- Eu sei... - no fim das minhas palavras sorri sem saber bem porquê - Não era para ser assim! Já tinha aceitado que ele não teria coragem de voltar a falar comigo que isto era para esquecer!

- Que se há de fazer, o Diaz também não te consegue esquecer!

- Para meu! - exclamei dando-lhe um empurrão ao braço enquanto sentia as faces a aquecerem. Riu e ri, contagiado por si, mas tive que lhe alcançar o braço porque sem querer quase o fiz cair.

- Já viste que belo trabalho? - troçou.

Já não gargalhava, mas continuava a sorrir enquanto o fitava. Sem que pudesse pensar muito, fugiram-me as palavras da boca.

- Estamos a acabar a escola Jeremy.

Naquele momento todas as razões que na minha cabeça ainda eram demasiado estúpidas para me fazerem chorar, desapareceram. Porque dali a meses eu e o meu melhor amigo estaríamos a quilometros e quilometros de distância pela primeira vez.

Porque me candidatei a medicina cá e ele quer ir para Nova York e está à espera da resposta de enfermagem e biologia porque não conseguiu decidir-se ainda, então decidirá conforme as respostas.

- Eliot, não. - também agora sabia na perfeição que se me deixasse continuar íamos acabar a desidratar os dois.

- Pronto, olha, então, ainda mal comecei o discurso, sabes? Parece que nada é bom o suficiente, tenho mesmo que pedir ajuda à Elle, dev... - e quando me tinha sentado e optado por respeitar a sua decisão, começando a vaguear por outras coisas não tão sensíveis, os seus braços envolveram-me e a sua cabeça veio encostar-se ao meu ombro.

Meio atordoado retribuí o abraço de imediato, sentindo-o soluçar baixinho.

- Vou ter saudades tuas, pah!

Sorri enquanto esfregava círculos tranquilizantes nas suas costas, permitindo que me escorressem lágrimas também a mim.

Sorri para mim próprio.

Ainda estou para saber o que será de L.A sem ele.

Eve POV

Estava exausta. Josh sabia-o bem pois eram raras as vezes em que deixava que estivéssemos assim, nestas posições e não nas inversas, por norma detesto que me mexam no cabelo e ao contrário dele, que após trabalhos muito complicados da universidade, ou avaliações com muita matéria, precisa de dias para recuperar, pouco transpareço o meu cansaço. Agora tenho a cabeça deitada nas pernas do meu namorado, que está sentado com as costas contra a cabeceira da minha cama, os meus fios loiros, curtinhos estão espalhados ao acaso e os dedos de uma das suas grandes mãos, estão perdidos entre os meus cabelos ondulado com tanta delicadeza que podia adormecer. Isto é se não continuasse a mil apesar do corpo que pede por descanso.

Mas não sou capaz de lho dar, ando desde aquele dia às voltas com a história de nos terem convidado para aquela série. Vai ser algo totalmente novo, vou filmar no estrangeiro e será a minha passagem além dos filmes, além de uma oportunidade gigantesca para o Tris... Contudo, ele continuava reticente e não podia julgá-lo, afinal a ideia de estar longe do Josh aterroriza cada parte do meu corpo.

Porém continuo a querer, a ter quase a certeza que acabarei por aceitar mesmo que o meu melhor amigo não aceite. E mesmo que isso me afaste do rapaz que ama a Eve além da Eve Anderson.

Sinto os olhos aguados e fecho-os de imediato na tentativa de utilizar a minha sonolência como desculpa para tal acontecimento e em simultâneo consigo reviver o nosso primeiro beijo, aquele tão rápido, tão apressado pelos meus seguranças, aquele que me deixou a morrer até nos vermos outra vez e me dizer que não me conseguia esquecer desde a festa em casa de Marcus.

Parece que foi ontem quando já se passaram coisa de três meses.

Abri os olhos e mergulhei nos seus castanhos escuros e profundos como se não houvessem quaisquer problemas. Sorriu-me de volta, sentei-me e beijei-o. Depois abraçámo-nos sem uma palavra dita.

Talvez porque podia jurar que se lhe fosse dizer qualquer coisa choraria sem parar e não quero.

No entanto, não podia ficar calada por muito tempo, fazia parte de mim.

Só parei de o abraçar após respirar fundo.

Encarei-o ainda a sorrir, tal qual continuava com a mão perdida entre os meus fios loiros, também os meus dedos foram encontrar os seus cabelos castanhos pequeninos.

- Josh... - murmurei - Acho que vou aceitar a oferta.

Tinha que dar uma resposta para a semana que vem e esta era a primeira vez que dizia isto em voz alta, mesmo que na minha cabeça tenha repetido tal coisa tantas vezes, ainda cheia de dúvidas.

- Vou aceitar, vou para a Inglaterra quer o Tristan venha, quer não. - corrigi.

Sentia os olhos arderem e o coração na garganta a bater de modo frenético.

Estava morta de medo, quer admitisse quer não.

O seu sorriso tão puro foi o suficiente para me tranquilizar.

- Tenho tanto orgulho em ti. - murmurou.

Desfiz-me em lágrimas nos seus braços durante os momentos seguintes. Não acho que alguma vez me tenha sentido tão feliz.

E destruída em simultâneo.

Fui vulnerável no nosso silêncio tranquilo, por todas as vezes em que precisei de me fazer de forte, de fingir que nada se passava, ou por todas aquelas em que achava que devia. Tinha esta mania, eu e mais de metade das pessoas...

Porque é que aos olhos públicos, ter emoções continua a parecer tão horrível, desnecessário?!

- Obrigada. - sussurrei de sorriso nos lábios e olhos focados nas suas feições belas, enquanto os seus braços continuavam a envolver-me, os seus dedos a massajar-me o couro cabeludo - Obrigada por me apoiares.

- Ui, desde quanto é que me agradeces por fazer o mínimo? - indagou de forma trocista.

- Olha cala-te! - retorqui indo encontrar os seus lábios. Não parei de sorrir e sentir que também me sorria fazia com que fosse percorrida por todo um formigueiro, como se eletricidade atravessasse os nossos corpos.

Quando paramos e me voltei a encostar ao seu peito, a deitar a cabeça no ombro, receios voltaram a apoderar-se de mim.

- Mor, sabes... Continuo preocupada com o Tristan.

- Imaginei que sim. Ele ainda não tem uma resposta, por causa do Eliot, não é?

- Por causa do Eliot... - respirei fundo - Acho que o Eliot ainda nem sonha com isto! Porque quando o Travis nos contactou ele ia negar de imediato se não o tivesse impedido e eu percebo, juro, nunca o vi tão feliz e rodeado de gente tão boa, mas...

- Mas sabes melhor que ele que isto dele e do El vai acabar por dar merda porque o miúdo continua apaixonado pelo Diaz. - completou antes que pudesse usar praticamente as mesmas palavras que escolheu.

- Exato. - suspirei.

Esfreguei os olhos que ainda ardiam das recentes lágrimas.

- O Eliot devia acabar com esta porra, se até eu que pouco estou com eles sei de tudo, caramba! - exclamei, exasperada - Porque o Tristan está a convencer-se de que está confortável, então nunca o fará.

- Já tentaste dizer-lhe as coisas diretamente?

- Isso não funciona assim... além de não lhe poder dar as respostas todas, a Diana tentou e ele virou-se contra ela no outro dia, ficou na defensiva.

- Que caos... - suspirou puxando-me mais para si, uma vez mais - Só espero que algum dos dois ganhe juízo.

- Espero bem que sim, porque eu avisei o Tristan carradas de vezes e o Eliot ainda vai ouvir das boas por ter deixado isto acontecer sabendo na perfeição que ele é apaixonado por ele desde que se conheceram!

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