03

1.2K 103 4
                                    

Novembro, 2013

"Apesar da brisa das árvores se moverem tão graciosamente, você é tudo que vejo enquanto o mundo continua girando."

Quando amanheceu, Any já estava acordada e arrumada. Era sexta, mas ela não iria a escola. Na verdade, teria uma conversa de gente grande com Josh e a família dele. Do mesmo jeito que teve uma conversa de gente com seus no dia anterior.

- Filha, não precisava acordar tão cedo, não é nem sete horas ainda - sua mãe falou ao entrar seu quarto após ouvir os barulhos da menina se movendo dentro dele.

Any penteava seus cabelos agora, tentando um novo penteado porque ela adorava fazer aquelas coisas.

- Mas ele já vai chegar - ela respondeu.

Priscila riu baixo, se aproximando da menina e ficando atrás de si enquanto admirava ela fazendo uma trança perfeita no cabelo.

- Claro que não, minha princesinha, é muito cedo - ela falou.

Any a encarou através do espelho, os olhos taciturnos e brilhantes.

Podia ser quase imperceptível, mas Priscila era sua mãe e a conhecia como ninguem, ela já havia percebido os pequenos sinais. Os olhos de Any, sempre tão castanho, estavam ainda mais claros desde ontem, o seu olhar o tempo todo de criança travessa agora tinha algo mais sério, como se ela soubesse exatamente o que esperar do mundo. E Priscila estava com medo daquilo. Any deveria ser criança.

- Ele está perto - a menina falou em tom sério agora, se levantando. - Consigo sentir... bem aqui -disse, levando a mão até o peito.

Seu coração estava diferente desde o dia anterior, batendo de forma irregular as vezes, e parecendo ansioso, mas também prestes a explodir. Era muito forte e as batidas pareciam não ser suas de fato.

Ela se lembra do segundo em que seus olhos encontraram os de Josh, tudo havia mudado ao redor, ela não havia entendido que havia mudado dentro de si também. Era como uma pessoa diferente agora, seu sangue corria de forma diferente, ela via tudo de forma diferente, era como descobrir novas cores no mundo. E seu coração não parecia seu mais. Era como se ele tivesse saído por um tempo.

Só que seu coração nao voltou, e ela sentia uma falta estranha dentro de si desde que Josh saiu por aquela porta.

- Filha... - Priscila não conseguiu terminar de dizer com a campainha da casa tocando. - Você está falando sério? - falou surpresa. - Não é ele, é?

Any deu alguns passos até a janela, e no segundo que apareceu no vidro, Josh lá embaixo foi atraído para o seu olhar.

- Eu disse, mamãe - a menina comentou, logo se virando. - Vamos logo.

Ela correu o quarto a fora, e Priscila ainda permaneceu alguns segundos parada no tempo.

Era surreal observar aquilo.

No dia anterior ela acreditou que apenas Josh quem estaria preso naquilo, mas só por momento ela já pôde ver como mesmo sem entender, Any também estava a mercê daquela força estranha.

- Any! - Priscila chamou alto ao que a garotinha já tinha até aberto a porta quando ela chegou a sala. - Eu já falei que não pode abrir a porta, só eu ou seu pai- ela ralhou.

A menina ficou vermelha, não gostando de sua mãe brigando com ela. Não era um estranho na porta de qualquer forma, e ela sabia.

Josh permaneceu na porta, não conseguindo parar de olhar para Any. Ela tinha uma trança bonita no cabelo, vestia um vestido azul escuro e meia calça branca junto a sapatos pretos.

50 tons de imprinting Where stories live. Discover now