MOANA: ENTRE O AMOR E A ILUSÃO

037

Piranha

Horas depois...

Três horas da manhã era o horário em que estávamos chegando no Muquiço, a ordem era que nós entraríamos por baixo e os amigos da tropa do Cinquenta entraria pela parte alta.

Papo retão, gosto muito de trocar tiro mais se tem um bagulho que me deixa neurótico é invadir favela que não conheço principalmente porque se der alguma merda não sei nem por onde sobressair.

Más, é àquilo né ? Ordem de cima só desacata quem não tem juízo e como tenho total consciência de que esse bagulho vai contar pra caralho na questão de adquirir mais consideração, não posso desacatar.

Falei com os amigos, repassando tudo o que já tinha dito e depois começamos a avançar tanto de carro quanto andando.

Optei por ir andando na frente, puxando o bonde enquanto que os crias vieram atrás seguindo o mesmo trajeto, uns três minutos depois que avançamos pela entrada principal os fogos anunciaram a nossa presença.

Aplicaram de cima pra baixo e nós de baixo pra cima enquanto avançava na direção deles, nossa intenção era encurralar os caras tá ligado ? Eles recuando pra mata, Cinquenta estava lá com a tropa esperando.

Piranha: Bota a cara porra, tropa do Piranha tá na pista pronto pra matar tcputa — gritei enquanto que aplicava de rajada.

— Hoje é dia de churrasco de alemão, bala nos cú vermelho porra — escutei um doidão gritando.

2L: Ele tá atrás da pilastre — avisa o amigo.

Piranha: Ele vai ter que colocar a cara — dou o primeiro tiro, o segundo e paro — Palmeia 2L, Palmeia — aplico mais dois e paro.

2L: Aplica, aplica — ele diz e eu jogo de rajada — Caiu chefe, caiu.

Avançamos mais um pouco e batemos de frente com uma tropa descendo.

— Caralho mané, os alemão porra.

Jogamos pra cima deles de rajada, dedo da tropa estava nervoso, era muito bala em cima deles e eles como não esperavam estava claro o despreparo.

[...]

O dia clareou com nós trocando firme com eles e sem ter pra aonde fugir conseguimos tomar a favela antes do meio-dia.

Tirei uma foto e publiquei no twitter avisando que o Muquiço estava vermelho de ponta a ponta.

Assim que o bagulho ficou mais suave, liguei pra doida de chamada de vídeo e depois de trocar um papo rápido com ela fomos baquear a favela.

Tinha várias paradas pra fazer ainda sendo duas delas ritmar o bagulho da nossa maneira e encontrar os setores.

Acabou que só finalizamos essa questão quando o sol caiu, amanhã é dia de resolver as pendências com os levantadores de bandeira da facção.

Vamos colocar geral pra ralar porque não queremos criar cobra pra nos picar e isso inclui as viúvas alegres.

Já deixei os amigos avisados que o restante da família não tem nada haver então é pra expulsar só os que tem ligação direta ou indireta com os tcputa pra não correr o risco deles passar alguma parada daqui pra eles.

Acendi um baseado enquanto observava a vista do alto, favela estava em clima de guerra ainda mais até o momento não tinha chegado nada pra nós sobre eles querer retomar.

Cinquenta apareceu do nado ao meu lado depois de ter deixado uma tropa pela mata, batemos um papo sagaz e deixei claro que depois de amanhã estaria retornando pra minha favela com a minha tropa.

Amigo mandou deixar uns crias lá pra ajudar se algo acontecesse e eu confirmei já pensando em quem ficaria pra fortalecer.

Amanheceu com nós pernoitado diretão, brabão de dormir em solo inimigo antes de finalizar o que faltava, ao amanhecer começamos a agir.

Conforme o X tinha passado pra nós, fomos de casa em casa expulsar os que estavam contra nós e a favor deles.

Piranha: Ô de casa — bati na porta e uma senhora apareceu.

— Oi meu filho, aconteceu alguma coisa?

Piranha: Estamos procurando a Juliana, ela está?

— O que vocês querem com a minha filha?

Piranha: Ela está ou não está?

— Não, ela está viajando mais o que houve?

Piranha: Fala pra ela que é pra ela ficar aonde está porque se ela brotar por aqui e nós souber vamos deixar careca, sem muito papo ou desenrolo — a senhora assentiu e nós seguimos pra próxima casa.