Capítulo 57

797 90 40
                                    

 Entrei na casa de mamãe e parecia estar bêbado, porém não havia bebido uma gota de whisky

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

.... Entrei na casa de mamãe e parecia estar bêbado, porém não havia bebido uma gota de whisky. Até agora. O motivo de estar cambaleando e praticamente sem forças era a sensação de angústia. O coração apertado. O nó na garanta ainda me sufocando.

A sensação de perda é a pior que pode ser experimentada por uma pessoa. Saber que se perdeu algo realmente valioso acaba mexendo com todos os seus sentidos. Acaba te deixando impotente, fraco, tão fraco a ponto dever suas forças se esvaindo por completo, ver seu corpo cedendo, sua mente embaralhando e sua visão embaçando, embaçando cada vez mais, até tudo se tornar preto e completamente vazio.Inclusive sua vida.

Com as pernas bambas, cai no sofá involuntariamente, e o choro vem, os meus soluços que, possivelmente, poderiam ser escutados lá da rua, aumentavam cada vez mais. Talvez eu fosse fraco demais, talvez eu estivesse vulnerável demais ou molenga, mulherzinha demais, mas nada disso interessa. Eu havia acabado de descobrir que o motivo pelo qual fui separado da mulher daminha vida foi tudo uma farsa. Havia acabado de descobrir que ela nunca havia me traído, que nunca havia feito nada a não ser me amar desde de que nos conhecemos. Havia acabado de descobrir que foram cinco anos de distanciamento por pura infantilidade, inconsequência e burrice minha. Havia acabado de descobrir que machuquei todos a minha volta, familiares e amigos, por não acreditar neles. E o mais impactante... Havia acabado de descobrir que realmente tinha uma filha. Pelo que eu já havia ouvido falar, é uma menina.

Então, eu tinha mais que razão para chorar. Lamentar até o último segundo

Mamãe ouviu e logo correu até mim. Sentou ao meu lado e puxou minha cabeça para o seu colo. Eu não precisaria falar nada para ela, conhecendo seu filho do jeito que conhece, saberia com apenas um olhar em meu rosto. E foi dito e feito.

— Você descobriu tudo, não é, meu filho? — Assenti dolorosamente e solucei alto, sentindo tudo que não saia para fora durante muito tempo, sair com agressividade. Ela apertou minha cabeça contra sua cintura e me abraçou, tentou me envolver, oque não foi possível pelo meu tamanho, como um bebê. — Eu temia quando esse dia chegaria. E chegou depois de longos cinco anos. Me dói tanto imaginar o quanto você está sofrendo e se culpando. — Dona Grace dizia acariciando minhas costas e penteando meus cabelos. Era a única coisa que amenizaria a dor. Não passaria por completo, mas iria abrandar por ora, e isso já era o suficiente. — Ah, meu filho, por você não escutou sua mãe? — E com isso, chorei ainda mais ao lembrar do quanto a destratei, do quanto quis a impedir de ir visitar sua própria neta.

A apertei com mais força, sufocando-nos.

— Me desculpa, mãe, me desculpa por tudo. Eu me arrependo tanto. — Era tudo que eu conseguia dizer e nunca seria o bastante.

— Acalme-se, meu menino. Por favor, acalme-se. Shhhh! — Limpou mais lágrimas, o que era inútil, pois outras viriam em seguida.

— Eu... P-preciso del-la, mãe. E-eu preciso mui... — Tentei dizer, porém quase não era possível me entender.

Sempre foi Você Where stories live. Discover now