Capítulo 20: Parte 1 Tristeza por favor vai embora!

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Pov: Isabela

Toda a equipe ganhou o último dia de folga para fazer o que quisesse, dediquei as primeiras horas do dia para dar as minhas aulas. Ainda precisava pensar numa forma de organizar o cronograma, pois, são muitas coisas para ajeitar na produção de um show.

Não sobraria muito tempo para participar de grandes passeios pela cidade, pois, sairemos antes da noite cair. Terminado a aula, Vê comenta sobre a comemoração depois do show.

_ Você percebeu como o Alex estava estranho ontem? - ela começou - Ficou calado por um bom tempo e depois iniciou uma conversa do nada.

_ É o jeito dele. - amenizo - Nós somos testemunhas de quanto trabalho tem para ser feito. Não sei se vou continuar dando aulas nos intervalos que temos, é muita coisa para mim. Esta turma termina na próxima semana e não vou abrir outra.

_ Não desconversa amiga. Você sabe muito bem sobre o que estou falando, não estamos falando sobre cansaço de viagem, estamos falando da cena de ontem. - ela insistiu.

Lá vai ela inventar as coisas, não vou levar meu barco para um mar revolto, o Alex não foi o primeiro a me rejeitar, alías, foi graças a isso que eu me recuperei mais rápido depois da paixão relâmpago pelo Turner.

Não é dor exatamente o que eu sinto, mas, como se uma parte de mim fosse obrigada a crescer. E com isso me tornar mais prática e menos iludida, eu não era o tipo de mulher que o meu antigo amor desejava. Nem o corpo e nem em personalidade.

Agora não era muito diferente, a Louise tem rosto e corpo de modelo, não sei nada sobre a personalidade dela, pois, só a vi pessoalmente naquele dia no parque. A mídia não é confiável, uma hora crucífica uma pessoa outra hora perdoa e exalta.

Só quem já teve o coração partido sabe o quanto dói, o quanto é difícil se reerguer. Por mim, o Alex pode fazer a cena que quisesse! Não vou permitir que ele me confunda e brinque com meus sentimentos.

Acho que ele quer apenas que nos tornemos amigo, se for isso ele tem minha amizade.

_ Você está se referindo a foto? Não tem nada demais no que ele dísse, foi por causa da foto que a gente se desentendeu.

_ Vocês pareciam um casal discutindo na mesa...

_ Já chega! - me irrito - Será que você não percebe que insistindo nisso vai me magoar? Está tão nítido o esforço que eu faço para continuar sem estragar as coisas.

Não consigo controlar as lágrimas que caem impiedosamente dos meus olhos.

_ Você não esqueceu totalmente ele, não é? - ela me observa com seu olhar de compaixão.

Seco as lágrimas e termino de me arrumar, não vou passar o último dia chorando num quarto de hotel, me lamentando por nunca ter sido a primeira escolha de ninguém. Vou focar nos meus objetivos de agora em diante. 

_ Você vem? - pergunto enquanto, pego o violão que ela ganhou dele - Bom, pelo visto a lembrança dele vai junto com a gente.

Atravessamos o corredor do hotel e fomos para o bar, peço ao gerente permissão para cantar algumas músicas. Com a autorização concedida me posiciono na frente do bar, fechos os olhos e canto. Foda-se o meu sotaque! Escolho algumas canções em português.

Hoje eu não quero treinar nada, não busco uma platéia nem aplausos, busco apenas esvaziar meus sentimentos. A canção escolhida da vez foi: Por causa de você, interpretada pela Maysa.

"Entre meu bem, por favor
Não deixe o mundo mal te levar outra vez,
Me abrace simplesmente"

No final da melodia ouço aplausos, ao abrir meus olhos eu encaro os dele. Que dessa vez sorrir de volta, desvio os meus e continuo a minha apresentação. Me sentia mais confortável cantando canções tristes em português, talvez fosse uma forma de me abrir ao mundo ao redor, mas, sem esperar que me entendessem.

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Pov: Alex

Estou sentado no saguão e observo elas conversarem com o gerente, vão em direção ao bar e consigo imaginar o que está prestes a acontecer, por causa do violão que a Vê carregava consigo, o mesmo que eu a presenteei.

_ Vocês vem, rapazes? - digo enquanto, me levanto. - Vamos ter uma apresentação.

Eles me seguem e nos infiltramos no meio dos clientes que bebiam descontraídos. Ela fechou os olhos para se concentrar, assim, como eu a instruir naquela noite. Se concentre apenas na melodia.

Estou curioso para saber como elas vão se sair. Mesmo sem entender sobre o que era a letra eu posso sentir que fala de algo triste, sinto pela voz dela junta da melodia.

Quando encerra a primeira canção ela nota a minha presença, está triste e eu me pergunto o motivo. Será que eu dísse algo ontem?

Talvez seja porque eu a chamei de desafinada na frente de todos... eu fui tão estúpido, parece que esqueço que ela não consegue ler meus pensamentos e portanto, não sabe o que sinto.

Para minha surpresa ela não parou na primeira música, só encerrou a apresentação na quarta. Ela já ia passando por nós e disfarçando que não nos tinha visto.

_ Parabéns, vocês duas foram incríveis! - Jamie díz.

_ De fato! Eu estou orgulhoso de vocês duas. - falo

Dessa vez faço questão de verbalizar o que penso.

_ Vamos comemorar o seu avanço musical! - sugiro.

_ Não há nada para comemorar, foi só uma apresentação de última hora, meninos. Sem repertório definido, cantando e tocando apenas as canções que vinham na nossa mente.

_ Não seja tão modesta menosprezando o trabalho de vocês, Isabela. - Nick insiste.

_ Eu aceito algo para beber. Você não fica, amiga? Se quiser ir eu já estou subindo tambem.

Isabela concorda e começa a sair, então a acompanho:

_ Você não vai ficar nem para um suco? Zero alcóol eu prometo!

_ Não, preciso terminar de arrumar as malas. Você já arrumou as suas?

_ Não, eu nem as desfiz! Com o tempo você vai descobrindo os segredos de fazer várias turnês.

Como ela não parou para conversar eu continuei caminhando ao seu lado. Determinado a saber o motivo de sua tristeza.

_ Posso te fazer uma pergunta? É sobre a primeira música.

_ Sim, o que é?

_ Sobre o que a letra fala?

_ Sobre um cara que foi embora, a mulher ficou e a vida dela foi inundada pela tristeza. Então, ele retorna e ela pedi para ele nunca mais ir embora.

_ Que bom que eles se acertaram então! - eu falo.

_ Para começo de conversa ele nunca deveria ter ido embora, se sabia que um dia ia voltar como um cachorro sem dono. - ela díz levemente irritada.

Eu sorrio da sua indignação e não consigo evitar de beijá-la.

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Continua no próximo capítulo a segunda parte!

Professor TurnerWhere stories live. Discover now