Capítulo 6

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Draco White
Horas antes

Um novo ano se inicia e com ele, um novo ciclo acadêmico tem início. Ou seja, calouros estão chegando de todos os lados, é claro que alguns irão querer entrar para o time da universidade, mas isso é uma questão para outro momento. No entanto, desejo que este ano seja diferente, isso é algo que eu preciso.

Desde que cheguei a este lugar, sinto que algo está faltando, um vazio que se recusa a ser preenchido. Tenho certeza de que é ela, minha parceira de aventuras que deixei para trás há muito tempo, aquela que estava marcada em minha pele para sempre.

Eu acredito que existem pessoas que entram em nossa vida para somar, que nos apoiam nos momentos difíceis, que nos fazem sorrir diante das adversidades. A pessoa com quem queremos compartilhar tudo e viver tudo isso. Não tê-la ao meu lado causa uma dor imensa, a dor da saudade.

- Mãe, não se preocupe, vou me alimentar melhor - repito pela milésima vez para minha rainha, mas ela, sendo a mãe coruja que é, não acredita em nada do que eu digo.

Dona Julie White é uma mulher incrivelmente obstinada e teimosa que conheço. Na verdade, ela é a segunda mais cabeça dura, pois a primeira, sem dúvida, é aquela baixinha de cachos, uma corajosa que não hesita em brigar por um estranho.

- Não acredito nisso. Você chegou aqui tão magrinho, meu filho. - suspira, conhecendo-a tão bem. Aposto que Dona Julie está sentada à mesa da cozinha, com o nosso álbum de fotos aberto sobre a mesa.

Ela tem esse costume de, quando sente muito a minha falta, ir até o quarto. Perto da cama, há uma pequena estante com algumas coisas, e na última prateleira está o nosso álbum de fotos, com imagens minhas e do meu irmão, desde quando éramos bebês até a nossa fase adulta. Esse álbum guarda todas as nossas memórias.

Quando vim para River Hill, isso foi apenas com um objetivo: ser selecionado para a equipe americana de vôlei, a principal. Durante o meu primeiro ano na Southern University, após um período, recebi o chamado para integrar a seleção sub 19 como reserva do jogador principal. Desde pequeno, sempre soube que a minha profissão seria ser jogador de vôlei. É incrível poder amar um esporte e construir uma carreira nele, e isso foi exatamente o que ocorreu comigo no vôlei.

Quando eu ainda era criança, sentado em frente à televisão, os meus olhos brilhavam ao assistir aos grandes jogadores da época competindo nos diversos torneios que aconteciam ao longo do ano. O Torneio Olímpico de Voleibol, que ocorre a cada quatro anos desde 1964, o Campeonato Mundial de Voleibol, que acontece também a cada quatro anos desde 1949 (para os homens) e 1952 (para as mulheres), a Copa do Mundo, que ocorre de quatro em quatro anos desde 1965 (para os homens) e 1973 (para as mulheres), a Liga Mundial, que ocorre anualmente desde 1990, e o Grand Prix, que acontece anualmente desde 1993 e teve sua nomenclatura alterada para Liga das Nações.

Sentir a emoção de assistir meus ídolos jogarem é uma sensação indescritível. Como um jogador talentoso, meu objetivo é conquistar tudo na seleção principal: medalhas, troféus, tudo o que estiver ao meu alcance, eu irei conseguir.

Durante minha infância, sempre fui um garoto tranquilo, calmo e nerd. Infelizmente, alguns idiotas achavam que tinham o direito de me atormentar, fazer brincadeiras de mau gosto e piadas cruéis. No entanto, um dia, uma garota mais nova do que eu veio em meu socorro. A partir daquele dia, prometi a mim mesmo que nunca permitiria que alguém me fizesse sentir daquela maneira, inferiorizado, como uma simples barata pronta para ser pisada a qualquer momento.

- Mãe, preciso me desligar, logo tenho uma festa para ir.

A festa de boas-vindas é uma tradição do Sul. É um evento organizado pelos veteranos e algumas fraternidades para receber os calouros. Como sou o capitão do time de vôlei, tenho a responsabilidade de comparecer e prestigiar a chegada dos futuros jogadores que planejam tomar o meu lugar.

- Você e suas festas, seja mais responsável, meu filho. - Eu sorrio enquanto recebe seu conselho. - Tenha cuidado com as bebidas que consome e, por favor, não faça mais tatuagens, entendeu?

Minha mãe sempre foi uma pessoa de mente aberta, nunca me privou de nada e sempre me apoiou, tanto que foi ela quem me acompanhou no estúdio quando fiz minha primeira tatuagem . Ela também estava ao meu lado quando recebi a carta de aceitação da Southern.

- Pode deixar, não planejo tatuar meu corpo novamente no momento.

Encerro a ligação e aproveito para mandar uma mensagem para Carlos, avisando que estarei saindo de casa às 19h para ir à festa.

~~

A vantagem de morar perto da praia é que posso ir andando até lá. E assim faço, saio da casa que divido com Lewis, outro membro do time, que fica ao meu lado. Chegando lá, encontro o resto do pessoal, que, diferente de mim, a maioria mora no campus.

Alex de Leon, Carlos Reed e Jason Lewis são meus melhores amigos desde o meu ingresso no River e também parceiros de equipe.

- O melhor do River chegou. - exclamou com um sorriso no rosto enquanto a música tocava. Carlos e Alex foram os primeiros a me cumprimentar.

Carlos Reid é o melhor levantador do time. Com seus impressionantes um metro e oitenta e cinco centímetros de altura, ele é o romântico do grupo. Ele entrou na Southern com uma bolsa de estudos para música e, na verdade, tem sua própria banda. Ao contrário de alguns de nós, Reid não tem intenção de seguir carreira no esporte. Seu objetivo é abrir sua própria gravadora.

Por outro lado, Jason Lewis é um central com impressionantes dois metros e dez de altura. Ele é apaixonado por culinária e é conhecido como o "pegador retina". Ele tem medo de se apaixonar e tenta escapar de Alina, uma garota que se apaixonou por ele desde que ele chegou aqui. É bem engraçado e hilário ver um cara como ele fugindo de uma garota baixinha e atrevida.

De Leon é o mais tranquilo entre nós. O rapaz, descendente de mexicanos, é conhecido por sua timidez, mas, quando entra em quadra, se torna um verdadeiro polvo, esse é o apelido pelo qual o treinador o chama. Quando se trata de defesa e passe, De Leon é excepcional, mesmo sendo o jogador mais baixo do time. No fundo da quadra, ele tem se destacado. Já vi esse cara salvar bolas que pareciam perdidas, por isso que ele é o nosso melhor líbero.

Estávamos conversando sobre a nova temporada que se aproxima, os calouros que vão fazer teste para entrar no time e, é claro, o nosso maior rival, o RedFox, o time da cidade vizinha de River Hill. Essa rivalidade entre os dois times vem de anos e só cresce quando nos enfrentamos, principalmente quando o Mike Turner, alguém do meu passado e capitão do RedFox, me vê. Sangue, suor e lágrimas são derramados por todos os lados, a atmosfera esquenta e as torcidas ficam enlouquecidas.

- Ei, cara, quem é aquela garota que está vindo para cá? - Reed me chama, apontando para uma bela deusa que caminha em nossa direção, uma verdadeira princesa de ébano.

- White? Draco White? - ela pergunta de forma curiosa.

Devo admitir que ela é corajosa e não se intimida com o meu olhar severo.

Foi então que ela me beijou, sem qualquer aviso. Uma garota que acabara de chegar me beijou, o que é algo raro e intrigante.

- Quem é você? -repito a mesma pergunta anterior.

- Tente descobrir.

A diaba responde enquanto rebola sua maravilhosa bunda, deixando-me de boca aberta e com a mente agitada.

Quando Você ChegouOnde histórias criam vida. Descubra agora