Capítulo 65

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Anastásia Steele

Tudo estava estranhamente e suspeitosamente quieto, calmo demais, e quando digo tudo quero dizer Christian. Eu imaginava que ele não fosse desistir, que fosse ficar no meu pé, como um chiclete  gruda no tênis e não sai mais, insistindo, tomando meu tempo, porém, ao que parece, não fora o que aconteceu. Iria fazer quanse uma semana que o mesmo não dava as caras, tudo por causa de minha ameaça, seríssima, de sumir daqui, mantendo-nos longe durante mais tempo, quem sabe vinte anos dessa vez, até a fase adulta de Ágatha. 

O medo deve ter se apoderado dele e a ficha deve ter finalmente caído. Christian, até agora, não parecia entender agravidade, a delicadeza de nossa situação, ele tratava como se fosse fácil, como se em um piscar de olhos eu pudesse apresentá-lo para minha filha e retomar nosso antigo relacionamento. As coisas não era tão fáceis, nem tudo na vida era arco-íris. No decorrer dessas dias fui obrigada a suportar falar, a conversar e dizer não ao mesmo assunto, já não aguentava mais. 

Mamãe, quando o tio Christian vai voltar? 

Que dia eu vou na casa dele conhecer o irmãozinho da Nutella? 

Ele prometeu. Liga pra ele, mamãe. Diz pra vim de novo, eu gosto dele. 

Me leva até o tio, por favorzinho, quero conhecer o Avelã.

Ele é tão legal, mamãe, você não gosta do tio Christian?

Deus, maldita hora que ele foi prometer algo à essa menina! Ágatha levava a sério promessas feitas e em sua opinião elas nunca poderiam ser quebradas. Entretanto, eu tinha conhecimento de algo que ela não... Seu pai entendia muito bem de como não cumprir com sua palavra, praticava esse ato de diversas maneiras. Era o maioral, o rei dessa façanha. 

Minha filha era ingênua, sensível, frágil o bastante para requerer cuidados a mais. Se chateava á toa com as pessoas aoseu arredor, não aprova nenhum tipo de mentira, ou qualquer coisa que tivesse a habilidade de machucar alguém. Tudo que eu menos queria era permitir sua proximidade com aquela pessoa que mais fere, sem dó nenhum, aqueles que supostamente ama. O que mais me deixou boquiaberta, intrigada, foi o fato dele ter a conquistado tão rápido. Ágatha normalmente não confiava nas pessoas facilmente, era preciso conversar, fazer amizade, convencê-la e passar uma grande quantidade de tempo para ter sua humilde confiança e companhia, mas Christian, ele fez com ela quisesse lhe ver mais uma vez, lhe conhecer melhor e isso foi em menos de quatro dias desde que estamos aqui. 

Quando cheguei ao quarto e presenciei aquela cena, os dois ajoelhados no chão, cheio de brinquedos à sua volta, rindo e com a Nutella, logo Nutella a gata que ela não deixa ninguém tocar, no colo, ao alcance dele, me apavorei. O sangue ferveu em minhas veias e um ciúme espantoso me invadiu. Naquele segundo flashbacks passaram em instantes pela minha cabeça, todos os momentos de dificuldade que tive para criar minha filha, sem o apoio paternal. Quando eu levantava de magrudaga e levava a mesma até o hospital, quando a repreendia, mas não era a mesma coisa que a autoridade de um homem, as vezes que ela me perguntava, e enchia os olhinhos de água, pelo seu papai, sendo que eu não tinha o que responder. Na época que eu ainda estava em depressão e não sabia se iria conseguir sem Christian, o que também a deixou doente junto comigo. Essas coisas, e outras que não vem ao caso, aconteceram enquanto ele estava bem belo, comendo outras mulheres, casando-se em seguida, bebendo e tendo do bom e do melhor. 

Eu fui mãe, eu cuidei da minha Gatinha por todos esses anos, sozinha, e tenho muito orgulho por isso, ele foi um nada, e ainda recebia os créditos, o carinho dela? Não era justo, entretanto sei o quão dócile inocente minha menina podia ser, seria errado julgá-la por isso. Cada vez que ela tocou no assunto acabei negando, afirmando que não era possível, mas isso estava cada vez mais difícil. Ágatha sabia como convencer alguém, dizer não à ela era uma tarefa extremamente complicada. O verdadeiro motivo dela gostar dele tão de repente, tão depressa, não era sua personalidade, sua doçura, e sim a ligação que os dois tinham, afinal, eram pai e filha. Mesmo não o conhecendo pessoalmente, no fundo sentia certa afeição desconhecida por ele, mas que era recíproca. 

Sempre foi Você Where stories live. Discover now