de você, sei que vai se dar melhor com isso e logo encontrará o culpado – fala demonstrando uma esperança sincera.

Aparentemente eles também não aguentam mais o caso, pois é como se nunca fosse ser solucionado. Os homens não pareciam estar mortos, é como um sono profundo, mas eles não respiram.

Leslie observa o rapaz novamente que agora já tem os olhos fechados, em sua mente tenta imaginar como ele parece estar tão bem quando já morreu faz mais de três dias, algo em sua cabeça a dizia que a resposta está clara, no entanto ela não consegue encontrar o que procura.

— Vou deixar vocês trabalharem e qualquer coisa me informem – exclama indo em direção à porta.

Raquel adianta-se e sai antes da chefe, sua palidez denúncia o medo que sente por ir em lugares assim, o que ela mais se arrependia em sua vida era de sua profissão. Suas pernas ágeis sobem as escadas com uma presa que não demonstra o cansaço por estar andando com tanta rapidez.

No momento em que Leslie consegue alcançá-la já estão de volta no escritório onde ela finalmente respira aliviada.

— Não gosta muito de ver os mortos Raquel? – indaga querendo se divertir um pouco.

— Não, senhora – afirma ainda impressionada.

— Jamais poderei acreditar nisso, imagina em uma ação como reagiria – comenta apenas para irritá-la.

— Já matou alguém? – questiona.

A garota estremece, sente o suor escorrer pelas suas costas e agradece por ser em um lugar em que esta coberto. O medo toma conta de si, não pode permitir que o seu segredo seja revelado e sabe o que deve fazer com pessoas que desconfiam de si.

— Ainda não tive a oportunidade – mente.

Leslie olha para a garota que parece mais um bicho assustado e sente pena da mesma, acredita fortemente que ela esta no lugar errado.

— Então é por isso, se tivesse tido essa experiência não teria tanto medo – afirma e se dirige para sua sala.

Raquel finalmente respira aliviada, pensou que jamais ficaria liberada desta missão. Em todos os momentos que fica na delegacia, o que mais faz são pesquisas, para si e para os colegas. Não gosta de estar em ação e teme a todo o momento voltar a ser quem era.

A ansiedade crescia o tempo todo esperando que alguém resolvesse demiti-la. Sua maior dificuldade era tomar decisões por si própria. Sua vida sempre foi movida e direcionada por seus pais, no entanto após o acidente teve que aprender a virar-se sozinha e precisa de fato do emprego, seus gastos eram altos e não tinha outra alternativa para conseguir os remédios de que precisava.

Agora sentada em sua mesa esperava conseguir realizar algumas pesquisas que seus colegas haviam pedido, esperando que logo fosse concretizado o que deseja.

No momento em que entrou em sua sala, Leslie pegou o plástico que tinha em mãos e guardou em uma gaveta com chave, preferiu guardar ali ao invés de levar a sala destinada. Este é o caso que deseja estar a frente e se deixasse a única possível prova que tinham nas mãos de outras pessoas perderiam o pouco que estavam conseguindo realizar.

Pensou em ligar para o Rubens, queria contar o que estava acontecendo ali, gostaria que ele soubesse que tinha mais uma vitima e que estavam com ela. Pegou o telefone e quando começou a discar o número desistiu no mesmo momento.

O nervosismo era maior do que todos os que já sentiu, recordou-se da última ligação e da vergonha que sentiu quando desligou o telefone, não queria se sentir assim de novo.

Controlou-se e decidiu que falaria com ele quando recebesse alguma mensagem, iria esperar uma iniciativa, tudo neste momento era melhor a passar vergonha de novo.

Sabia que essa atitude pode ser considerada um pouco imatura, e talvez realmente fosse, no entanto não podia deixar que isso se tornasse ainda mais pessoal, Rubens sempre seria um de seus funcionários e não merecia estar em um fogo cruzado.

Por outro lado, não sabia de fato até que ponto o que tinham poderia ser algo importante, iria primeiro avaliar e depois poderia pensar em contar para ele e Afonso, pois com uma vítima recente quando Isis não está por perto mudaria muita coisa no caso.



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