V - Por trás do espelho

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O silêncio se instalou no chalé, ambos encaravam Finnick adormecido. Percy ficou um pouco pensativo e receoso de perguntar, mas mesmo assim fez.

- Por que Poseidon não mandou mais ninguém?

- Nossos meio-irmãos americanos naquela época eram muito novos e espalhados por ai, não existia acampamento. Posso pai não queria arriscar a vida dos filhos... E depois teve o pacto dos Três Grandes, então mesmo depois que a feiticeira foi embora, ele não tinha mais nenhum filho para mandar nós salvar.

- Então como saíram de lá?

Dessa vez Lya sorriu e seus olhos brilharam, mas não mais só pelas lágrimas formadas.

- Luke.

- Luke?

- Ele tinha 13 anos, vivia nas ruas. Um certo dia dia resolveu se esconder em um prédio abandonado e por algum motivo divino entrou em um dos apartamentos onde eu conseguia me locomover. Foi o primeiro a me enxergar em 100 anos...

Pela primeira vez, Percy sorriu escutando um romance.

- Ele passou dias conversando e me fazendo companhia. Até que um dia um lestrigão sentiu sua presença, Luke quase morreu, mas o gigante acabou quebrando meu espelho e fui libertada. Era algo tão fácil de ser feito, que nunca imaginei que precisava apenas quebrar - a ruiva olhou triste para o espelho rabiscado, tocando seu pingente de libélula.

- E a sua espada? Ela não parece ser de bronze celestial.

Lya riu, aquela era uma pergunta frequente sempre que fazia amizade com um novato.

- Isso é história para outro dia, Perseu Jackson - ela bagunçou os cabelos dele. O jovem filho de Poseidon sorriu arrumando de novo.

A garota levantou estalando o corpo. Percy permaneceu sentado no sofá beliche da meia-irmã.

- Você nasceu em 1900, não é?... Quantos anos tem agora?

- Fisicamente? 18. Tecnicamente, 118. Foi uma grande coincidência Luke aparecer exatamente 100 anos depois... Mas vamos lá, ainda tenho que te explicar as regras do chalé!

Ela ajudava Percy a organizar seus poucos itens, enquanto ditava as regras e a lista de afazeres. O horário do chuveiro era dás 6h às 6:10 e dás 17h às 17:10, com apenas 5 minutos debaixo da água. As aulas de esgrima eram a tarde todos os domingos, terças e quintas, e como agora eles eram 2, fariam as aulas separadamente do chalé 11. Percy não sabia se ficava feliz ou triste com a última.

A canoagem era pela manhã às quartas e sábados, e durante a tarde teriam que limpar as canoas. Luz poderia ficar acessa até no máximo as 23h, ao menos que um deles queira dormir mais cedo. Deveria deixar seu lado do quarto limpo e manter pelo menos sua bagunça organizada.

Lya gravava o nome de Percy com um canivete em seu baú, enquanto conversava com o mesmo sobre sempre tentar se manter cima dos outros chalés nas atividades para não pegar muitas responsabilidades de limpeza e poder tomar banho antes dos demais.

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Lya corria pela praia no meio de uma tempestade. Havia uma cidade atrás dela. Os edifícios eram afastados uns dos outros, havia palmeiras e colinas baixas a distância.

Cem metros adiante, na arrebentação, dois homens estavam brigando. Pareciam lutadores da tevê, musculosos, com barbas e cabelos compridos. Ambos usavam túnicas gregas esvoaçantes, uma guarnecida de azul, a outra, de verde.

Atracavam-se, lutavam, chutavam e davam cabeçadas — e, a cada vez que se tocavam, caíam raios, o céu escurecia e ventos sopravam.

Merlya sentiu que precisava detê-los. Não sabia por quê. Mas, quanto mais ela corria, mais o vento empurrava de volta, até correr sem sair do lugar, os calcanhares se enterrando inutilmente na areia.

Crianças Proibidas - RiordanversoWhere stories live. Discover now