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Outubro, 2023

"Eu tenho um segredo lunar, tenho fases a cumprir, tenho vidas para viver, tenho histórias para contar"

Aspirina é um medicamento contraindicado para grávidas por conter substâncias abortivas. E a única coisa que foi registrada naquela noite de lua cheia eram as mãos de Priscila deixando uma cartela daqueles medicamentos na mesinha de Any e a pedindo para tomar.

Uma remédio para a dor de cabeça que ela estava sentindo.
Mas para o lobo dentro de si foi uma ameaça à vida de seu bebê.

Ainda levou cerca de três dias e meio até Josh acordar com o corpo de Any, de sua Any humana e com cabelos negros recostada em seu corpo, onde o lobo dela havia antes se deitado praticamente em cima dele, no chão do quarto.

A morena piscou os olhos devagar, o corpo dolorido como se tivesse ficado na mesma posição por um dia inteiro, a mente confusa enquanto tentava se sentar.

Estava no chão, ao lado de sua cama que se encontrava quebrada, assim como várias coisas de seu quarto. Os flash em sua mente vieram como explosões, e ela fechou os olhos com força com tudo aquilo.

- Ai - gemeu em desgosto ao sentir a pontada na cabeça, levando a mão até ali.

Sua mãe.

Seu corpo.

Muita dor.

A raiva.

Seus olhos se encheram d'água, o coração apertando. Olhou para seu próprio corpo, estava suja de sangue, parecendo manchada e seco.

Ela pegou um dos cobertores que estavam embolados sobre o colchão da cama, se enrolando nele rapidamente com o corpo frio e arrepiado.

Josh se mexeu ao seu lado, cansado, mas sentindo seu coração apertado. Ele se sentou rápido, puxando o corpo dela para si, a abraçando.

- Shii... está tudo bem, meu amor - ele sussurrou contra seu cabelo, deixando Any se embolar em seu colo, o agarrando de todas as formas que conseguia.

- Minha mãe... - ela soluçou.

- Ela está bem, está com meus pais - ele garantiu. - Eu juro que está tudo bem.

- Não está nada! - ela falou alto e irritada, o rosto vermelho cheio de lágrimas.

Josh a forçou novamente contra si, segurando se corpo, não querendo que ela se estressasse porque se não podia se transformar novamente, e aquilo era perigoso. Ela precisava entender primeiro o que estava acontecendo, não podia se perder daquela forma.

- Está sim - ele insistiu.

Any acabou se deixando acalmar por ele, que não parava de beijar seu cabelo e acariciar seu corpo, a prendendo junto do cobertor.

- O que está acontecendo comigo? - ela sussurrou fungando.

O coraçāo de Josh quebrou um pouco.

Deus, ele odiava Any chorando.

Na maior parte das vezes ela chorava por drama, não era tão ruim. Mas ali era demais.

- Você sabe o que é uma omega, meu amor? - ele perguntou.

Any se afastou um pouco para conseguir olhar nos olhos dele, o rosto já inchado com choro.

- Isso não é possÍvel - ela murmurou. - Elas não existem.

- Bem, parece que existem sim - ele respondeu, dando um sorriso pequeno.

Any balançou a cabeça.

Tudo o que sabia eram lendas, mitos sobre aqueles seres sem racionalidade, animalescos a ponto de não conseguirem diferenciar o que é certo e errado, tão primitivos que matavam a sangue frio qualquer um - alfa ou não - que chegasse perto de sua família. Podia ser algo bonito, algo como proteção absoluta, mas elas não eram vistas daquela forma. Somente o seu próprio alfa era capaz de controlá-las, fora isso, eram um perigo até para a própria matilha.

50 tons de imprinting Where stories live. Discover now