Eu sempre achei que o nome Yuki combinava perfeitamente com ele, não porque sua pele e cabelos eram brancos como a neve, e sim porque, para mim, o professor era como um raio de sol em uma manhã de inverno.
A forma como seus olhos azuis celeste parec...
- Ei Kirio, Yuki, andem logo! O bando já está chegando - Gritou Alice enquanto batia na porta do quarto do irmão.
- Calma, estamos indo - grita Yuki de volta enquanto abre a porta se deparando com uma Alice furiosa.
Kirio que estava em pé atrás de Yuki encarava os dois parecendo entretido. Alice reparou nos lençóis bagunçados e nos cabelos desarrumados dos dois.
- Sério? Ao menos façam isso menos óbvio e se arrumem direito.
Kirio e Yuki se encararam rindo e entraram de novo, saindo cinco minutos depois com os cabelos e roupas devidamente arrumados. Alice esbravejou que estavam atrasados e os 3 correram para a porta da frente da mansão para aguardar o retorno da alcatéia.
Um grupo com cerca de 50 lobos vem caminhando em direção a casa. Alguns deles carregam cervos, outros coelhos, frutos de uma caçada bem sucedida. A frente do bando, quase invisível na escuridão da noite, está uma pequena e robusta loba negra que se aproxima dos adolescentes. Os numerosos funcionários da mansão se aproximam para pegar as presas abatidas e oferecer roupas aos lobos que voltavam a sua forma humana.
Alice estende um robe preto em direção a loba que se transmuta em sua frente, assumindo a forma de uma mulher tão pequena e corpulenta quanto sua forma anterior. Seus cabelos pretos e curtos estavam sujos de terra e grama, ela encara os jovens a sua frente com seus olhos igualmente escuros enquanto veste a roupa trazida por Alice.
- Boa noite mamãe - dizem Alice e Yuki em uníssono.
- Boa noite Sra. Yukimura - completa Kirio.
- Boa noite queridos - diz ela com um sorriso amigável - o ar noturno está realmente agradável hoje. Alice, Kirio, por que não vão ajudar os cozinheiros a preparar a carne para o jantar?
- Sim senhora. - responderam os dois e imediatamente se colocaram em direção a cozinha. Yuki fez menção de ir com eles, mas Medéia o parou.
- Você não, Yuki querido. Quero falar com você. - a mãe saiu caminhando pelos corredores da mansão e Yuki a seguiu.
Os dois passam por um corredor repleto de quadros com pinturas de seus antigos alfas junto aos seus filhos ainda crianças. Eles param diante do último deles que trazia a imagem de Medéia e o marido Raijin junto a seus filhos gêmeos Alice e Yuki, na época com apenas 6 anos de idade, Yuki com seu albinismo se destaca no quadro em meio aos cabelos pretos escuros do restante da família, a única coisa que ele tinha em comum com eles eram os olhos azuis que Alice e o pai também possuíam. Yuki não gostava daquele quadro, pois sempre que olhava para ele lembrava da ocasião em que viu o próprio pai morrer.
Ele tinha 10 anos quando o pai resolveu levá-lo em uma "noite dos garotos" os dois se divertiram muito acampando, até o pai começar a agir estranho. Ele parecia temeroso enquanto esfregava uma mistura de ervas no corpo do filho e o mandava se esconder nos galhos de uma árvore derrubada. Ele só teve tempo de destruir as provas da presença do filho no acampamento quando os lobos chegaram. A alcatéia rival, os lobos de GrayBack, se aproximaram de todas as direções o cercando. Yuki só conseguiu assistir enquanto o pai lutava pela vida. Ele usou suas últimas forças para atrair os lobos para longe do esconderijo do filho antes de finalmente ser deixado ali, a beira da morte. Yuki sempre se culpou por estar lá e não ter feito nada, sempre pensou que se fosse Alice em seu lugar ela não teria tido medo de lutar, nem que fosse para morrer ao lado do pai.
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