Capítulo 9

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— Eu já disse… Eu… Pare de dizer isso, não matei ninguém – murmura.

A garota se afasta e paga a toalha que estava usando, volta a enrolá-la em seu corpo como se sentisse vergonha de si mesma, sua vontade era levantar e destrancar a porta, no entanto não conseguia se mover neste momento.

Afonso, mesmo que gostasse de negar sentia-se desconfortável com o que estava acontecendo, toda essa história estava confundindo sua cabeça, ele começou a acreditar na garota e isso era inaceitável.
Sabia que ela estava apenas tentando manipulá-lo.

— Você pode convencer pessoas com esse seu jeito Isis, mas a mim não, jamais irei confiar em ti. O que anseio é vê-la atrás das grades e sei que logo irei conseguir isso – fala e se afasta.

A menina não o responde, nem se arrisca a encará-lo, o maior problema é a confusão em sua mente, por não se lembrar exatamente do que realmente aconteceu não conseguia afirmar novamente que era inocente, neste sentido gostaria de ser como Ágata, ela não tinha problemas com mentiras.

Quando percebeu que ele não estava mais na sala, deitou-se e ficou ali, esperando o seu coração parar de bater tão forte, pois por mais que quisesse negar, ainda o desejava.

Seus olhos foram se fechando lentamente, no entanto voltou a despertar quando viu algo na janela, era um capuz, podia sentir a presença de alguém, contudo não conseguia ver o rosto.

Pensa em levantar e fugir, mas não conseguiu, seu corpo não se mexia, podia ver alguém a encarando, contudo não conseguia ver o rosto.

Estamos perdendo tempo.” - disse algo em sua mente.

Isis forçou o corpo a reagir, mas nada acontecia, seu desespero começou a aumentar, queria ir embora dali, o medo a invadia.

“Pare com joguinhos e lembre de quem você é, ela não a protegerá. Se tiver que escolher entre vocês duas, quem acha que vencerá?” - falou a voz novamente.

Neste momento, ela voltou a encarar o capuz, viu um rosto embasado e olhos vermelhos a encarando, eles estavam próximos ao seu rosto, como se fossem pegá-la, quando começou a gritar…

A garota foi de encontro ao chão, ao que tudo indica tinha se mexido demais. Levantou e pegou a toalha que tinha caído, respirou fundo e resolveu sair dali.

Ela nunca conseguia dormir e este sonho era algo novo, pois parecia uma lembrança real. Pensou que encontrar Ágata era sua melhor opção, falaria sobre o sonhos com a amiga e iriam juntas para casa, poderiam conversar até que ela finalmente se distraísse e essa pressão saísse de seu peito. No entanto, assim que se aproximou da cafeteria do spa, deparou-se com algo completamente desagradável.

Viu que Afonso conversava animado com sua amiga, decidiu que iria para casa sozinha, agradeceu a si mesma por já ter colocado suas roupas, se aproximou deles sentindo-se nervosa.

Quando chegou ainda mais perto lembrou-se do sonho e percebeu que não deveria falar sobre ele com ninguém, eles realmente pareciam muito íntimos.

— Amiga, já colocou sua roupa? - indaga Ágata.

— Sim, vou para casa, estou me sentindo cansada – mente.

Afonso a encara, parece que ele também já estava de saída e ela desejou ardentemente que os encantos de sua amiga fossem fortes o suficiente para fazê-lo ficar.

— Mas já, deveria ficar aqui, você parece tão tensa – fala e sorri.

— Vou ler, isso sim vai me ajudar muito – afirma e começa a sair.

Pensa que o mais rápido que andar a fará ganhar tempo, pois ele vai sair do seu pé, a garota quase começa a correr, no entanto assim que vê o Rubens começa a andar mais devagar, não quer que ele a trate como uma criminosa.

— Sou o único que não quis vir no spa? - indaga o rapaz.

Isis começa a rir, ele parecia diferente, não a julgava ou a intimidava, estava fazendo o trabalho dele sem tentar incriminá-la antes de concluir o caso.

— Te garanto que não perdeu nada – diz quando se aproxima.

— Imagino, vai embora sozinha? - questiona deduzindo onde o amigo estaria.

— Vou a uma biblioteca – informa.

— Posso acompanhá-la? Acho que o Afonso vai ficar um pouco mais ai – diz.

— Claro – fala e começam a caminhar.

Só de pensar que Afonso e Ágata provavelmente fossem fazem algo juntos sente o seu estômago revirar, ela não desejava isso de nenhuma maneira.
Ficou pensando que somente desta vez a amiga poderia pensar nela primeiro e não se envolver com o detetive que já a incriminou, isso era horrível e o fato de ele despertar algo nela, também a fazia recriminar a amiga mesmo que ela não soubesse.

— O que houve, ficou calada do nada – comenta Rubens enquanto caminham.

— Não é nada, eu só não queria um envolvimento do seu colega com a minha amiga, ele só quer me incriminar, não quero que a magoe – fala diretamente.

Rubens a analisa, ele pode ser um pouco lento para perceber que Leslie sente algo, contudo para observar os outros é um cara muito esperto, percebeu a forma que Isis e Afonso se observam e sabe que ambos sentem algo, mesmo que estejam lutando contra isso.

— Tem certeza que o seu único problema sobre eles se envolverem é, ele a magoar? - questiona.

A garota sente-se envergonhada, não estava pronta para esta pergunta. O discurso que sua mente criou não tinha objeções e isso a impossibilitava de mentir, incomodando-a demais.

— Tudo relacionado a eles se envolverem me incomoda – diz envergonhada.

— Entendo, isso explica muita coisa – murmura.

Eles voltam a ficar em silêncio, isso poderia ser constrangedor, mas não era. Ambos gostavam de poder refletir, de se fechar em sua própria mente, por este motivo não se incomodavam com a quietude.
Isis para de andar bruscamente, em frente a biblioteca ela vê o que mais teme, ele está ali aquele que pôde ver com os próprios olhos morto, sente o seu corpo se perder e a escuridão tomar conta de si antes que pudesse se controlar.

Rubens segura a garota em seus braços, ele viu um homem a olhando e pensou conhecê-lo de algum lugar, porém teve que desviar o olhar para socorrê-la e quando o procurou novamente o homem já estava correndo.



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OcultoWhere stories live. Discover now