➵ 20. Phase one of anarchy

Start from the beginning
                                    

[...]

Dirigindo pelas ruas de Londres rapidamente estacionei o carro no portão de fundo do casarão. Eu não queria deixar uma brecha para que meu pai soubesse que eu estava aqui mais uma vez, então apenas pulei o muro novamente me agarrando pelas videiras correndo abaixada em direção a parte de trás da casa. Parei em frente a varanda dando passos longos contando a marcação que ficou muito tempo guardada em minha mente, como um mapa de tesouros. Depois de dar 10 passos à frente, eu precisava dar mais 8 para a esquerda e então chegaria a árvore antes pequena, mas agora enorme e precisava dar mais 3 para a direita até parar em um ponto exato onde a grama não crescia por algum motivo desconhecido como se fosse uma maldição fazendo a terra se tornar fofa.

Com as mãos mesmo comecei a cavar até chegar em uma pequena profundidade. Agarrando a caixa de madeira com um sorriso fugaz nos lábios.

— Já faz algum tempo... — Murmurei tirando a terra da caixa voltando a andar apressadamente até o portão.

Me virei observando rapidamente o casarão com todas as luzes apagadas. Era estranho, já que por conta dos muitos funcionários que deveriam ainda estar trabalhando nesse horário. Balancei a cabeça distanciando esses pensamentos voltando a correr em direção ao pequeno portão sentindo a brisa fria atingir minhas mãos descobertas. O abri pela trinca do lado de dentro me espremendo mais uma vez para sair.

Rapidamente adentrei no carro colocando a caixa em minhas coxas abrindo o cadeado dourado agora um pouco enferrujado com a chave pequena que eu guardava em meu colar. Minha mãe havia me dado quando eu era bem jovem, dizendo que toda garota precisava de uma caixa de segredos juntamente com a pequena chave ela dizia que eu nunca deveria perde-lá porque havia apenas uma dessa no mundo. Criada apenas para que eu pudesse enterrar as coisas mais macabras da minha vida.

Aquela caixa se abrindo parecia imensamente com um pote de ouro, tudo brilhava ao ponto de quase me cegar. Meus lábios se esticaram em um sorriso e com as pontas dos dedos toquei no tecido fino branco o retirando me dando visão completa de todas as oito facas butterfly. Todas traçadas em um marmorizado preto, branco e dourado. Com as iniciais C.S. gravadas nos punhais.

Peguei duas das facas, colocando uma em minha cintura e a outra na parte interna do meu coturno me arrancando um leve grunhido com o metal frio encostando em minha pele.

Peguei o celular arrastando a tela vendo mensagens de diversas pessoas, até mesmo da vadia da Hailey com suas ameaças sobre expor sua conta na internet. Como se eu tivesse algum tipo de tempo para destruir sua carreira nem sequer formada. Revirei os olhos a ignorando deslizando ainda mais a tela aguardando o sinal do Strike e só então vi uma mensagem de semanas atrás da Loiry, minha prima de primeiro grau que desapareceu juntamente com sua família após o incêndio no casarão Sartori. Apertei o celular em minhas mãos com sua mensagem perguntando como eu estava.

Não é como se tivéssemos intimidade mais. Quando criança crescemos juntas, sempre grudadas uma a outra como carne e unha. Mas depois da adolescência quando acabei me tornando mais próxima de Hailey e Tyler, aos poucos ela foi desaparecendo da minha vida. E quando eu me vi perdida após o incêndio, sem ter ideia do que fazer, até liguei para o seu número que acabou dando como inexistente. E horas depois descobri por uma reportagem que a sua família havia mudado para Stougthon. Toda a mídia ficou em cima apurando os milhões de fatos. Por exemplo, como o irmão mais velho de Eleonor Sartori poderia ter se mudado de país quando a sua irmã deu entrada às pressas no hospital? Ou como Calina, filha mais nova da família Sartori simplesmente não apareceu no hospital, mas estava bêbada em um ponto de ônibus em Euston?

Fechei os olhos jogando a cabeça para trás sentindo a frustração me consumir. Não éramos uma família normal, e nem mesmo a família de Loiry era, mas naquele dia tudo pareceu ainda pior. Mas não importa mais como eles são, esse momento o foco não deve ser neles de forma alguma. E no segundo em que o celular vibrou com a ligação de Strike meus lábios se curvaram em um sorriso maldoso. Atendi permanecendo em completo silêncio, apenas ouvindo-o seguir o nosso plano.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZWhere stories live. Discover now