13 • Curva em S

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"Nosso melhor diálogo sempre foi o do olhar."

Mario Benedetti

Não prestei atenção em mais nada

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Não prestei atenção em mais nada. Ela falava, falava, mas meu olhar se mantinha fixo na fenda do blazer à minha frente.

Amanda fora da água ao vinho. Da mulher de roupas com o triplo do seu tamanho para uma carrasca que me torturava com um decote em V ao nível dos meus olhos — que revelara o quanto ela tinha escondido. Por trás das blusas folgadas e golas altas, havia um belo e avantajado par de peitos.

Maldade. Não existia palavra mais adequada para representar o ato vil de guardar a fartura pra si e não compartilhar com os desafortunados. É de bom tom fazer caridade, sabia, dona Encrenca?

E eu, naquele momento, me considerava o menos favorecido de todos os homens por não poder pôr as mãos nela (não sem enfrentar um processo por assédio sexual e terminar banido da família Asimov por me envolver em outro escândalo).

Então passei vontade. Muita vontade.

Salivei tal qual um predador esfomeado cercando a presa. Para agravar a situação, a fome se intensificava em face do proibido.

Amanda estava 100% fora do meu alcance. Implicante, estressada demais, criminosa — segundo os parâmetros do meu Esquadrão da Moda —, problematizadora, cheia de manias e rituais: a mulher era uma bomba-relógio prestes a explodir. Um quadro pintado com os traços de personalidade mais detestáveis possíveis de uma pessoa.

Em tempo algum, em sã consciência, eu me envolveria com alguém assim. Pelo contrário, passaria longe só de ouvir uma descrição dessas ou encontrá-la naqueles dias (nos quais qualquer alegria fugia de seu corpo e ela se tornava um poço de reclamações que vestia roupas de segunda mão compradas no brechó da Billie Eilish).

— Não irei repetir — decretou Amanda ao bater a pasta na mesa para chamar minha atenção. Decerto percebera minha indiferença não-tão-indiferente. — Caso sinta necessidade, tire as dúvidas com seu assistente. Ele tava presente de corpo e alma nessa reunião, prestou atenção e anotou tudo.

Anuí sem sequer escutá-la de verdade. Alheio, ainda falhava na tarefa de prestar atenção noutra coisa que não fosse seu decote.

— Agora, se me dá licença — disse, como se ela necessitasse da minha educação ou compreensão —, irei me ausentar. Tenho compromisso — ao ouvir essa informação, despertei do meu transe e prestei atenção —, não posso me atrasar.

Imagino. Àquela altura, eu fazia ideia do tipo de compromisso capaz de botá-la para correr de uma reunião do trabalho. Especialmente num dia no qual ela apostou em um estilo mais ousado.

Com certeza se aventurou nos aplicativos da vida e tem um cara esperando a gatinha no Chez Toi. Diverti-me com a especulação. Espero que ele tenha saco o suficiente pra aguentar as prosas dela senão vai rodar. Precisa ser um super-homem pra dar conta de tantos vilões, antagonistas das conversas de qualidade.

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