Capítulo 20: The Lucky One (Parte 1)

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Antes que ela terminasse, ergui a sua liberação.

Camila levantou da cadeira e caminhou em direção a mim com um sorriso no rosto: — Não esperava por menos.

— Eu precisei me fazer de camponesa para conseguir uma dessas. Fique feliz pelos seus privilégios! — Revirei os olhos, checando a secretária da Sra. Woodward, a Srta. Mackenzie, que estava distraída jogando paciência no computador. — Nos vemos no almoço? — Levei alguns dos seus fios de cabelo para trás da sua orelha, chegando mais perto.

— Uhum... — Assentiu com a cabeça. — Nos vemos no almoço, Laur-Laur.

— É sério isso? — Espremi os olhos. Esse apelido não deveria cair nas graças da Cabello. — Você descobriu coisas demais sobre mim nesse café.

Tentei me despedir dela com um selinho, mas Camila hesitou, afastando-me pelos ombros gentilmente. Era uma merda ser cortada desse jeito, mas respeitei os seus limites, lembrando que a gente ainda tinha muito o que conversar por causa daquela discussão idiota.

— Nós deveríamos... — Fechei os olhos, tomando coragem para retomar a fala. — Nós deveríamos sair depois da aula, para conversarmos sobre ontem. Eu trabalho na Funky's hoje, mas, na minha pausa...

— Não vai dar, Laur. Tem jogo de futebol americano à noite, lembra? — Cabello pontuou. — Preciso ensaiar e depois torcer. E já tenho compromissos marcados com o meu pai depois da aula. Coisas da campanha...

— Tudo bem! Não precisa se explicar. A gente vai dar um jeito.

(...)

A aula de cálculo se arrastou de maneira lenta, e a de biologia foi pior ainda. Ganhei uma pilha de dever de casa para fazer, e sabia que isso atrapalharia os meus treinos; ainda mais agora que as coisas na cafeteria andavam corridas.

— Jauregui! — A treinadora Burnett me encontrou no corredor. — Podemos conversar?

— Claro! — Fechei a porta do armário, depositando toda a minha atenção nela. — O que foi? A competição quinta-feira ainda 'tá de em pé?

— Sim, é outra coisa. Conversaremos melhor no meu escritório.

Eu a segui até a sua sala, sentando na cadeira de rodinhas em frente à enorme mesa que a mulher tinha. Antes de se tornar treinadora em Earwood, Vilma Burnett foi uma grande velocista, e possuía duas medalhas de prata pelas suas participações nos jogos pan-americanos, além de diversos outros prêmios espalhados pelas paredes. Infelizmente, a sua carreira foi curta e marcada por lesões, mas isso não lhe impediu de continuar no atletismo.

— Primeiramente, ajeite a sua postura, porque essa cadeira não é cama de hotel. — Ela mandou e, óbvio, eu obedeci na mesma hora, endireitando as costas. — Vamos direto ao assunto: você dará uma entrevista para a Nike semana que vem.

— O quê?! — Arregalei os olhos. Como assim? — Para a Nike?! A Nike, tipo... — Apontei em direção à logo estampada na minha jaqueta de treino de Earwood. — Essa Nike?

— E existe outra Nike, Jauregui? — A mulher negou com a cabeça. — É uma matéria curta sobre o futuro dos Estados Unidos no atletismo. Sairá no site deles e contará com outros cinquenta atletas.

Naquele instante, tive vontade de driblar a mesa e abraçar a treinadora. Acho que nunca tinha sido pega de surpresa desse jeito; era o tipo de realização e felicidade que você só experimentava quando penduravam uma medalha no seu peito. Como se os dias acordando às cinco horas da manhã e treinando até que os meus músculos não aguentassem mais, realmente valessem a pena. Cada sacrifício de Clara e Harriet, cada coisa que abri mão para priorizar o atletismo, cada momento difícil que vivi ao me mudar de escola... nada seria em vão.

Golden State. (Camren)Where stories live. Discover now