Capítulo 5

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A delegacia não parecia mais a mesma, o silêncio agora reinava e cada um buscava realizar da melhor maneira o seu trabalho. O objetivo de todos era o mesmo, terminar o horário necessário e ir para casa.

Leslie estava sentada no mesmo lugar já fazia algumas horas, ela olhava para as fotos do caso de Isis, não conseguia imaginar como uma garota aparentemente tão delicada poderia matar um homem sem deixar nenhuma suspeita.

Se isso de fato aconteceu, então eles precisariam rever todos os funcionários, inclusive ela, pois não era comum deixar algo assim passar, sentia dentro de si que não queria que ela fosse considerada culpada, pois se isso realmente acontecesse, sua delegacia seria comprometida junto com todo o seu trabalho.

Lembrou-se dos detetives e decidiu que ligar não faria mal algum e já com o telefone em mãos discou o número de Rubens, ansiando por ele atender.

— Alô – diz o homem do outro lado da linha.

Sua voz, causou no corpo da mulher algo que jamais desejou sentir, não por seu colega que está em um cargo inferior ao dela. A resposta não é imediata e ela aperta os lábios entre si a fim de acalmar-se e poder falar com ele demonstrando tranquilidade.
— Rubens – exclama sentindo o calafrio aumentar mostrando claramente que o deseja.

— Leslie, está tudo bem? – questiona preocupado.

O detetive tenta disfarçar a maneira que ela o deixa, seu coração disparado mostra como deseja estar ao lado dela neste momento. Após olhar em direção Afonso e perceber que ele está ocupado conversando com alguns vizinhos, Rubens afasta-se rapidamente a fim de ter mais privacidade.

— Sim, só quero saber mais sobre o caso – mente, tudo o que ela deseja é estar com ele.

— Não tenho nenhuma novidade desde os últimos trinta minutos, viu que eu a respondi? – indaga.

Leslie respira fundo e coloca a mão livre em seu rosto sentindo-se completamente envergonhada, sabia que estava exagerando e agora o pior era saber que ele também sabia.

Quando sentiu-se um pouco recuperada, decidiu acabar logo com o que havia começado para não ter mais constrangimentos.

— Desculpe, não havia visto – mente novamente. — Vou verificar mantenha-me atualizada – ordena e desliga.

Rubens ainda a chama, no entanto quando percebe que ela desligou respira fundo e olha para o telefone sabendo que isto poderia ser evitado, o fato é que não sabia ao certo o que ela queria, mas sabia que gostava de ouvi-la falar.

A delegada coloca o telefone na mesa, no mesmo momento em que está se amaldiçoando. A vergonha estava estampada em seu rosto, mesmo sem ter ninguém para vê-la tudo o que desejava era esconder a própria face, tamanha era sua vergonha.

A porta de sua sala é aberta com força e uma de suas policiais entra, seu semblante sério mostra que o assunto pedirá mais dela do que deseja oferecer, mas a sensação melhora quando se lembra que este é o seu trabalho.

— Raquel, o que deseja com tanta urgência? – indaga tentando se recompor.

A mulher que se manteve de pé, excitou ao falar, não gostava de ser a portadora de notícias desagradáveis, mas no momento era tudo o que fazia. A verdade é que ela esta cansada deste trabalho deseja ardentemente ser demitida para usar o dinheiro que receberá em uma mudança radical de Estado, contudo jamais se sentiu a vontade para contar isso a chefe.

— Foi encontrado outro corpo – afirma deixando a outra equivocada.

— Leve-me até ele – ordena desejando saber mais sobre o caso em que seus melhores detetives estão investigando.

A garota não excita e segue em frente a Leslie lhe indicando o caminho, assim que sai da porta se direciona para um corredor estreito deixando todas as pessoas para trás. Elas começam a descer as escadas, em um espaço que parece caber apenas elas.

Após cinco lances chegam ao local destinado, uma porta mais fina do que o comum é aberta e assim que entram trancam-na com agilidade. O espaço é pequeno, mas muito bem ventilado, possui alguns aparelhos parecidos com os de hospital e muitos utensílios para pesquisa.

Leslie caminha até onde está o corpo de um homem coberto até a metade com um lençol.

— Então este é a nova vitima? – indaga analisando-o.

— Sim – murmura Raquel.

— O que sabe sobre ele? – investiga.

— Seu nome é João Figueiredo, tinha 36 anos e morava sozinho, não encontramos ninguém no quarto, no entanto foi achado um objeto parece que alguém o perdeu, ainda estamos investigando se já estava lá ou se foi deixado pelo culpado ou culpada – esclarece.

A garota afasta-se e a delegada continua encarando o corpo pálido, seus olhos estão abertos e ela sente que é possível ver algo ali, quando finalmente decide afastar-se se vira indo em direção a sua colega, mas é surpreendido quando alguém segura forte o seu braço.

Leslie se direciona com agilidade e vê João encarando-a e o aperto é tão forte que ela tem certeza que lhe deixará marcas, com a mesma rapidez seus olhos voltam a encarar um ponto distante e lentamente sua mão a solta.

Com o coração, a mulher o encara abismada tentando entender de fato o que acabou de acontecer, pois por alguns segundos acreditou que ele estava vivo.

— Não se espante, isso é normal quando faz poucas horas que foi morto – informa uma voz atrás de si.

Ela virá o corpo o mais depressa que consegue, sentindo sua respiração acelerada. Depara-se com um homem alto e musculoso, sua pele negra é um contraste com a rouba branca que usa e isso o deixa ainda mais bonito.

Ele sorri percebendo que ela realmente ficou abalada e isso o espanta, pois sempre a viu como uma mulher extremamente forte e corajosa.

— Eu não o tinha visto Ramon – informa normalizando sua respiração com rapidez.

— Não precisa dizer, já havia percebido. Impressionou-se com um morto Leslie? – indaga sorridente.

— É a primeira vez que um segura o meu braço e me encara – explica e massageia o lugar onde foi tocada.

— Ele lhe deu uma primeira vez mesmo depois de morto – exclama e começa a gargalhar junto com seu ajudante que até então estava isolado mexendo em alguns frascos.

— Você é tão engraçado que não entendo porque trabalha aqui – diz encarando-o séria.

Ramon para de rir e o outro faz o mesmo, ambos a encaram percebendo que neste dia ela realmente estava diferente.

— Isso não vai se repetir – afirma o homem que é tão grande, mas tornou-se pequeno.

— Já sabem a causa da morte? – pergunta interessada.





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OcultoWhere stories live. Discover now