𝐒𝐓𝐀𝐘 𝐀𝐋𝐈𝐕𝐄 || No Distrito Doze, onde a realidade se desfaz em sombras e o tempo se perde nas dobras do desconhecido. Tudo é um quebra-cabeça desorientador, uma dança confusa entre o ser e o não ser. As linhas entre o certo e o errado são tu...
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𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟒 - 𝐍𝐚𝐝𝐚 𝐚 𝐩𝐞𝐫𝐝𝐞𝐫
— Erga a cabeça — Katniss solicitou suavemente a Lyra, que prontamente atendeu.
Everdeen pegou um pedaço de algodão e o pressionou delicadamente contra o nariz da garota.
— Segure.
Ao soltar o algodão, Lyra o segurou.
— Você é suicida — a garota comentou, fitando-a nos olhos — Deveria ter ficado aqui.
— Não havia muito o que fazer aqui — Lyra deu de ombros, enquanto mantinha o algodão contra o nariz.
Katniss ignorou sua resposta.
— Vai me contar por que seu nariz está sangrando?
— Pacificadores — disse de maneira simples — Irônico, não? Parece que eles sabem sobre minha sensibilidade auditiva.
— Eles fizeram algo? — Katniss aproximou-se.
— Nada grave. Apenas uma buzina.
A mais nova balançou a cabeça em desaprovação.
— Como está? — ela parecia genuinamente preocupada.
— Sua voz está baixa, todos os sons vêm acompanhados de um zumbido — ela retirou o algodão do nariz e examinou; havia menos sangue do que imaginava — Mas está tudo bem.
— Quer me contar? — Katniss perguntou.
Lyra não tentou mais esconder, sua expressão revelava uma mistura de cansaço e resignação quando Katniss fez a pergunta novamente. Um suspiro escapou antes que ela começasse a compartilhar a história que guardava consigo.
— Meus pais estavam fugindo quando eu era bem menor, eu tinha sete anos... — a voz dela soou suave, carregando o peso dos anos passados — Eles não tinham dinheiro para nada, absolutamente nada. Quando minha mãe morreu por conta de uma doença que não podíamos pagar o tratamento, meu pai enlouqueceu — um riso sem alegria se misturou à narrativa — Ele roubava para se manter, para me manter, mas um dia ele foi perseguido, e achando que teria um segundo de paz, entrou em casa. Mas não foi isso... Não foi assim.
Katniss sentou-se ao lado dela na cama, observando atentamente.
— Nossa casa foi invadida, não só por guardas, mas também por pessoas que não gostavam do meu pai — Lyra suspirou, como se rememorasse um pesadelo — Tivemos que fugir pela porta dos fundos, e eu não lembro o momento exato em que entramos em uma mina.
— Uma mina? — Katniss franziu o cenho, intrigada.
— É — Lyra assentiu, como se revisitasse aquele momento — A mina explodiu, foi um barulho alto, muito alto. Das pedras caindo, da explosão, dos meus gritos, dos gritos do meu pai. Eu não lembro mais de nada depois disso, só do momento em que acordei sem ouvir nada.
