Meu professor Lobisomem e seus dois maridos (+18)

Capítulo 21

Yuki termina de contar a história com lágrimas nos olhos, Lucien limpa sua bochecha com o dedo e eu abraço seu ombro tentando consola-lo. Akemi observa encostada na parede, sem querer se intrometer. Sentado no chão do outro lado da sala Akira parecia pensativo, ele mordia a unha do polegar enquanto olhava pela janela com um olhar sombrio, como se não estivesse ali. Ele esteve assim desde que saímos do bar, sem risinhos, nem gracinhas, nem sequer palavras. Sei que não sou o único que notou que ele está quieto demais, mas no momento estávamos focados no Yuki que parecia fragilizado. Mas é o próprio Yuki quem quebra o silêncio que havia se instaurado e faz a pergunta que todos queríamos saber.

- Aki? Você tá bem? Desde quando você sabe ficar quieto? – Akira tem um sobressalto, como se tivesse acabado de lembrar que estávamos ali.

- Hm? Ah, sim... – ele se levanta – uma merda tudo isso... Fantasmas do passado e esses caralhos, eu vou dar uma saída beleza? Tenho que resolver uma coisa no trabalho, não me esperem acordados...
Ele solta uma piscadinha nessa última parte, como se quisesse manter a pose descontraída, e sai antes que tenhamos tempo para responder. Nós quatro nos encaramos, confusos com sua atitude.

- B-bom... – disse Yuki novamente – Nós temos que pensar em como vamos deter o Kirio...

- Vamos deixar os problemas de amanhã para amanhã, você precisa descansar.

- Tudo bem, mas você devia ligar pra Kimaris, contar que o assassino é um lobisomem. – Lucien assentiu parecendo irritado e Yuki se despediu e subiu para o quarto

- Quem é Kimaris? – eu disse depois que ele foi embora.

Lucien já havia se levantado quando perguntei e saiu sem responder, Akemi se jogou ao meu lado no sofá.

- Você conheceu ela, sabe a loira estranha que você disse que não sabia se era homem ou mulher? Aquilo é Kimaris.

- Ahhhh, a detetive!

- Isso.

- Parece que Lucien não gosta muito dela...

- o Sr. Moore não gosta de ninguém que se meta em seus negócios e Kimaris é uma intrometida... – exclamou Akemi, então suspirou – Que dia em?

- Nem me fala, que será que mordeu o Akira?

- Nem ideia, ele se fazendo de misterioso consegue ser mais irritante que ele sendo ele, e eu achei que não dava pra piorar... Bom ele não costuma dormir fora, amanhã a gente faz ele falar.
Na manhã seguinte porém, Akira não estava em casa, ninguém sabia se ele havia voltado pra casa durante a noite. Lucien e Akemi saíram cedo para se encontrar com Kimaris. Então eu e Yuki ficamos sozinhos em casa.

- Espero que eles não se matem...

- Lucien  e Kimaris? A relação deles é tão ruim assim?

- É pior... – ele surpirou e tomou um gole de seu café.

Já eram 16h, eu estava ajudando Yuki a corrigir um trabalho de uma matéria que eu já estudei, quando Akira chegou. Suas roupas estavam sujas e seu cabelo bagunçado, ele subiu para o quarto sem dizer nada.

Chega! Não é hora pra Akira ficar fazendo joguinhos, estamos enfrentando algo sério. Se ele sabe de algo, ele vai contar. Me levanto dizendo que preciso ir ao banheiro e subo atrás dele.

Quando entro no quarto vejo suas roupas jogadas no chão e ouço o barulho do chuveiro. Penso em ir embora quando vejo sangue em sua camisa. Abro a porta do banheiro sem pensar dando de cara com Akira em pé em frente ao espelho, totalmente nu.

- A-ah.. d-des-culpa – gaguejo constrangido, Akira sorri maliciosamente com o ar engraçadinho habitual.

- Se quer me ver pelado é só pedir bebê, não precisa entrar assim.

- E..eu não queria..

- Éh? Por que não? – ele diz fingindo tristeza.

- Eu... É... – levei um tempo pra lembrar o que fui fazer ali – Ah! Akira, aonde você esteve? Você tem agido estranho desde que saímos do bar, pode ir falando! O que você tem?

- Chamou pelo nome a coisa é séria heheh... O que eu tenho? Bem, no momento tem um tarado me vendo pelado e um chuveiro me esperando.

- Para de desconversar! Você sabe de alguma coisa não sabe? E por que raios tem sangue nas suas roupas?

- Eu disse não foi? Fui resolver umas coisas de trabalho.

- Você é dono de uma boate, que coisas que você tem a resolver que envolvem sangue?

- Você ficaria surpreso... – ele suspira vendo que eu não vou desistir – Não é nada importante, pelo menos não agora. Provavelmente foi só impressão, se fosse uma certeza eu contaria, mas eu devo estar enganado...

- Enganado sobre o que?

- ... – ele demora um pouco a responder e então desconversa – qual shampoo é melhor pro meu cabelo? O de amêndoas ou o de castanha? Eu acho que é o de amêndoas, mas o de castanha tem um cheiro tão bom.

Vendo que não vou conseguir mais nada dele eu saio e o deixo tomar seu banho. Ao sair do banheiro olhei novamente as roupas dele. É, isso definitivamente é sangue... Mas de quem? Akira não estava ferido e ele provavelmente tem algum tipo de poder de regeneração... Além de que ele é um demônio, acho que isso torna ele muito forte né? Se ele não se machucou... O que ele andou fazendo?...

O tempo foi passando e o número de mortes só aumentava. Saber a identidade do assassino não foi tão útil assim. Era como se estivéssemos correndo em círculos, quando pensávamos ter pego ele, ele sumia sem dar vestígios. Uma coisa nós sabemos, ele não está agindo sozinho, algo ou alguém está ajudando ele.

Lucien está no ápice da impaciência, Yuki está sendo consumido por uma culpa avassaladora e se culpando por tudo. Akemi está estressada, Derick não para de me fazer perguntas e sabe que eu estou mentindo. E o Akira está cada dia mais estranho e distante. Está tudo desmoronando e eu não sei o que fazer!

Se ao menos soubéssemos como Kirio está fazendo isso... Se ao menos soubéssemos quem está ajudando ele... Mas não sabemos de nada... De absolutamente nada...

É o que eu pensava, até que em uma discussão em que todos se exaltaram  tentando entender que tipo de truque Kirio está usando, Akira explode.

- É magia sombria seus imbecis! Magia sombria antiga, vinda diretamente do inferno!!!

- O que? – perguntamos em uníssono.

- Como tem certeza? Esse tipo de magia é muito raro e... – começou Lucien, os olhos de Akira transbordaram em raiva contida.

- PORQUE FUI EU QUE ENSINEI PRA ELE!