Capítulo 10: Professor Turner

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Pov: Alex

Chegou o dia da reunião na casa do Miles, fiz um compilado do que elas poderiam mudar. E na hora marcada elas chegaram, sem atrasos.

Sentí que ambas estavam um pouco tensas, então, inicio com um elogio ao prato do jantar da última vez em que todos nos encontramos aqui.

_ Foi você que fez o prato do nosso jantar, correto?

Pergunto para Vê que afirma.

_ E como estava?

_ Ótimo! Nunca tinha experimentado um arroz assim. Até o nome é diferente! O Miles me dísse que é comum no Brasil comer arroz e feijão todos os dias, é sério?

_ Sim! - ela sorriu - Todos os dias e duas vezes também, no almoço e jantar. Não é Isabela?

_ Exatamente! A gente sempre faz algums acopanhamentos também. Então, acho que isso meio que nem faz a gente perceber que é o mesmo sabor de sempre.

_ Minha nossa! É diferente, não sei se me acostumaria, as crianças também se alimentam assim? - perguntou Miles

_ Também, acho que é por isso que somos acostumados. É claro que não comemos aquele arroz carreteiro todos os dias. É o arroz comum mesmo!

Depois de passarmos um bom tempo falando sobre os costumes de Londres e do Brasil, finalmente sentamos para conversar sobre o assunto principal.

_ Primeiro vamos começar com o termo afinação. - falei enquanto pegava o violão que eu trouxe - Esse aqui é para a Vê. Um presente meu, você precisa mantê-lo afinado.   

_ Pode deixar que eu ensino! - meu amigo completou.

_ Já você...

_ Vai falar que preciso de afinação também? Já me falou isso, Turner.

_ Sim, é um fato! Você não é tão desafinada, mas, perde o folêgo em algumas notas. Esse não é o primeiro passo Cinderela! Me deixa primeiro fazer as considerações sobre seu repertório.

_ Ok! - ela falou.

Eles seguraram o sorriso por alguns momentos, então, perguntei:

_ Vamos lá, o que é?

_ Nada! É que não sabemos o motivo do apelido Cinderela. - Completou Miles - Qual parte eu perdí?

_ Não é nada, pessoal!

Isabela apressou-se em responder, enquanto, me puxava para um canto.

_ Sem apelidos, Alex! Nada de Cinderela ou qualquer outra coisa.

_ Perdão, não imaginei que fossse ofensivo. Você achou engraçado aquele dia!

_ Não é ofensivo... é que me deixa sem jeito, vamos focar no trabalho.

Ela falou de um jeito tímido, retornamos para junto de nossos amigos.

_ Sobre o repertório vocês duas precisam delimitar um público alvo, tem faixas bilíngues no material que gravaram. Há músicas em inglês e português, não é errado entende? Mas, precisam focar num único idioma no começo. Conforme forem alcançando um público maior, pode ser interessante  tocar uma ou duas em outro idioma.

_ Eu recomendaria que focassem no inglês, afinal, vocês vão ganhar o público mais local e depois ir expandindo o que gera identificação com a letra. A outra vantagem é que temos uma quantidade maior de falantes de inglês. Fica a critério de vocês meninas. - orientou Miles.

_ Mas, e quanto ao sotaque? - perguntou Vê - Nós duas ainda temos sotaque em algumas palavras, isso atrapalharia, não é? Tipo... o público vai saber que somos estrangeiras.

_ Ela tem razão, Alex! Principalmente eu que faço a primeira voz, tenho um sotaque muito forte de brasileira.

_ Ei, senhoritas! - falei - Todo mundo tem sotaque, sei que é piegas falar isso. Mas, é a realidade! Não precisam ocultar que são estrangeiras como se fosse vergonhoso ou criminoso. Meu amigo e eu também temos um pouco de sotaque britânico.

_ Você está de brincadeira, não é? Olha a diferença! Vocês dois cresceram falando em inglês, as pessoas ouvem e acham bonito. Você nunca teve a oportunidade de ver um brasileiro aprendendo inglês e enxergar o quanto ele pode ser massacrado por aqueles que já falam o idioma a mais tempo.

Isabela falou exaltada.

_ As músicas são ensaiadas, antes de apresentar para o público fiquem calmas. Parece que você vai entrar no palco daqui a 10 minutos e só foi avisada agora. Fica tranquila, existem inúmeras alternativas para isso. A primeira é aceitar o sotaque como marca visual da banda de vocês, abracem isso sem medo. Afinal, o sotaque tende a aparecer em algumas palavras só! A outra alternativa é a de fazer acompanhamento com um fonoaudiólogo. - Concluí

_ De qualquer forma, vão precisar fazer um acompanhamento com um profissional por questões de saúde, mesmo. - meu amigo orientou.

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Pov: Isabela

Fiquei insegura quanto a cantar 100% em inglês, mas, faz sentido o que os dois nos explicaram. Mas, o que o trauma aliado a insegurança, não faz?

Ficou determinado que o nosso repertório inicial seria todo em inglês, Alex nos ajudaria com o treino nas próximas semanas, já que o Miles precisaria viajar até Londres para trabalhar num projeto de um amigo.

Vê estava recebendo orientações sobre a importância de mater o instrumento sempre afinado e de como a temperatura e a forma de armazenar um violão pode contribuir para desafinar as cordas. Podia parecer algo básico, mas, são essas coisas que fazem a diferença.

_ Primeiro vamos analisar sua capacidade vocal. - Alex falou.

_ Ok! O que eu faço? - perguntei nervosa.

_ Cante! Cante uma música para mim.

_ Uma música? - repeti, me sentindo uma idiota depois de perguntar o óbvio.

Ele apenas acenou de leve a cabeça e me encarava. Não sabia o que cantar e olha que a essa altura da vida eu tinha escutado inúmeras canções e até compus algumas. Apenas fiquei muda e dirigi meus olhos em direção a minha amiga e o Miles.

Os dois estavam entretidos falando sobre agitação de moléculas e dilatação e contração dos objetos, em específico de instrumentos musicais. Alex se aproximou de mim e estalou os dedos em frente aos meus olhos.

_ Ei! Você está distraída, precisa se concentrar vem, vamos sair do estúdio!

_ Vamos para onde? - perguntei

_ Só me acompanha, está bem! - ele pediu.

Encarei os outros dois mais uma vez.

_ Eles vão ficam bem, Isabela! Estou preocupado com você que nitidamente está envergonhada. Somos todos amigos aqui e amigos não ficam tímidos um perto do outro.

O acompanhei até o quarto ao lado, ele pegou o controle da televisão, enquanto, colocava no karaôke, me fez o seguinte pedido:

_ Está vendo esse armário alí? Abra as gavetas, o microfone está em alguma delas.

_ Não vou mexer nas coisas de outra pessoa.

_ Ah, garota está tudo bem, o Miles não vai se importar e se ele brigar com você - Alex virou- se para mim, com um sorriso travesso - Eu dou um chute nele e nós dois caímos na porrada.

Não contive a gargalhada.

_ Para de palhaçada!

Peguei dois microfones e entreguei um para ele. Depois de pegar da minha mão, Alex jogou o microfone de lado e falou:

_ Nada dísso, hoje a cantora aqui é você. Eu vou apenas analisar a sua capacidade vocal e ver o que dar para melhorar. Agora escolhe uma música ou eu vou escolher uma para você!

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Vou encerrar esse capítulo por aqui, pois, vai ficar muito grande.








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