➵ 6. Echoes of the Mask

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— Porra... — Gemi no segundo que senti sua língua tocar por cima da minha calcinha. Seus lábios chupavam como se estivesse tocando minha pele. — Continua... Isso...

Bugsy. Não... Não é ele que deveria estar na minha mente.

Abri meus olhos sentindo meu sangue esquentar e circular por todo o meu corpo. E lá estava a imensidão da escuridão me encarando através da máscara. Os detalhes dourados que pareciam borrados, talvez pela minha memória estar sumindo aos poucos da minha mente. Por mais que a maldita máscara esteja enfiada dentro de uma caixa no fundo do meu guarda-roupa, eu nem sequer me atrevi a olhar para ela uma única vez sequer em seis anos.

Curvei as costas descolando do colchão quando dois dedos foram introduzidos em mim. Mordi meus lábios contendo o gemido alto que estava quase sendo solto dos meus lábios. Agarrei com força com lençol sentindo minhas pernas tremerem e o anseio surgir no meu interior. Eu queria mais... Eu precisava de mais... Abaixei minhas mãos tocando o cabelo dele fazendo seu rosto ficar ainda mais colado em mim, como um aviso para ele não parar.

O olhar através da máscara mesmo que tivesse uma tela escura me impedindo de enxergar sua íris, eu sentia-o — como na primeira — ele me encarando. A forma como minha pele esquentava ou como minha vontade era avassaladora para retirar sua máscara. Por que eu ainda o anseio tanto? Depois dele ter fodido com tudo?

— Por favor... — Senti meu peito se preencher com um sentimento que não era desconhecido, mas que com certeza eu aprendi a odiar amargamente. — Não para... Ah... Bugsy...

Senti uma pontada no meu cérebro no segundo em que pronunciei seu nome. E em um piscar de olhos a máscara desapareceu de seu rosto me dando visão aos olhos castanhos de Eros me observando confuso. Suas mãos que agarravam meu quadril fortemente foram se aliviando.

— Quem? — Ele perguntou confuso e eu joguei a cabeça para trás batendo contra o colchão. Droga...

Pensei em diversas desculpas para lhe dizer, mas fui impedida pelo susto quando o alarme de incêndio começou a disparar ecoando em um barulho estrondoso pelo meu apartamento. Eros se levantou olhando ao redor e eu me sentei na cama estendendo os pulsos para que ele retirasse a fita.

— Será que é um teste de evacuação? — Balancei a cabeça negando no mesmo instante.

— Não temos esses testes. O que significa que algo realmente está pegando fogo. — Me levantei o empurrando para o lado enquanto buscava pela minha calça e um moletom no guarda-roupa.

Me vesti rapidamente e quando o olhei, Eros também já estava vestido. Corri até a sala pegando a chave de casa no balcão e abri a porta vendo as outras pessoas descendo as escadas de emergência.

— O que está acontecendo, Augustus? — Perguntei ao meu vizinho da porta da frente que saia correndo carregando seu poodle nos braços.

— Ninguém sabe, Calina. Se apresse! — Ele bateu a porta do seu apartamento e começou a descer as escadas também.

Esperei Eros passar e também bati a porta indo rapidamente em direção às escadas. Mas senti um vazio e quando olhei ao redor percebi que Eros estava parado em frente ao elevador. Não pude conter uma expressão completamente confusa e o pensando sobre o quanto esse cara deve ser um grande idiota.

— O que está fazendo? — Perguntei e ele virou a cabeça rapidamente na minha direção.

— É mais rápido pegando o elevador. — Revirei meus olhos começando a descer as escadas.

— É um incêndio, Eros! Pegar o elevador é proibido. — Escutei ele dizer alguma coisa, mas não consegui distinguir porque eu já havia descido um lance de escadas.

Me apoiei no corrimão olhando para cima esperando que ele estivesse descendo, mas apenas os barulhos das portas dos andares de baixo batendo atraíam a minha atenção. Balancei os ombros pensando em ignorar e deixar ele fazer o que ele achava que era certo. Então apenas continuei descendo mais um lance de escadas, mas parei abruptamente quando todas as luzes se apagaram fazendo os gritos de algumas pessoas que deviam estar nos últimos andares ecoarem até mim.

Passei a mão pelo corrimão tateando até chegar à parede. Não conseguia enxergar absolutamente nada mesmo que forçasse minha visão, apenas o breu infinito. Passei meus pés pelo chão tentando achar onde estava o próximo lance de escadas, mas de repente o medo tomou meu corpo.

O escuro já não me assusta há bastante tempo, eu realmente comecei a me sentir confortável em ficar em um lugar completamente apagado. Mas uma sensação ruim tomou conta dos meus instintos. De repente o ar parecia ter ficado gelado, a escuridão tomou formas bizarras e a minha pulsação disparou.

— Quem está aí? — Pergunta idiota e que é sempre alguém prestes a morrer que diz. — Eros? É você?

Arregalei ainda mais os olhos como se aquilo fosse me ajudar a enxergar de repente. Apoiei minhas duas mãos na parede fria querendo quase atravessá-la. Meu corpo pulou no momento em que duas mãos agarraram minha cintura me prendendo contra a parede em um agarre forte. Puxei o ar com tudo sentindo a fragrância que começou a se espalhar pelo ar. Uma mistura de tabaco, com bebidas e um fundo cítrico...

— Eros, isso não tem graça. — Sussurrei sentindo o rosto se aproximar. Eu sabia que definitivamente não era o Eros, mas ainda sim quis enganar a minha mente para que o medo não se alastrasse.

Fechei meus olhos no segundo em que ouvi seu suspiro pesado. Seus dedos roçavam em minha cintura de uma forma que me trazia tremores. Uma de suas mãos veio até o meu pescoço agarrando um punhado de cabelo e entortando minha cabeça para o lado. Seu rosto se aproximou e ele se inspirou profundamente, logo após soltando uma risada bufada.

— Você ainda tem o mesmo cheiro... — Sua voz rouca pronunciou próximo ao meu ouvido. — Não mudou absolutamente nada.

— Quem é você? — Senti meu coração disparar e a sensação do ar faltando preencher meus pulmões. Seus dedos se aproximam tocando minha bochecha em uma carícia leve.

— Você realmente não mudou nada... — Calafrios se estenderam por todo o meu corpo me fazendo quase perder as forças, mas seu agarre forte ao meu corpo ainda me manteria em pé.

— Realmente ela continua gostosa pra caralho. — Arrastei meu olhar para o outro lugar de onde uma voz ecoou. — Eu diria que até mais.

— Isso vai ser divertido. — Outra voz. Arrastei meu olhar mais uma vez desejando enxergar. — Até que enfim vamos poder começar, porra! — A voz aumentou o tom e as risadas em sincronia fizeram meu peito se apertar.

Combinando com o cenário de horror que formava em minha cabeça, de repente as luzes verdes de emergência do prédio foram ligadas. Meus olhos que estavam fixados na parede se arrastaram até o homem que estava sentado em um degrau da escada. Seu cabelo coberto por um moletom preto, a máscara preta com arranhões vermelhos de uma garra e a garrafa de Aberfeldy entre os seus dedos. Mais à frente mas ainda próximo o outro estava parado escorado na parede, também com um moletom preto mas com uma calça de alfaiataria, sua máscara cheia de marcas de costuras, descendo do alto da testa, passando pelas bochechas e cruzando onde deveria ser os lábios.

Mas lentamente minha visão foi arrastada para o outro que estava me segurando. E então eu percebi que a fragrância de tabaco e bebida vinha diretamente dele. Me trazendo a sensação de conhecer seu cheiro. Seu pescoço tombou para o lado e seus ombros se balançavam, como se estivesse dando uma risada silenciosa. Seu aperto foi cessando aos poucos enquanto ele se afastava. A calça jeans um pouco larga, o moletom preto e a máscara preta com sombras negras saindo da direção dos olhos e boca. Exatamente como naqueles filmes de terror sobre possessões demoníacas.

— Não esperou por nós... — Meu estômago embrulhou enquanto meu peito subia e descia desreguladamente procurando pelo o ar. — Estou realmente decepcionado, Bunny.

TOQUE-ME SE FOR CAPAZWhere stories live. Discover now