Capítulo 8 - Todas as pessoas podem ter traumas

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Narrado por Miya Atsumu

დ ⸻ ɞ.

Por que ela só fica calma com você?

—Como posso dizer, Omi? É que minha beleza acalma até mesmo as criancinhas.

Estava andando com Sayuri pela sala há tempo. Quando chegamos na casa do Senhor Sakusa, encontramos Bokuto, Akaashi e Shouyou-kun tentando, desesperadamente, fazer uma bebê parar de chorar. Lógico que Omi-Omi surtou e expulsou todos de casa fazendo a coitadinha berrar mais ainda. Resultado: Omi estava sentado no sofá, emburrado porque a coisa só foi parar de chorar quando eu a peguei no colo. Um papai ciumento ele.

Acho que depois de tanto tempo que passei nessa casa, a bebê acabou adquirindo confiança em mim. Nunca vou esquecer do dia que ela deu seus primeiros passinhos.

Eu fui até a casa da bebê depois do pai dela me ligar pedindo ajuda (sim, ajuda) porque a babá não poderia comparecer no trabalho por causa de doença. Deixando claro que era um sábado. Sábado. Sakusa Kiyoomi é um péssimo patrão. Enfim, estávamos sentados no chão, mesmo sobre protestos de Kiyoomi, quando ela deu seus primeiros passinhos sem apoiar no sofá.

Flashback on

—OMI! CORRE AQUI. RÁPIDO!

—Miya, eu juro que se a minha filha tiver machucado eu te cast-

—OMI, ELA 'TÁ ANDANDO. Ela 'tá andando, olha.

Flashback off

Foi apenas alguns passinhos, mas o suficiente para fazer Sakusa e eu choramos igual criança. Inexplicável aquele dia. Nem dá para descrever o que eu senti quando aquela coisinha pequena e redonda veio em minha direção soltando risinhos sapecas e falando o meu nome pela primeira vez.

'Sumu. 'S-sumu pa...

—Hum? O que foi, princesa?

—Ela deve estar tentando dizer o quanto te odeia e que está extremamente chateada.

Poderia ser impressão minha, mas quem parecia chateado era ele.

—Jura, Omi? Eu acho que ela 'tá tentando dizer que me acha um tio maravilhoso, que me ama muito e que você tem que melhorar esse seu ciúmes.

—Eu não tenho ciúme! -- Disse ele com a cara emburrada e um biquinho absurdamente fofo.

—'Tá bom, Omi. Vou fingir que acredito.

Era surreal que eu só precisava estar com eles que os pensamentos intrusivos iam embora dando lugar apenas à calma e a sensação aconchegante.

Omi, apesar de ser do jeito que é, ele conseguia ser bem gentil e compreensivo quando queria. Sakusa não é um homem mau e assustador. Ele conseguia ser bem fofo as vezes.

—Ótimo, ela dormiu. - Disse pegando a coisinha do meu colo e a levando para o quarto. - Agora, pode me dizer o que você tem.

Ah não. Eu até tinha esquecido que não estava bem, mas pelo visto ele não vai desistir, parecia bem determinado em descobrir. Pelo menos fico feliz que não esteja bravo por eu ter o evitado por todo um tempo, é que eu não sei lidar muito bem com meus sentimentos. Mas não é isso. Aquela maldita voz me perturbava todos os dias. Aquele maldito ser mesmo depois de morto não parou de me pertubar. E eu odeio isso. Odeio não saber lidar com tudo. Odeio não saber ser um adulto decente. Odeio parecer uma criança que ainda precisa de cuidados igual ele falou que eu seria. Odeio o dar razão. Odeio ser igual a ela. Eu não quero terminar daquele jeito.

Pai(s) de primeira viagem - Sakuatsu Where stories live. Discover now