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Kimberly Cast
Nova York
À

s 17:57.

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HOJE É VINTE E QUATRO DE DEZEMBRO, é véspera de Natal. Enquanto decoro os biscoitinhos que fazemos todos os anos nessa data Agnes pendura algumas bolinhas de decoração no ponto mais baixo da árvore, ela sorri para seu reflexo em uma delas e se vira para mim.

— Mamãe a árvore está ficando linda, mas estou com fome quando os biscoitos ficam plontos? — Seus grandes olhos verdes brilharam quando ergui a assadeira.

— Oque achou? — Ela franziu a testa tombando a cabeça para o lado.

— Isso é um ousso?

Pisquei confusa olhando para assadeira.

— Isso é um carro. — Eu ri baixinho. — E se fala osso, Ag.

Ela riu se aproximando, seu vestido vermelho combinando com uma fina tiara em seu cabelo.

— Não parece um carro, parece um osso esmagado por um grande dinossauro! — Ela segurou um dos biscoitinhos na mão.— E aquele parece a letra L.

Um riso escapou dos meus lábios, enquanto tirava o avental.

— É uma meia Ag, a mamãe já entendeu que não é boa em dar forma a biscoitinhos. — Ela sorriu se jogando em meus braços. — Mas são gostosos não são?

— Bem, sim. São meus favoritos. — Recebi um beijo acompanhado de açúcar colorido.

Abracei seu corpinho e a girei pela cozinha, ouvi seu riso e meu coração aqueceu. Eu a amava tanto, mesmo quando ela era apenas do tamanho de um grão eu já amava. Ouvi o som da chaleira fervendo e a deixei no chão, desliguei o fogo e respirei fundo. A cozinha estava bem aquecida, o cheiro de chocolate e açúcar por toda parte. Meias decoraram a parede, Ag diz que o Papai Noel vem nos visitar esse ano também. Ela fez questão de deixar alguns biscoitos da antiga fornalha ali, como agradecimento pela sua vinda.

— Ag filha, hora dos seus remédios! — A chamei caminhando para seu quarto, ouvi seus passos vindo logo atrás e sorri.

Fui até a gaveta especialmente para remédios, ela ficou parada na porta me encarando enquanto eu me sentava em sua cama com um sorriso suave para tranquilizá-la.

— Mamãe ... Não posso tomar amanhã?— Encarei a caixa do remédio para que ela não visse a dor em meus olhos.— Não gosto deles, me deixa sononolenta e quero ficar acordada até o tio Miguel chegar.

Engoli em seco e a chamei para sentar em meu colo, alisei seus cabelos segurando seu rosto entre as mãos delicadamente.

— Você Precisa deles...

— Eu sei, peciso dos Betabloqueadores para controlar meu coraçãozinho. — Assenti pra ela, já tivemos essa conversa antes milhares de vezes. — Mas veja mamãe

Ela levou minha mão ao seu peito, onde seu coração batia normalmente. Eu quis gritar e chorar, mas apenas sorri pra ela e seus olhos esperançosos, seu coração batendo contra a palma da minha mão, um coração que eu já havia ouvido parar antes.

 (Des) sintonizados.Where stories live. Discover now