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É muito difícil ter que desapegar de algo que você queira muito. Mas às vezes é necessário desistir, deixar ir, ou continua a doer. Eu entendi isso depois de muito tempo, Kim.

Então, Esse é o meu Adeus. Não um até breve, só Adeus, sem o breve.

Com desamor, Gus.

Quinta carta do Augusto destinada a Kimberly Cinco anos depois da sua partida.

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Por quanto tempo um ser humano é capaz de parar de respirar sem que sua pressão arterial danifique seu cérebro ou te enviei imagens falsas?

30 segundos, esse foi tempo em que minha mente processou a imagem do meu irmão à minha frente.
E 5 sentimetros foi o espaço entre mim e a bala enterrada enterrada em suas costelas.

— Miguel. — Seu nome Saiu como um susurro em meus lábios. 

Eu não ouvia o que me diziam quando Agnes foi arrancada de mim, nem o que Nora disse ao se aproximar do meu irmão ao chão.

— Miguel... — Me debrucei sobre o chão. — Ei, fale comigo!  Fale comigo! — Meus olhos transbordavam enquanto meus dedos pousavam no buraco em seu corpo. Ele me fitou e seu último som soou, seus olhos agora distantes.

— Kimberly, você precisa se afastar, precisamos...

— Não! Me solta!  — me desvencilhei das mãos que tentaram me afastar e continuei encarando o rosto do meu irmão esperando que ele piscasse. — Ele vai ficar bem, eu sei que vai... Olhe só pra ele está acordado.

— Sinto muito.

— Não!

— Kimberly...

— Não, não, não Nora!  Não me diga, não diga que ele está morto! Meu irmão está bem, ele vai piscar logo você vai ver e... — Solucei. — Ele tem que ficar bem.

Mas Miguel permaneceu imóvel enquanto agarrei seus ombros, meus dedos sujando sua camisa branca e limpa.

— Miguel, ei, olhe pra mim. Vamos!

Nenhuma reação, nenhum som de respiração. Apenas olhos distantes e abertos. Encarei a poça de sangue que encostava em meu joelho.

Fratello! — Eu insisti. Ele não podia me deixar, não podia, Miguel prometeu ficar ao meu lado. — Acorde meu amor, sua irmãzinha está aqui. Miguel eu te compro sorvete, deixo você levar Agnes para brincar na poça, prometo deixar você dormir no meu quarto na casa da mamãe. Eu faço o que você quiser... só precisa olhar pra mim, vamos!

Nora me encarou, seus olhos cheios de pesar. Mas por que ela estava me olhando assim? Miguel está bem. Só se sente pena do que se perdeu, e Miguel estava aqui.

Ela estendeu a mão ao rosto do meu irmão imóvel e fechou seus olhos.

— Não! Oque você fez? — A empurrei incrédula.

— Ele... se foi Kimberly a bala era letal demais atingiu a veia que...

— NÃO, NÃO!  MIGUEL, MIGUEL! ABRA OS OLHOS. MIGUELITO ACORDE! Acorde, você não pode morrer, eu estou proibindo você, está me ouvindo?! — Esbravejei, gritei e me esperneei o sacudindo.— Te proibo de morrer!

 (Des) sintonizados.Where stories live. Discover now