𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐀𝐋𝐈𝐕𝐄 || No Distrito Doze, onde a realidade se desfaz em sombras e o tempo se perde nas dobras do desconhecido. Tudo é um quebra-cabeça desorientador, uma dança confusa entre o ser e o não ser. As linhas entre o certo e o errado são tu...
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Depois da Esperança, Lyra se viu confrontada com um turbilhão de emoções e memórias dolorosas que teimavam em assombrá-la. Ela se questionava se o fim da guerra realmente significava o fim do sofrimento. Por que, então, os fantasmas do passado continuavam a atormentá-la? Por que as manchas de sangue de Orion ainda persistiam em suas mãos, apesar de suas tentativas desesperadas de se livrar delas?
Lyra tinha um jeito peculiar de lidar com o sofrimento: ela encontrava humor nas tragédias da vida. Talvez essa fosse sua maneira de não sucumbir ao peso avassalador da dor e da angústia que a cercavam.
Nos olhos azuis profundos de Katniss, Lyra encontrava uma fonte de conforto e serenidade. A presença de Katniss ao seu lado nos dois anos que se seguiram aos acontecimentos da Esperança foi uma âncora para Lyra, uma luz no fim do túnel escuro de sua mente atormentada.
No entanto, Lyra guardava um segredo sombrio que jamais compartilhou com ninguém: no dia em que teve um surto naquele quarto branco, ela estava preparada para morrer. Naquele momento de desespero e angústia, a ideia da morte parecia ser uma solução aceitável para seus tormentos interiores. Mas algo dentro dela a impediu de seguir adiante. Uma voz na mente de Lyra alertou-a de que sucumbir à morte seria tão errado quanto os atos de Snow. Mesmo diante do desespero mais profundo, Lyra encontrou uma razão para continuar lutando pela vida. Ela sabia que sua morte apenas serviria aos propósitos nefastos de Snow, e isso a manteve firme, mesmo nos momentos mais sombrios de sua existência.
- Bom dia - um sussurro suave em seu ouvido fez Lyra virar-se lentamente. Katniss estava ali, com os olhos quase fechados e uma expressão sonolenta em seu rosto.
- Bom dia - respondeu Lyra, num sussurro também, sentindo-se um pouco desconcertada. O que estava fazendo mesmo? Sua mente estava uma confusão.
- Está tudo bem? - Katniss perguntou, apoiando suas mãos na bancada, olhando com preocupação para Lyra.
Katniss observou atentamente Lyra por um momento, percebendo a agitação por trás do sorriso fraco da loira. Ela sabia que algo estava incomodando sua parceira, mesmo que Lyra tentasse esconder.
Com um gesto gentil, Katniss colocou uma mão sobre a de Lyra, transmitindo silenciosamente apoio e conforto. Lyra sentiu o toque reconfortante de Katniss e, por um instante, permitiu-se baixar a guarda e compartilhar um olhar significativo com sua amada.
- Estou aqui se quiser conversar - disse Katniss suavemente, seus olhos azuis transmitindo uma calma tranquilizadora.
- Estou bem - afirmou Lyra com firmeza, tentando dissipar a preocupação de Katniss. Ela trocou as posições de suas mãos, colocando a sua por cima e acariciando suavemente as costas da mão de Katniss com o polegar. - Não se preocupe, ok?
Katniss franziu o cenho, ainda não completamente convencida.
- Inclusive, vou sair hoje - continuou Lyra, afastando-se um pouco.
