0.7 | O que faz aqui?

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Emma Myers

Para minha sorte, a Isa morava de frente para mim, era só eu atravessar a rua que chegava em sua casa.

Isso fazia eu ficar lá metade do dia, enchendo a sua paciência e ouvindo ela me contar sobre a vida de todo mundo do condomínio.

Além de minha melhor amiga, ela era minha prima, a mãe dela é irmã da minha mãe.

A Isabel é a pessoa que eu mais confio em todo o universo.

É com ela que eu conto em momentos como esse; seus conselhos, puxões de orelha, carinho e tudo mais, são minha âncora.

Ela é meu ponto de ajuda.

E eu o dela.

Atravessei a rua correndo, estava ansiosa para poder contar tudo que está acontecendo comigo para ela e ver o que ela iria achar disso tudo.

Vai que ela tem alguma ideia do que fazer e possa me ajudar a me livrar disso tudo.

Apertei a campainha e esperei alguém vir me atender.

Ouvi a porta ser destrancada e a cara feia da minha prima aparecer.

Ela era meio branca, igual a mim.

Seus olhos eram azuis claros, iguais os meus.

Nos duas éramos da mesma altura, nem baixa e nem alta, tínhamos um tamanho médio.

Ela era linda, o que faz meu comentário anterior parecer mentira — o que é. Mas amor de prima é isso.

— Oi sua feia. — me cumprimentou, gentilmente.

— Entra. — deu espaço para eu entrar na casa.

Entrei e esperei ela fechar a porta.

— O que aconteceu? Está com uma cara péssima. — disse depois de fechar a porta atrás de si e ser bem sincera

— Eu vou casar. — disse, sem enrolação, pulando todos as explicações e detalhes, só resumindo tudo e jogando a bomba no seu colo.

Ela me encarou perplexa, ela tinha sido pega de surpresa, isso é inevitável.

Ela não imaginaria que falaria isso.

Nem eu imaginaria que eu falaria isso algum dia, nunca quis casar.

— O que? — perguntou, ainda chocada com minha revelação.

— Eu vou me casar. — sorri amarelo, dando de ombros e sentando no sofá.

Eu precisava me acostumar com isso.

Me acostumar com a ideia de um casamento arranjado.

Mas como? Como que eu faria isso?

— Com quem? — depois de um tempo parada me encarando de boca aberta, ela caminhou até mim e se sentou ao meu lado.

— Com a Jenna.— respondi.

— Que Jenna? — perguntou, com a sobrancelha franzida.

— Ortega. — ela me encarou mais chocada ainda. Se é que isso é possível...

— Ortega? — parece que sua ficha está demorando para cair.

— Foi o que eu disse. — a Isabel era meio pateta as vezes, isso me irritava.

Ela suspirou tentando processar o que tinha acabado de dizer, ela parecia mais chocada do que eu fiquei quando minha mãe me disse que iria casar.

— Muita coisa para eu digerir em pouco tempo. — caiu no sofá, espantada.

— É, eu tive a mesma reação. — me joguei no sofá, igual a mesma.

— Até ontem você dizia que casamento era a última coisa em seus planos e que odiava a Jenna por ter tacado ovo no seu cabelo.... O que eu perdi?

— Muita coisa.

— Que capítulo dessa história eu pulei? O que aconteceu para você do nada falar que vai se casar com aquela garota que estudava com a gente no fundamental?

Contei-lhe tudo.

Desde minha conversa com minha mãe, até os acontecimentos na casa da Natalie.

Ela me encarou pasma e ao mesmo tempo com pena.

Pelo menos alguém tinha pena de mim....

— Nossa, que coisa chata. — admitiu, ainda surpresa com tudo que tinha contado. Assenti ressentida.

— Não tão chato. — olhei para ela, desorientada. Até ela vai concordar com tudo isso?

— Pelo menos ela é bonita, imagina se fosse um velho careca ou uma mulher calva. — brincou, tentando amenizar as coisas e conseguiu. Ela tirou uma risada minha.

— É, tem seu lado positivo. — concordei rindo.

— Milhões de garotas ou garotos dariam tudo para estar no seu lugar, a Jenna era a menina mais cobiçado da escola, até hoje tem as mulheres e homens ao seus pés. Ela é uma Deusa grega. — falou quase babando enquanto se lembrava do cara que supostamente, é minha  noiva.

Por que tinha que ser eu?

Logo a menina que não queria nada com ela?

Mundo injusto!

— Quer ir no meu lugar? Casa com ela, parece que gosta daquela ser atacadora de ovo. — revirei os olhos.

Eu aqui desafabando e ela falando no tanto que ela é bonita.

Eu mereço.

— Sua chata! Só estava tentando mostrar o lado bom das coisas, afinal, você não tem muita saída, né? Ou pretende fugir?

Não era uma má ideia, eu poderia ir para bem longe, um lugar onde ninguém iria me achar.

Iria para o outro lado do mundo, me esconder da minha mãe e dessa ideia ridícula de casamento.

Mas eu não sobreviveria nem dois dias, não sou muito boa em me virar sozinha.

E não sei falar outra língua, como que iria falar com as pessoas?

Bom, posso me mudar para um país que fale português também...

— Você iria comigo? — perguntei para ela, que tinha uma expressão um tanto pensativa.

— Eu? — gargalhou.

— Tenho coragem nem de falar em público, quem dirá fugir de casa.

— Péssima amiga você! — resmunguei cruzando os braços.

— Ah claro, você quer me levar para a toca dos leões e eu sou uma péssima amiga? — retornou, fingindo está magoada.

Conhecia seu teatro.

— Como sobreviveriamos? A gente não sabe nem fritar um ovo.

— Sei lá, podíamos virar strippers. — sugeri.

— Eu acabei de dizer que não tenho coragem para falar em público e você quer que eu dance? Tá maluca? — dei com os ombros.

— Talvez.... — me olhou com os braços cruzados

— Só talvez.

Revirou os olhos depois de me dar um tapa no ombro.

Nossa conversa foi interrompida com passos barulhentos de salto vindo do andar de cima — para ser mais exata, estava descendo as escadas.

Era minha tia, a mãe da Isabel.

— Sobrinha, o que faz aqui? — perguntou, fazendo eu lançar o meu sorriso mais falso para ela enquanto a via se aproximar da gente.

Era só o que me faltava agora

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vcês gostaram da Isabel?

boa tarde pra vcês

até o próximo capítulo!

Casamento arranjado - Jemma Where stories live. Discover now