Capítulo 1

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Maite Brown

- Oh, mãe, não precisa ficar assim, está parecendo que irei morrer. Não prometi que vou ligar para a senhora todos os dias, hein?

Desde que recebeu a notícia que eu iria cursar a faculdade fora, Dona Diana Brown, não parou de chorar nenhum instante, ela só se acalmou depois que falei que iria ligar todos os dias e lhe visitaria em todos os feriados. Porém, assim que meu voo foi anunciado, ela voltou a chorar de novo.

Assim que descobrir que tinha sido aceita, procurei saber mais da Southern University. Em minha pesquisa, se revelou que essa universidade de prestígio, fica situada em San Diego, Califórnia, SU, localiza-se em uma cidade praiana conhecida pelo nome River Hill. Reconhecida por ser o berço do vôlei de quadra e de praia, vários atletas de todo país vão para lá, por saber que este é o lugar onde suas chances de serem convocados para a seleção americana é ainda maior.

Com um pouco mais de cem mil habitantes, River chama bastante atenção por ser bem receptiva com seus turistas. Além é claro, que sua grande parte da economia vem da área do turismo, suas praias são as mais belas do país.

SU fica exatamente cinco quilômetros de distância da praia. Além de ser conhecida por ter um excelente time de vôlei, o Tiger 's Blue Volleyball, S.U também tem um admirável departamento de moda, direito, filosofia, gastronomia e claro muitos outros.

- Mulher para com isso. - meu pai indaga com seu jeito bruto de sempre. - Não há razões para esse escândalo todo.

- Não há? - bate levemente em seu ombro. - Estou passando pela síndrome do ninho, seu cego. - resmunga, fazendo drama. - Nossa primogênita e sua amiga cabeça oca vão sair debaixo das minhas asas, e uma mudança minha grande para mim.

Às vezes me pergunto como esses dois foram ficar juntos sendo tão opostos um do outro. Meu pai, Oliver Brown, é a pessoa mais teimosa, tímida e calma que conheço, já minha mãe é o drama em pessoa, mas, desse jeito doido deles, eles vivem juntos por mais de vinte anos.

Oliver costuma falar que esse jeito dramático dela foi responsável pelo fato dele se apaixonar por ela, até porque ninguém espera ouvir da menina que acertou uma bola na cara:

"- Que belo anjo de chocolate."

Sim, foi exatamente isso que ela falou, com essas palavras; desde nova, minha mãe sempre foi bem para frente, desbocada, flertava com os garotos, até conhecer meu pai, é claro. E sempre que ele conta a história de como se conhecerem, é de praxe gargalhada nesta parte, fazer o que, né? Minha mãe sempre foi um pouco doida.

- Poxa tia, cabeça oca? - Danna reclama por ainda não aceitar este apelido.

- Sim, cabeça oca, por querer cursar uma faculdade tão longe. Ainda por cima arrastar minha filha junto.

- Florzinha, para de drama, você tinha conhecimento de que um dia isso poderia acontecer, além disso, ainda temos Katrina e Matthew em casa. - argumenta meu pai.

- E mãe não precisa se preocupar comigo que não vou querer sair de casa. - Katrina responde com sua voz infantil que tanto amo. E Matt complementa: - Vou continuar enchendo a senhora por bastante tempo.

- Você fala isso agora, querida, mas daqui a alguns anos vai querer sair correndo de casa. - Meu pai sussurra no ouvido da minha irmãzinha, e gargalho com a careta que ela faz.

- Ainda não acredito que você vai ir para Califórnia. - seus braços me envolveram em um abraço reconfortante que não sentia vontade de ir embora para lugar nenhum. - Você realmente cresceu meu anjo, e se tornou uma linda mulher, na qual me orgulho bastante. Embarque nesta nova experiência com a mente aberta, e sempre lembre, eu te amo mais do que tudo. - Naquele instante, todas as lágrimas que segurei, foi caindo sem permissão, é chorar é a única coisa que consegui fazer.

Todo jovem anseia pelo momento de ir embora de casa, viver livremente as aventuras que o mundo nos tem a oferecer, contudo, quando este momento chega, percebemos que a falta que nossa família iria fazer, das brigas infantis com meus irmãos, dos almoços em família que ocorre todo o domingo, essas pequenas coisas nos mostram que a família é tudo na nossa vida, é o nosso alicerce, a base de todas as tempestades que enfrentamos na nossa vida.

Em volta de toda aquela emoção, a uma voz dá alguma mulher informou os passageiros que o voo para ir para San Diego, na Califórnia, iria decolar em trinta minutos.

- Te amo querida. Se cuide e sempre me ligue. E você? - apontou o dedo para minha amiga. - Se cuide também, e tenham juízo, as duas.

- Pode deixar tia D, vou cuidar da nossa bebezinha, e manter ela longe de confusão.

- Ei, não sou bebezinha. Sou uma mulher de quase vinte anos. - protesto resmungando.

- Mas para mim você sempre será minha bebezinha, o meu xodó.

A mesma gruda suas duas mãos em minhas bochechas, as apertando da mesma forma que fazia quando eu era uma criança.

- Minha bebê. Tenha juízo.

- Obrigada mãe. Te amo. - a abraço mais forte que consigo, passo meu nariz em sua blusa exalando seu cheiro de coco. Como amo esse cheiro. E tenho plena consciência que irei sentir muita falta dele.

- Tchau, pai.

- Tchau, filha. Vá, deixa que eu cuido da sua mãe chorona. - A malícia no tom da voz dele fez com que eu e Danna retirássemos os olhos, e minha mãe ficasse igual a um tomate. A única coisa que passou pela minha cabeça foi que brevemente a família iria aumentar.

- Vamos, senão iremos perder o avião. - encarou minha mãe sorrindo, e lhe deu um grande abraço. Aproveito o momento para instalar seu cheiro de flores. Meu pai, Katrina, Danna e Matt se juntam ao abraço coletivo. - Amo todos vocês. Se cuidem.

- Tchau, cuide-se e tenha juízo.

Eles se viram caminhando em direção oposta à minha, seguindo para a saída em um dado momento, aceno para eles enquanto desaparecem do meu campo de visão.

Quando Você ChegouWhere stories live. Discover now