Capítulo 11

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Ela tira uma carteira de cigarro do bolso colocando um deles na boca segurando a outra ponta entre os dedos até que ele comece a soltar fumaça, então ela tira a mão, e ele está aceso. Eu penso em questionar quando ela começou a fumar, mas ela começa a me encarar, e eu observo hipnotizado seus olhos azuis mudarem de cor e começarem a brilhar em vermelho.

Ela sorri.

- É bom finalmente poder falar com você.

Eu me sinto paralisado. Em choque. Mesmo que eu tivesse imaginado que por estar envolvida em tudo isso ela poderia não ser humana, e mesmo tendo ouvido tudo aquilo que Lucien me disse (e visto os olhos do próprio brilharem dessa mesma forma comprovando a veracidade de suas palavras) é muito estranho ver Akemi assim. Eu sempre soube que ela guardava segredos, mas nunca pensei que seria algo nesse nível, até cheguei a pensar que ela era filha de algum milionário e tinha vergonha de bancar a herdeira então escondia isso de nós... bom eu não errei tanto na parte do milionário... Voltando ao presente, pra mim foi como se aquela troca de olhares durasse uma eternidade, mas eu sei que não se passaram mais de cinco segundos. Fiz a pergunta que eu sei que ela estava esperando.

- ... O que você é?

- Tantaram, a pergunta que não quer calar – ela diz voltando a olhar pra paisagem, seus olhos voltam a cor azul – eu sou uma Kitsune

- Kit quem? – posso vê-la revirar os olhos

- Kitsune, é uma espécie de espírito de raposa, eu não sei muito sobre o significado disso e minhas origens já que fiquei órfã muito nova e não tenho nenhuma família de sangue. O que o Sr. Moore me disse é que as habilidades da minha espécie podem variar de acordo com a linhagem ou com o próprio indivíduo. E que eu vim de uma família de espadachins, por isso o Sr. Moore fez questão que eu aprendesse a usar uma espada.

- E quais são suas habilidades?

- Que? – minha pergunta não pareceu fazer sentido pra ela.

- Você disse que varia, quais são as suas?

- Ah... pra falar a verdade eu não controlo todas direito, o que eu sei é que posso criar e controlar o fogo e que sou muito resistente. Mas o Sr. Moore disse que podem aparecer mais poderes com a idade e o treinamento certo...

- Mesmo que fique só por isso ainda é bem maneiro... e eu me achava por saber fazer um pássaro de origami hahah

- Pff... é uma ótima habilidade, eu não faço nem aviãozinho

Nós ficamos conversando ali por algumas horas, de alguma forma essa Akemi parecia muito diferente da Akemi de antes. Não porque agora eu sei que ela não é humana, mas porque não ter que se esconder de mim de certa forma fez ela se abrir mais, ela parecia mais sorridente do que eu jamais tinha visto.
Quando finalmente resolvemos entrar, ela me levou a uma nova área da casa, parando em frente a uma porta. Ela a abriu revelando um quarto quase tão grande quanto o dela.

- Esse vai ser seu quarto por enquanto, tem poucos móveis mas pra quem morava em um apartamento minúsculo deve parecer o paraíso.

- Eu vou... dormir... aqui??? – eu entro olhando em volta, o quarto tem uma cama, duas mesas de cabeceira, um guarda-roupa enorme e... AQUILO É UM BANHEIRO??? Ela ta certa, eu definitivamente to no céu!

- Não podemos deixar você solto por aí agora que sabe sobre nós, eu sei que é tipo um sequestro mas... veja pelo lado bom, a comida daqui é ótima.

- Do que é que você ta falando? Sequestro? Isso aqui é minha salvação!

Eu vou correndo até o banheiro.

- Sequestros deveriam se parecer mais com um cativeiro e menos com uma suíte! – o banheiro é enorme, e aquilo ali é uma... – BANHEIRA??? Eu to sonhando? NÃO ME ACORDA

Ela parece rir do meu entusiasmo, não acredito que ela vivia com todo esse luxo todo esse tempo e nunca nem comprou uma empada pra mim, será que kitsunes são alguma espécie de demônio? Por que essa menina definitivamente é o capeta. Tenho que pesquisar mais... falando nisso... saio do banheiro.

- Aonde ta meu celular?

- Ah... o Sr. Moore pegou... ele vai te devolver... um dia.

- Mané Sr. Moore, nunca vi você tratar ninguém com respeito, já te vi xingando uma idosa na fila do mercado, o que há entre você e esse tal de Lucien? E por que não posso ter meu celular.

- Você está sob vigilância, até que eles decidam que você é de confiança. E trate Sr. Moore com mais respeito, foi ele quem me acolheu e criou quando eu não tinha mais ninguém... e aquela velha coroca tava merecendo era umas porradas, teve sorte que eu só xinguei

- Sei... bom se eu vou ficar preso aqui – no paraíso – é melhor trazer minhas coisas pra cá né? E vou ter que pagar rescisão de contrato pra sair do meu AP assim

- Já tá se mudando é?

- Por que não? Vocês tem que ficar de olho em mim pra que eu não revele seus segredos, e minha vida está provavelmente em risco por sabê-los. Além disso a comida daqui é mais que ótima. É tipo matar uns cinco coelhos com uma caixa d’água só!

- Não seria cajadada?

- Minha versão é mais legal.

Akemi finalmente sai deixando que eu fique sozinho no quarto, com a promessa de falar com Lucien para trazer minhas coisas para cá. Eu me deito na cama, isso tudo nem parece real. Penso em testar a banheira. Eu estou me aproveitando da situação? Provavelmente, mas se minha vida vai estar em perigo a partir de agora e eu tenho que viver sendo vigiado é melhor aproveitar né?

Mas minhas pálpebras começam a pesar, como diabos essa cama é tão macia? Estou caindo no sono... quando sinto um peso em meu colo, como se algo de repente surgisse em cima de mim.

- Já vai dormir? Mas a diversão nem começou ainda...

Abro os olhos, sentado encima de mim, um homem ruivo me encara com seus penetrantes olhos verdes. Eu lembro dele da outra noite, é um dos maridos do professor Yuki, Akira não é?

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///"Ué, os olhos do Akira mudaram de cor?" - Observações nos comentários\\\

Meu professor Lobisomem e seus dois maridos (+18)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora